São Paulo: quais as relações entre as queimadas e o agronegócio?

As queimadas no estado de São Paulo, causadas sobretudo por secas severas, têm provocado danos significativos aos habitantes do estado. O estrago é irreparável para inúmeras famílias e, lamentavelmente, destroi sonhos e trabalho de décadas. Ao mesmo tempo, a calamidade impacta também produções agrícolas, além de produtores e empresas, como a Raízen e a São Martinho. 

Estima-se que 1,8 milhão de toneladas de cana foram perdidas nestes dias de queimada no mês de agosto, um impacto que atinge não apenas a produção de açúcar e etanol, mas também o preço desses produtos no mercado global.

Esses incêndios estão afetando diretamente a cadeia produtiva, desde as plantações até a infraestrutura das usinas, gerando uma crise de oferta que eleva os custos para os consumidores e reduz a competitividade do setor.

A Raízen, uma das maiores produtoras do país, reportou dificuldades operacionais com interrupções em sua produção devido aos incêndios. Isso afeta também a economia local, que depende fortemente da exportação de commodities agrícolas.

Em resposta, o governo estadual anunciou uma linha de crédito emergencial de R$ 100 milhões, além de subvenções para seguros rurais, que cobrem até 30% dos prejuízos dos produtores. A medida é vista como crucial para ajudar na recuperação de lavouras e pastagens destruídas. No entanto, o impacto de longo prazo ainda preocupa, especialmente diante da pressão internacional para que o Brasil melhore suas práticas ambientais.

Produção agrícola paulista no primeiro semestre de 2024

  1. Açúcar (NCM 1701.14.00):
  • FOB: US$ 4,19 bilhões (+51%)
  • Peso líquido: 8,48 milhões de toneladas (+43%)
  1. Soja (NCM 1201.90.00):
  • FOB: US$ 1,28 bilhões (-42%)
  • Peso líquido: 2,99 milhões de toneladas (-28%)
  1. Café (NCM 0901.11.10):
  • FOB: US$ 470 milhões (+39%)
  • Peso líquido: 124 mil de toneladas (+40%)

*Fonte: Logcomex

Embora queimadas em lavouras tenham sido uma técnica comum no passado, hoje são vistas como prejudiciais ao ciclo de chuvas, à qualidade do solo e à imagem do Brasil no exterior.

Por isso, empresas e organizações têm buscado alternativas, como a integração lavoura-pecuária-floresta, que dispensa o uso do fogo e preserva os recursos naturais.

Essa crise no agronegócio paulista sublinha a necessidade urgente de práticas mais sustentáveis e maior resiliência frente às mudanças climáticas, que parecem se intensificar a cada ano.

Além de lidar com os prejuízos imediatos, é essencial que o setor adote inovações para evitar que os incêndios continuem sendo um obstáculo recorrente à economia agrícola brasileira.