Recuperação do Setor Têxtil Brasileiro em 2025

O setor têxtil brasileiro apresentou desempenho negativo no comércio exterior em 2024, com déficit de US$ 5,7 bilhões. Em relação a 2023, as importações dispararam 20,8%, alcançando US$ 6,6 bilhões (FOB), enquanto as exportações recuaram 3,8%, somando US$ 908 milhões, segundo balanço da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

De acordo com dados da Logcomex, o principal produto exportado em 2024, com exceção de fibra de algodão, foi cabo de filamento artificial, de acetato de celulose (NCM 5502.10.00), que totalizou US$ 40,9 milhões (FOB) em vendas externas, alta de 9,5% em relação a 2023.

Já entre as importações, lideraram o ranking fios texturizados de poliésteres crus (NCM 5402.33.10), que totalizaram US$ 330,7 milhões em compras do exterior, o que representa um aumento de 30,9%.

Entre os fatores que contribuíram para o resultado, segundo a entidade, estão o aumento de custos de produção no Brasil, acordos ainda limitados com outros países, a alta nas taxas de juros e a escalada do dólar frente ao real.

Embora a apreciação do câmbio valorize as vendas externas, por outro lado eleva os custos de insumos importados, como maquinário, algodão e produtos químicos que, por sua vez, impactam nos custos de produção.

A concorrência com países asiáticos, principalmente a China, também agravou o déficit comercial.

Nesse contexto, a alíquota de 20% sobre o valor de compras importadas abaixo de US$ 50 por pessoas físicas, conhecido como “taxa das blusinhas” e que vigora desde agosto, pode ajudar a aliviar o cenário em 2025.

A elevação do ICMS sobre essas operações pelos estados, de 17% para 20% a partir de abril deste ano, também deve contribuir para fortalecer a competitividade da produção nacional.

A Abit aposta ainda nos efeitos do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) para gerar oportunidades de aumento dos investimentos e exportações para o Brasil.

Segundo a entidade, o tratado eliminará tarifas para 97% dos bens manufaturados entre os dois blocos, oferecendo oportunidades de aumento de investimentos, exportações, criação de empregos, fomento da produção e aporte tecnológico.

Algumas iniciativas do setor também buscam fortalecer a competitividade brasileira no mercado internacional. Entre elas está o programa Texbrasil, realizado por meio de parceria entre a Abit e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que apoiou 181 empresas do ramo em 20 feiras e eventos internacionais em 2024.

Segundo a Abit, a iniciativa gerou negócios imediatos de US$ 16 milhões e uma expectativa de mais de US$ 122 milhões em vendas futuras.