Novas regras para transporte marítimo na Europa podem encarecer frete

Com a virada do ano, entraram em vigor novas regras na União Europeia para a descarbonização do transporte marítimo. A necessidade de adequação dos armadores pode elevar os custos do frete.

A partir deste ano, a emissão de carbono por uso de combustível fóssil dos navios comerciais com arqueação bruta acima de 5 mil toneladas deverá ser reduzida em 2%.

A meta é chegar a 2050 com 80% menos emissões, por meio da migração para alternativas como biocombustíveis, GNL, amônia e metanol verdes, entre outras.

A oferta de biocombustíveis, no entanto, é mais limitada do que a de combustíveis fósseis, o que torna os produtos mais caros. Em caso de descumprimento das exigências, as empresas terão de pagar multas.

As penalidades podem equivaler a 3% do custo total do frete de um navio-tanque transportando cerca de 70 mil toneladas de petróleo bruto entre os Estados Unidos e a Holanda, segundo cálculos da corretora de navios portuguesa BRS.

A mudança pode impactar diretamente as operações brasileiras. Em 2024, segundo dados da Logcomex, o Brasil exportou um total de US$ 48,2 bilhões (FOB) em mercadorias para a União Europeia, o que representa 14% de todas as vendas ao exterior do país (US$ 337 bilhões).

No sentido inverso, o mercado brasileiro recebeu produtos do bloco econômico que somaram US$ 47,1 bilhões, 17,9% de todas as importações brasileiras no ano (US$ 262,5 bilhões).

Os preços do frete marítimo já vêm em alta desde o fim de 2023 em razão de uma série de fatores climáticos e geopolíticos, entre outros. Enquanto o envio de um contêiner de 20 pés do Brasil para a Alemanha custava em média US$ 1.168 em janeiro de 2024, o valor chega a R$ 2.360 um ano depois, uma alta de 102%.

Aprovada em março de 2023, a nova regulação visa contribuir com a meta de neutralidade climática da União Europeia. Hoje, a queima de combustíveis fósseis pelo transporte marítimo responde por 4% das emissões totais do bloco econômico.