Canadá taxa veículos elétricos chineses com imposto de 100%

Nos últimos meses, Canadá e Estados Unidos intensificaram suas políticas comerciais para reduzir a dependência de veículos elétricos chineses, em uma clara tentativa de fortalecer suas indústrias nacionais.

O governo canadense anunciou uma tarifa de 100% sobre a importação de veículos elétricos da China. Essa decisão é parte de um movimento mais amplo que também inclui sobretaxas de 25% sobre aço e alumínio chineses, com o objetivo de alinhar o país às medidas similares adotadas pelos EUA e pela União Europeia.

A justificativa para essa medida reside na necessidade de proteger o mercado local de práticas comerciais consideradas desleais, que incluem subsídios governamentais chineses que permitem preços extremamente competitivos.

Segundo o presidente canadense, essa “vantagem injusta” compromete tanto a competitividade das indústrias locais quanto a segurança econômica dos países ocidentais.

Ao limitar a entrada de veículos elétricos chineses, Canadá e EUA buscam incentivar o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos própria e mais sustentável, ao mesmo tempo em que protegem empregos em setores cruciais como o automotivo e metalúrgico.

Os Estados Unidos seguem uma linha semelhante, com uma proposta robusta de tarifas e incentivos fiscais direcionados a veículos elétricos fabricados nacionalmente.

O país também restringiu o acesso a subsídios federais para carros elétricos produzidos fora de países com acordos de livre comércio com os EUA, o que afeta diretamente os fabricantes chineses.

Essa abordagem visa não só proteger o mercado interno, mas também incentivar investimentos de empresas estrangeiras em fábricas localizadas no território americano.

Enquanto isso, no Brasil, o governo adotou uma postura também voltada à proteção do mercado local. Recentemente, foi implementada uma elevação no imposto de importação de veículos elétricos e híbridos, que passou de 0% para até 35%, dependendo do modelo e da procedência.

Assim como Canadá e EUA, o Brasil busca equilibrar o crescimento da indústria nacional com a abertura ao mercado global, incentivando ao mesmo tempo a fabricação local e a entrada de investimentos estrangeiros no setor.

A partir do dia 1º de Julho de 2024, as importações de veículos elétricos e híbridos no país passaram a ter uma alíquota de 18% e 25%, respectivamente. Este movimento gerou uma anomalia na quantidade de veículos importados nos meses anteriores:

Comparativo de Importações de Veículos Híbridos entre Junho e Julho de 2024:

  • Valor FOB:
    • Junho: US$ 987 milhões 
    • Julho: US$ 86 milhões
  • Volume importado:
    • Junho: 42.293
    • Julho: 3.138

Fonte: Logcomex

Ainda segundo a Logcomex, o acumulado do ano, a importação de veículos híbridos resultou em um valor FOB de US$ 1,61 bilhões, o que representa um aumento de 186% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Essas medidas são vistas como parte de um esforço global para garantir que as economias ocidentais não sejam desestabilizadas por práticas comerciais que favorecem os produtos chineses.

Além disso, refletem uma tendência crescente de protecionismo em setores estratégicos, como o de veículos elétricos, à medida que o mundo avança na transição para tecnologias mais limpas e sustentáveis.

Para o Brasil, que está no início de sua jornada na eletrificação da frota, essas tarifas representam um desafio e uma oportunidade. Por um lado, podem encarecer a oferta de veículos importados de última geração; por outro, estimulam o crescimento da indústria nacional, que ainda precisa de grandes investimentos para se consolidar.

A experiência norte-americana e canadense pode servir de referência para o Brasil equilibrar seu mercado interno e as necessidades de inovação no setor automotivo.