Autoridades do Peru e da China inauguram nesta quinta-feira (14), no país sul-americano, o megaporto de Chancay, a 80 quilômetros ao norte de Lima, com o potencial de promover ganhos significativos para o comércio exterior brasileiro.
A estrutura, resultado de investimentos de US$ 1,3 bilhão do governo chinês, entrará em operação inicialmente com quatro atracadouros, mas o projeto final prevê um total de 15 cais e um aporte total de US$ 3,5 bilhões.
Com uma área de 141 hectares, o porto receberá navios de até 24 mil TEUs, totalizando o desembarque de 1 milhão de contêineres no primeiro ano, segundo estimativa da Cosco Shipping Ports Peru, subsidiária da estatal chinesa China Ocean Shipping Company (Cosco), que está por trás do projeto.
Em localização estratégica, o Porto de Chancay deve permitir ao Brasil escoar rumo à Ásia desde alimentos até minerais para transição energética, como o lítio. A obra também é vista como um potencial canal para produtos fabricados na Zona Franca de Manaus.
Ao mesmo tempo em que a China é a maior fornecedora de insumos para o polo industrial, o terminal pode ser usado para escoar produtos brasileiros industrializados.
O porto faz parte de um ambicioso plano de investimentos de Pequim conhecido como One Belt, One Road (“Um Cinturão, uma Rota”), uma espécie de nova rota da seda lançada em 2013 com o objetivo de otimizar rotas de comércio global.
Em 2019, o governo chinês, por meio da Cosco, adquiriu 60% da empresa peruana responsável pelo porto. Ambos os países têm um acordo de livre comércio desde 2010.
Hoje o Brasil tem um grande volume de exportação para a Ásia feita pelo Atlântico ou por meio de escalas em portos do México e dos Estados Unidos.
Com o redirecionamento das embarcações pelo Porto de Chancay, o país ganharia em agilidade e menores custos para as remessas de produtos para a China, tanto em exportações quanto em importações.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Nos dez primeiros meses de 2024, o país asiático foi destino de 39% de todas as exportações brasileiras e fornecedor de 30% das importações, segundo dados da Logcomex.
Os principais produtos exportados pelo Brasil para a China nos dez primeiros meses de 2024 foram:
- Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura (NCM 1201.90.00) - US$ 30,0 bi (FOB);
- Óleos brutos de petróleo (NCM 2709.00.10) - US$ 17,5 bi (FOB);
- Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados (NCM 2601.11.00) - US$ 16,8 bi (FOB);
- Carnes desossadas de bovino, congeladas (NCM 0202.30.00) - US$ 4,8 bi (FOB);
- Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas (NCM 4703.29.00) - US$ 3,3 bi (FOB).
Já os principais produtos importados da China pelo Brasil entre janeiro e outubro foram:
- Células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis (NCM 8541.43.00) - US$ 2,2 bi (FOB);
- Outros veículos, equipados para propulsão, simultaneamente, com um motor de pistão alternativo de ignição por centelha (faísca) e um motor elétrico, suscetíveis de serem carregados por conexão a uma fonte externa de energia elétrica (NCM 8703.60.00) - US$ 1,4 bi (FOB);
- Outros veículos, equipados unicamente com motor elétrico para propulsão (NCM 8703.80.00) - US$ 1,3 bi (FOB);
- Outros suportes gravados, para reprodução de fenômeno diferente de som ou imagem (NCM 8524.91.00) - US$ 1,1 bi (FOB);
- Outras partes de aparelhos telefônicos, incluindo smartphones e aparelhos para redes celulares ou redes sem fio (NCM 8517.79.00) - US$ 1,1 bi (FOB).
Chancay faz parte do chamado Quadrante Rondon, uma das rotas do projeto brasileiro de integração sul-americana que envolve diretamente os estados do Acre e Rondônia e o norte do Mato Grosso do Sul, além de Bolívia e Peru.
Há uma expectativa de que o tempo médio de remessa de produtos brasileiros para mercados asiáticos seja reduzido pelo menos em um terço, de 45 para 30 dias.