Tensão no Oriente Médio acende novo alerta para preços de fertilizantes

A alta nos preços de fertilizantes voltou a ser motivo de preocupação para o agronegócio brasileiro mais de dois anos e meio depois do início da guerra na Ucrânia. Agora, por outra razão, também de cunho geopolítico: a escalada na tensão no Oriente Médio envolvendo Irã e Israel.

Embora não haja relato de qualquer interferência dos conflitos na estrutura produtiva de fertilizantes na região, as incertezas na percepção dos investidores já afetam os preços.

Os contratos futuros de ureia do Oriente Médio, que em maio estavam cotados a US$ 275 chegaram a ser negociados por US$ 375 na semana passada.

Países da região, como Omã, Egito, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Jordânia, responderam por 24%, quase um quarto das exportações mundiais de fertilizantes nitrogenados em 2023.

Nesse contexto, qualquer escalada do conflito poderia significar prejuízo à produção ou criar entraves logísticos ao escoamento das cargas, impulsionando as cotações e o frete marítimo em níveis globais.

A dependência do Brasil do mercado externo de fertilizantes nitrogenados coloca o país em alerta, uma vez que grande parte das importações brasileiras vem exatamente do Oriente Médio.

Segundo dados da Logcomex, nos primeiros nove meses de 2024, o Brasil importou US$ 1,7 bilhão (valor FOB) em ureia (NCMs 3102.10.10 e 3102.10.90), dos quais US$ 300 milhões (17,6%) do Catar e outros US$ 290 milhões (17%) de Omã. Outros US$ 159 milhões (9,3%) são de importações da Arábia Saudita, Barein, Egito e Emirados Árabes Unidos.

O principal fornecedor do produto para o Brasil é a Nigéria (US$ 347 milhões).

A preocupação não envolve apenas os fertilizantes nitrogenados. De janeiro a setembro de 2024, cerca de 7% das importações de cloreto de potássio (NCMs 3104.20.10 e 3104.20.90) vieram de Israel, ainda de acordo com dados da Logcomex.

Outros fatores ainda podem influenciar a oferta e consequentemente os preços de fertilizantes no mercado internacional. Recentemente a Índia anunciou uma licitação para compra de fertilizantes, aumentando a demanda pelo insumo.

Já a China, grande exportadora, tende a preservar seu abastecimento e controlar preços diante de qualquer risco de oferta global.