Mercado de vinhos brasileiro vê crescer consumo de rótulos mais caros

Estudo recente da Logcomex a partir de dados do mercado de vinhos brasileiro aponta para um crescimento nas vendas da bebida nos próximos anos, em particular de rótulos mais caros. A tendência tem feito produtores estrangeiros ampliarem sua atuação no mercado nacional.

A vinícola argentina de luxo Luigi Bosca anunciou que pretende aumentar sua presença no país, atualmente responsável pela importação de 70 mil caixas (com 12 garrafas) por ano e onde há cerca de 45 milhões de consumidores regulares da bebida.

Entre os fatores que ajudam a explicar as expectativas positivas da empresa estão a proximidade geográfica, a afinidade cultural, os laços sociais e comerciais, além do turismo, uma vez que o brasileiro é o público que mais visita a vinícola, localizada em Mendoza.

Depois da cerveja, o vinho é a principal bebida alcoólica vendida no Brasil, mas o consumo do produto ainda é significativamente baixo no país na comparação com a média mundial, oferecendo uma oportunidade para players do setor.

Segundo a International Organisation of Vine and Wine (OIV), em 2023 estima-se que o Brasil respondeu por 1,8% do consumo mundial de vinho, com 4 milhões de hectolitros.

Apesar de o volume representar alta de 11,6% em relação a 2022, o país ainda figura abaixo da Argentina, cuja população é cerca de um quinto da brasileira e que consumiu cerca de 7,8 milhões de hectolitros no ano passado – 3,5% do consumo mundial.

Apesar disso, conforme dados da Logcomex, nos nove primeiros meses de 2024, a quantidade de vinho importada pelo Brasil teve alta de 12,7% na comparação com o mesmo período de 2023 (118 mil toneladas líquidas, ante 104,7 mil toneladas).

Com um aumento de 0,6% no preço médio do quilograma do produto, o valor total importado (FOB) subiu de US$ 336 milhões para US$ 384,1 milhões (14,3%) de um ano para o outro. Uma das explicações é o aumento no consumo de rótulos com maior valor agregado, segundo análise da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS).

O amadurecimento do mercado consumidor de vinho no Brasil pode explicar ainda o aumento no faturamento do setor, apesar da redução no volume consumido da bebida. Até 2029, projeta-se um total de US$ 3,8 bilhões em vendas, contra U$ 3,6 bilhões em 2024.

O principal exportador de vinho para o Brasil é o Chile (39%), seguido da Argentina (19%), Portugal (16%), França (11%), Itália (8%), Espanha (5%) e Uruguai (2%), de acordo com dados acumulados de janeiro a setembro deste ano.

Nesse setor, os principais estados de entrada dos produtos são Santa Catarina (34%), São Paulo (19%) e Espírito Santo (18%).