Estudo da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulgado mostra que os portos brasileiros ainda têm pouca preparação para receber embarcações mais sustentáveis, de baixa emissão de carbono.
Segundo o documento, combustíveis com baixo teor de carbono, como biodiesel, Gás Natural Liquefeito (GNL) e metanol ainda são pouco comuns nas instalações portuárias brasileiras públicas e privadas, onde há predominância de uso de combustíveis fósseis, como diesel marítimo (MGO), bunker convencional ou bunker com baixo teor de enxofre (VLSFO).
O levantamento foi elaborado em parceria da Antaq com o Ministério de Portos e Aeroportos e a GIZ, agência de fomento do governo alemão, e mostrou ainda que apenas 26% dos terminais privados têm meta de redução de emissões de gases do efeito estufa. Entre os portos públicos, o percentual cai para 7%.
O transporte marítimo é a principal via utilizada pelo comércio exterior brasileiro. Segundo dados da Logcomex, nos nove primeiros meses de 2024, 89,4 % do valor total (FOB) de mercadorias enviadas ao exterior partiram do Brasil em navios. Isso equivale a US$ 228 bilhões em cargas exportadas pelos mares.
Já entre as remessas estrangeiras compradas pelo Brasil entre janeiro e setembro, US$ 145,9 bilhões (FOB) foram importados por via marítima, o que corresponde a 74,5% de todas as importações brasileiras no período.
Em nível global, segundo o documento, 21% das embarcações em produção são projetadas para utilizar fontes alternativas de propulsão, como GNL, metanol e tecnologias híbridas, o que torna mais urgente a necessidade de adaptação dos portos brasileiros.
Os três navios cargueiros ro-ro da frota da montadora chinesa BYD, por exemplo, são movidos a gás natural.
Nos Estados Unidos, parte dos US$3 bilhões anunciados recentemente pelo governo para investimento em portos será voltada à atualização das operações e da infraestrutura portuária para equipamentos menos poluentes, por meio de um programa chamado Clean Ports.
A Organização Marítima Internacional (IMO) vem adotando medidas que visam reduzir as emissões do transporte marítimo internacional. Em 2018, a entidade estipulou metas objetivas de descarbonização do transporte marítimo mundial.
Conforme resolução do órgão, atualizada em 2023, as emissões líquidas de carbono devem estar próximas do zero em 2050. Para isso, estão previstas etapas de redução, em comparação com os níveis de 2008, de pelo menos 20% até 2030 e 70% até 2040.
Estudo recente da DNV, empresa de gerenciamento de risco, apontou que o processo de redução das emissões de carbono no transporte marítimo pode aumentar significativamente os custos logísticos, chegando a dobrar o valor para certos tipos de navios, como os porta contêineres.