Suspensão do Plano Safra gera instabilidade na produção do agronegócio nacional

O agronegócio desempenha um papel fundamental na economia brasileira, e isso já não é nenhuma novidade. O que tem sido muito debatido recentemente é o seu real impacto na economia. Um estudo recém divulgado pelo Itaú assegura que o agronegócio brasileiro tem representado cerca de 21% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregado aproximadamente 17% da força de trabalho nacional. Em 2024, o setor foi responsável por um crescimento de 3,5% no PIB, embora sinais de desaceleração já fossem perceptíveis.

No entanto, o cenário para 2025 apresenta desafios significativos. O Tesouro Nacional anunciou, em 20 de fevereiro de 2025, a suspensão de novas contratações de financiamentos com subvenção federal nas linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025, medida que entrou em vigor em 21 de fevereiro. Essa decisão foi tomada devido ao aumento da taxa Selic, que elevou os custos para manter os subsídios, e à não aprovação do Orçamento de 2025.

A suspensão das linhas de crédito afeta diretamente os produtores rurais, especialmente os pequenos e médios, que dependem desses financiamentos para custeio e investimento em suas atividades. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestou preocupação, destacando a necessidade de políticas públicas adequadas para restabelecer o crédito rural e garantir a continuidade da produção agrícola. 

Além disso, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) projeta um desempenho mais fraco do PIB em 2025, influenciado pela desaceleração do agronegócio. Fatores como a redução na produção de importantes culturas e a queda nos preços internacionais das commodities agrícolas contribuem para essa perspectiva.

Em contraste, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) destacou que 2024 encerrou com o maior Plano Safra da história, refletindo avanços nas políticas agrícolas e no apoio ao setor agropecuário brasileiro. No entanto, a recente suspensão das novas contratações de crédito coloca em risco a continuidade desse progresso, podendo impactar negativamente a produção agrícola e, consequentemente, a economia nacional.

Dada a rápida repercussão do caso, o governo decidiu, na sexta-feira, dia 22, um dia após o anúncio da suspensão, voltar atrás e anunciar uma Medida Provisória de R$ 4 bilhões em crédito para o Plano Safra deste ano. Isso garantiria mais securidade para os produtores no plantio e colheita dos insumos agrícolas para 2025.

Dados coletados pela Logcomex indicam que a agropecuária brasileira exportou US$ 72,21 bilhões em valor FOB. Um valor que representa uma queda de 11,1% em relação a 2023. Muito desta queda deve-se à baixa nas exportações de dois dos três principais insumos brasileiros: a soja (NCM 1201.90.00), de 19%, com um FOB de US$ 42,94 bilhões, e o milho (NCM 1005.90.10), de 40%, com um FOB de US$ 8,04 bilhões.  Por outro lado, o café (NCM 0901.11.10), com aumento de 55% nas exportações, e o algodão (NCM 5201.00.20), com crescimento de 68%, tiveram destaque positivo em 2024.

Diante desse cenário, é crucial que o governo e as instituições financeiras busquem soluções para retomar o fluxo de crédito ao agronegócio, assegurando o suporte necessário aos produtores e mantendo a estabilidade econômica do país.