As importações brasileiras de trigo avançam neste ano, enquanto a colheita da safra local caminha para seu encerramento. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita já foi finalizada na maioria dos estados produtores, restando apenas 4% no Rio Grande do Sul e 14% em Santa Catarina.
Como a oferta e a qualidade do cereal produzido no Brasil estão menores na atual temporada, a necessidade de trigo importado para produção de farinhas deve crescer, segundo relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
Em termos de volume, segundo dados da Logcomex, a importação de trigo pelo Brasil cresceu 61,1% nos 11 primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023, chegando a 6,1 milhões de toneladas líquidas.
Em valor (FOB), no entanto, o aumento nos custos foi de 26,7%, alcançando US$ 1,5 bilhão, resultado de uma queda na cotação do produto.
Embora as tensões na região do Mar Negro ajudem a sustentar os preços do trigo no mercado internacional, o aumento do dólar frente a uma cesta de moedas, incluindo o real, exerce pressão, explicam os pesquisadores do Cepea.
No balanço, as cotações internacionais caíram, pressionadas também pelo bom desenvolvimento da safra nos Estados Unidos, diante de chuvas em boa parte das regiões produtoras do país.
De todo o trigo importado pelo Brasil entre janeiro e novembro de 2024, cerca de 63% tiveram como origem a Argentina. Desde o dia 1º de dezembro, a importação do cereal do país vizinho foi simplificada, o que tornou mais ágil o processo.
Atendendo a uma demanda do setor moageiro, o gerenciamento de risco para o cereal argentino agora é feito nos portos, sem a necessidade de armazenamento prévio em silos alfandegados, como ocorria antes. A medida reduz custos para as indústrias que fazem a importação do insumo para fabricação de produtos alimentícios.