Em um ano marcado por quebras de safra e oscilações de preços, especialmente após as enchentes de abril e maio no Rio Grande do Sul, as importações de arroz bateram recorde e superaram as exportações pela primeira vez após seis anos.
Segundo boletim de análise conjuntural do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), foram importados 1,49 milhão de toneladas de arroz em casca, 5,6% a mais do que o volume de 1,41 milhão de toneladas compradas do cereal no ano anterior.
As exportações somaram 1,42 milhão de toneladas no balanço de 2024, contra 1,75 milhão em 2023, ainda segundo o Cepea. Com esse resultado, as importações superaram as exportações em cerca de 74 mil toneladas no ano.
Em termos de valor (FOB), de acordo com dados consolidados pela Logcomex, as importações de arroz (SH4 1006) em 2024 somaram US$ 679,8 milhões, um avanço de 28,4% em relação ao ano anterior.
Já as exportações recuaram 9,2%, totalizando US$ 564,4 milhões. Com isso, o resultado da balança comercial do cereal fechou o ano em déficit de US$ 115,4 milhões. Em 2023, o saldo havia sido positivo para o Brasil em US$ 92,1 milhões.
Segundo monitoramento do Cepea, os preços do arroz caíram fortemente no primeiro trimestre de 2024, refletindo uma expectativa de crescimento da oferta.
A catástrofe climática no Rio Grande do Sul, no final de abril, porém, trouxe incertezas quanto ao impacto sobre as áreas que ainda precisavam ser colhidas, assim como sobre perdas de produto estocado, impulsionando as cotações rapidamente.
Os valores seguiram firmes até meados de novembro, voltando a se enfraquecer no encerramento do ano.
Na safra 2023/24, ainda de acordo com o Cepea, o Brasil cultivou 1,61 milhão de hectares com arroz, 8,6% a mais que na temporada anterior. A produtividade, no entanto, foi calculada em 6,59 T/ha, 2,8% menor que a de 2023.