Brasil se destaca como potência global com alta nos preços do café

A produção de café no Brasil, especialmente da espécie canéfora (conilon e robusta), está em alta, impulsionada pelos preços recordes do grão, mais que dobraram em 2023. Esse movimento é motivado pela menor oferta de importantes exportadores, como Indonésia e Vietnã, o que abriu espaço para o Brasil aumentar suas exportações e aproveitar novos mercados.

No ano de 2024, segundo dados da Logcomex, o Brasil exportou o equivalente a 1,5 milhões de toneladas de café, o que representa um aumento de 53% em relação ao ano anterior.

Em valor FOB, a exportação de café foi responsável por um total de US$ 5,70 bilhões, um crescimento de 51,3%. O ranking de principais destinos para o café brasileiro, em 2024, são: 

  1. Estados Unidos (20%);
  2. Alemanha (17%);
  3. Bélgica (12%);
  4. Itália (10%);
  5. Japão (6%).

A alta nos preços tem incentivado os cafeicultores a expandirem suas plantações e renovarem cafezais antigos, especialmente em estados como Espírito Santo e Rondônia, regiões chave para a produção do conilon.

A demanda por mudas, por exemplo, ultrapassou a oferta, forçando os viveiristas a recusarem novas encomendas. A Embrapa relatou um aumento significativo no pedido de estacas, usadas para criar novas mudas, em estados como Minas Gerais e São Paulo.

Além disso, o conilon tem se tornado cada vez mais competitivo, tanto no mercado doméstico quanto internacional. Antes visto como um grão de menor qualidade, destinado principalmente à produção de café solúvel, ele agora tem sido utilizado em blends de arábica e espressos, devido às melhorias na sua qualidade.

O robusta, em particular, atingiu recentemente a marca histórica de mais de 5 mil dólares por tonelada na bolsa de Londres, superando o arábica, algo raro no setor.

O Espírito Santo, maior produtor de conilon no Brasil, testemunhou uma expansão de 14% na área plantada desde 2018, enquanto as lavouras de arábica recuaram 18%. A substituição de cafezais de arábica por canéfora ocorre nas chamadas áreas limítrofes, em altitudes que variam entre 600 e 700 metros, onde a espécie tem maior produtividade.

De acordo com a Logcomex, o Espírito Santo enviou, em 2024, US$ 160 milhões de café para a Bélgica, principal destino do grão produzido no estado. Itália, com US$ 86 milhões, e Estados Unidos, com US$ 76 milhões, são os outros 2 destinos favoritos. 

Somado todo o café produzido no estado capixaba, o valor FOB neste ano foi de US$ 946 milhões, o que representa um surpreendente salto de 192% em relação a 2023, expondo ainda mais a oportunidade de negócio vindo do Espírito Santo como produtor no Brasil.

Ao mesmo tempo, por mais que seja apenas o 6º maior estado produtor do café, Rondônia tem se despontado como uma grande fonte de oportunidades. O estado cresceu 1.492% em valor FOB de 2023 para 2024, saindo de modestos US$ 2 milhões no ano passado para US$ 42 milhões neste ano. O estado destaca-se, sobretudo, por ter como principal destino o Vietnã, segundo maior produtor de café do planeta. 

Entretanto, o rápido crescimento da produção de canéfora levanta preocupações sobre a gestão dos recursos hídricos. Como grande parte da produção depende de irrigação, os períodos de escassez de água podem afetar as lavouras. Mesmo assim, a tendência é de expansão, com novas áreas em São Paulo mostrando potencial.

De acordo com uma pesquisa da Reuters, os preços do café podem continuar subindo até o fim de 2024, impulsionados pela escassez global e pelo aumento dos custos de produção. Isso reforça ainda mais a importância do Brasil no cenário internacional do café, consolidando o país como o maior produtor e exportador mundial, enquanto se adapta às mudanças no mercado e investe em inovação para garantir competitividade.

Essa escalada de preços também reflete nas prateleiras, com consumidores sentindo o impacto no bolso, mas, ao mesmo tempo, trazendo novas oportunidades para o agronegócio brasileiro, que se fortalece cada vez mais no mercado global.