Reabertura do canal de Suez: expectativa para 2025 e impactos globais

Uma pesquisa feita pela consultoria Drewry mostrou que a maior parte dos stakeholders do setor de transporte marítimo (54,3%) acredita que o fluxo de navios cargueiros pelo Canal de Suez será retomado ainda este ano.

Desde o fim de 2023, ataques de militantes Houthis do Iêmen a embarcações no Mar Vermelho interromperam a rota, forçando o redirecionamento de remessas pelo Cabo da Boa Esperança, causando congestionamento em portos asiáticos e europeus e elevando as taxas de frete em todo o mundo.

A medida foi tomada pelo grupo como uma demonstração de solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza.

Há algumas semanas, os Houthis anunciaram que restringiriam os ataques apenas a embarcações israelenses, após o anúncio de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Nesta semana, no entanto, um líder do grupo alertou que seus combatentes estão preparados para retomar a ofensiva contra navios que passam pelo Mar Vermelho no caso de o cessar-fogo fracassar.

Empresas como a dinamarquesa Maersk, uma das principais do mundo em transporte marítimo de contêineres, já haviam declarado que ainda não retomaram as rotas de navegação pela região do Canal de Suez, apesar da trégua dos militantes.

Em novembro do ano passado, a empresa já havia afirmado que não esperava retomar a navegação pelo Canal de Suez até “bem depois de 2025”.

Na pesquisa feita pela Drewry, 29,3% dos entrevistados disseram acreditar que o trânsito pelo Canal de Suez será retomado em 2026, enquanto 14,3% projetam o retorno dos cargueiros à região em algum momento entre 2027 e 2029. Outros 2% consideram a volta apenas depois de 2030.

A variável é considerada crucial para se fazer previsões para o mercado de transporte de contêineres, uma vez que a reabertura do Canal de Suez trará uma mudança na dinâmica geral de oferta e demanda do mercado.

A Drewry estima que os desvios do Mar Vermelho reduziram a capacidade efetiva no transporte de contêineres em aproximadamente 9%.

Uma vez que essa capacidade retida esteja de volta ao mercado, haveria uma perspectiva de queda nas taxas de frete, o que beneficia importadores e exportadores, mas alteraria substancialmente o prognóstico financeiro de transportadoras e armadores.

As rotas com origem ou destino no Brasil também foram impactadas pela mudança, que afetou toda a logística mundial, somando-se localmente a outros fatores, como crises climáticas e greves em portos.

Em fevereiro de 2024, o custo médio para importar um contêiner de 20 pés da China para o Brasil era, em média, de US$ 3.235. Já uma operação idêntica em outubro chegou ao valor médio de US$ 10 mil, um aumento de 209%.

O custo médio para uma remessa agendada para março deste ano tem o valor médio de US$ 6.770.