As medidas protecionistas adotadas pelo governo dos Estados Unidos, com destaque para a recente aplicação de tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses, acenderam o alerta na indústria siderúrgica brasileira.
Com as restrições ao aço chinês no mercado americano, há o receio no setor de que o excedente da produção asiática seja desviado para outros mercados, incluindo o Brasil.
As exportações crescentes de aço chinês para a América Latina já são vistas como uma ameaça, pois, segundo fabricantes da região, contribuíram para a estagnação da indústria local e aceleraram um processo de desindustrialização.
A expectativa é que o aumento desse fluxo, impulsionado pelas barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos, agrave uma competição desleal, pressione ainda mais os preços e comprometa a viabilidade econômica da indústria siderúrgica nacional.
A China está atenta às mudanças globais em relação às suas exportações e busca alternativas estratégicas para manter sua presença no mercado internacional.
Um exemplo disso são os crescentes investimentos chineses no Vietnã, na Indonésia e em outros países do Sudeste Asiático, muitos deles financiados por capital chinês. Essa estratégia seria uma forma de contornar barreiras comerciais e garantir competitividade global.
O setor siderúrgico brasileiro acusa o governo chinês de “inundar” o país com aço subsidiado e produzido em excesso, prejudicando a concorrência local.
No ano passado, em resposta à ofensiva chinesa ao setor, o governo brasileiro implementou cotas para importação de aço e elevou por um ano o imposto de importação para 25% sobre volumes que ultrapassem essas cotas. A medida visa mitigar a entrada massiva de aço chinês e proteger as empresas nacionais.
No entanto, apesar dessas iniciativas, o setor ainda demonstra preocupação. De acordo com o Instituto Aço Brasil, a expectativa é de que a entrada do aço chinês no mercado nacional continue crescendo em 2025, já que as medidas adotadas até agora não têm surtido o impacto esperado para conter o avanço das importações do país asiático.
De acordo com dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex, em 2024, o volume de importações da cesta dos 11 produtos incluídos no sistema cota-tarifa cresceu 1,7% em relação a 2023.
Cerca de 89% do valor total importado das mercadorias (US$ 1,3 bilhão de US$ 1,5 bilhão) veio da China.
Em dezembro, a entidade defendeu que o sistema de cota-tarifa seja renovado em maio de 2025 com uma revisão dos patamares de alíquotas.