O preço do cacau disparou 189% no último ano, impactando diretamente o custo da produção de chocolates. Com isso, ovos de Páscoa devem estar pelo menos 12% mais caros, e a produção encolheu: serão 45 milhões de unidades, 22,4% a menos do que em 2024.
Por que o cacau ficou mais caro?
A alta dos preços está diretamente ligada à queda na produção global. Os países da África Ocidental, responsáveis por 70% da produção mundial de cacau, enfrentaram um cenário climático adverso, com chuvas intensas seguidas por secas prolongadas.
Além disso, uma crise sanitária afetou as lavouras: o fungo Vascular Streak Dieback devastou plantações na Costa do Marfim e em Gana, reduzindo drasticamente a oferta do fruto.
Com menos cacau disponível no mercado, a matéria-prima essencial para o chocolate ficou mais cara. Segundo Leandro Rosadas, especialista em gestão de supermercados, essa alta atinge diretamente o preço do chocolate nas prateleiras.
No Brasil, os efeitos já são sentidos pelo consumidor. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço de chocolates em barra e bombons disparou 16,5% nos últimos 12 meses, registrando a maior alta anual desde 2020.
A redução da oferta também impacta a produção de ovos de Páscoa. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a produção caiu de 58 milhões para 45 milhões de unidades em 2025, uma redução de 22,4%.
O que a indústria está fazendo?
Diante desse cenário, a indústria de chocolates precisou se reinventar para tentar minimizar o impacto no consumidor. Algumas das principais estratégias incluem:
- Redução do tamanho dos ovos: a chamada "reduflação" já é realidade. Ovos estão menores, mantendo o preço, mas com menos chocolate.
- Menos cacau na composição: para conter os custos, algumas empresas estão reformulando os produtos, equilibrando a receita com outros ingredientes.
- Diversificação de portfólio: marcas apostam em misturas com biscoitos e recheios variados para oferecer novas opções ao consumidor.
A Páscoa de 2025 será marcada por preços altos, menor oferta e mudanças na composição dos produtos. Ainda assim, a indústria busca equilibrar custos e experiência para manter os chocolates nas celebrações.