Processo de importação de trigo argentino será simplificado

A partir do dia 1º de dezembro, o processo de importação de trigo argentino será simplificado no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o gerenciamento de risco para o cereal vindo do país vizinho passará a ser feito nos portos, sem a necessidade de armazenamento prévio em silos alfandegados, como ocorre hoje.

A mudança atende a uma demanda do setor moageiro e deve agilizar a entrada do trigo da Argentina, principal fornecedor da commodity ao Brasil, sem deixar de lado a segurança do alimento. Além disso, deve reduzir custos para as indústrias que fazem a importação do insumo para fabricação de produtos alimentícios.

Pelo protocolo atual, o trigo que desembarca nos portos precisa ser armazenado em silos alfandegados para inspeção e análise de pragas. Somente depois dessa verificação a Receita Federal cobra os valores da carga, o que leva em média até 48 horas úteis. Com a nova medida, esse intervalo deve ser reduzido para seis horas.

Apenas uma amostra de 10% da carga será retida para realização da análise de pragas, o que agilizará o processo de importação, facilitando a chegada do trigo ao mercado brasileiro e acelerando o abastecimento das indústrias moageiras.

A iniciativa era uma solicitação antiga de entidades como a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo). O Mapa avalia a possibilidade de expandir a medida para importações de países do Mercosul, como Uruguai e Paraguai.

Em setembro do ano passado, um projeto-piloto foi realizado no Porto de Santos, principal porta de entrada para o trigo argentino. Os resultados, avaliados pelo Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), do Mapa, e pelo Departamento de Sanidade Vegetal (DSV), foram considerados positivos.

Segundo dados da Logcomex, entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil importou da Argentina US$ 818,9 milhões (FOB) em cargas de trigo (NCM 1001.99.00), o equivalente a 64% de todas as importações do cereal no período. Outros importantes fornecedores da commodity foram Uruguai (12%) e Rússia (11%).

Em termos de volume, a importação de trigo pelo Brasil cresceu 61,3% nos nove primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023, chegando a 5,1 milhões de toneladas líquidas. Em valor (FOB), no entanto, o aumento nos custos foi de 24,2%, alcançando US$ 1,3 bilhão, resultado de uma queda na cotação do produto.

De acordo com estimativa da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), a Argentina deve exportar 13,3 milhões de toneladas de trigo na safra 2024/25, o segundo maior volume histórico, atrás apenas dos 15,4 milhões do ciclo 2021/22.

Com isso, há tendência de novas quedas nos preços da commodity, o que deve beneficiar a indústria nacional que depende do insumo argentino.