A determinação do presidente americano para que o governo dos Estados Unidos aplique tarifas de reciprocidade sobre produtos importados de outros países deve afetar diretamente as vendas externas de etanol brasileiro.
A iniciativa dos Estados Unidos visa equiparar os impostos aos praticados por outros países e combater barreiras comerciais que dificultam a entrada de produtos americanos no mercado global.
O Brasil impõe um imposto de importação de 18% sobre o etanol americano, enquanto os Estados Unidos permitem a entrada do etanol brasileiro praticamente sem taxas, segundo a Associação Americana de Biocombustíveis.
A balança comercial do etanol é hoje altamente favorável ao Brasil. De acordo com dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex, o Brasil exportou para os Estados Unidos o equivalente a US$ 181,8 milhões (FOB) em etanol (NCMs 2207.10.10 e 2207.10.90) no ano passado.
Em contrapartida, o mercado brasileiro recebeu US$ 50,5 milhões do produto produzido em território americano.
A iniciativa americana pode resultar em um aumento direto de sua tarifa para igualar à do Brasil ou pressionar por uma redução do imposto brasileiro.
A determinação ocorre dias depois de os Estados Unidos anunciarem a elevação para 25% das tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio, medida que também afeta diretamente o Brasil.
Para a indústria siderúrgica brasileira, os Estados Unidos são, de longe, o principal mercado de produtos semi-acabados de aço (SH4 7206 a 7229). Em 2024, as exportações brasileiras para o mercado americano somaram US$ 3,9 bilhões (FOB), segundo dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex. O valor corresponde a 61,8% de todas as vendas brasileiras do setor.
Já entre as exportações brasileiras de alumínio e suas obras (SH2 76) os Estados Unidos foram o segundo principal país comprador no ano passado, com US$ 267,1 milhões em importações, atrás apenas do Japão (US$ 387,4 milhões).
As compras americanas representaram uma fatia de 16,8% do total de vendas brasileiras de alumínio para o exterior (US$ 1,6 bilhão).
O prazo para a implantação das tarifas recíprocas é 1º de abril, quando o Departamento de Comércio, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) e o Departamento do Tesouro entregarão uma série de relatórios sobre a reformulação das políticas comerciais americanas.
Em até 180 dias, o Escritório de Gestão e Orçamento deve apresentar um relatório detalhando todos os impactos fiscais das novas tarifas sobre as finanças do governo americano.
O governo, no entanto, não precisa esperar esse documento para começar a impor as novas taxas. Segundo um representante da Casa Branca, após a avaliação dos impostos de importação caso a caso, por país, a ação deve começar em questão de semanas, aproveitando dados já disponíveis para acelerar o processo.