O crescimento nas vendas de carros elétricos puros acelerou no Brasil em 2024 impulsionado principalmente pela entrada de modelos importados da China. Enquanto a alta no consumo foi de 24,6% nos nove primeiros meses de 2023, em 2024 chegou a 492,8% no mesmo período, segundo relatório da consultoria PwC.
O aumento acelerado nas vendas do segmento coloca o Brasil na contramão de outros mercados, que passam por uma desaceleração nas comercialização de elétricos puros. Na própria China, a alta entre janeiro e setembro de 2024 foi de 14,2%, abaixo do crescimento observado em igual período de 2023 (25,6%).
Nos Estados Unidos, depois de subir 64,1% nos nove primeiros meses de 2023, a alta foi de 17,9% em 2024. A desaceleração ocorre ainda na Índia (126,9% em 2023; 15,6% em 2024), no Reino Unido (35,8%; 13,2%), na França (45,2%; 6%) e na Itália (27,6%; 5,4%).
Em países como Alemanha, Japão e Coreia do Sul, houve queda nas vendas em 2024, de -28,6%, -25,8% e -4,8%, respectivamente, depois de crescimento nas vendas em 2023.
A comercialização de híbridos, por sua vez, cresce em todos os mercados analisados, alguns em ritmo maior do que no ano passado - ou, pelo menos, com desaquecimento menor.
A tendência reforça análises de que a transição energética no setor pode ser mais lenta do que se esperava inicialmente.
No Brasil, apesar do alto índice de aumento, o número de veículos elétricos puros comercializados não é muito relevante para o mercado global em números absolutos.
De acordo com o levantamento, até setembro foram vendidas 45,7 mil unidades de veículos movidos exclusivamente a bateria, o equivalente a 3,2% do total de automóveis emplacados. No Reino Unido, foram 269,9 mil unidades, enquanto na China foram 4,2 milhões.
No fim de outubro, com o objetivo de conter a entrada acentuada de veículos elétricos chineses, a União Europeia (UE) decidiu impor novas tarifas de importação sobre os modelos.
A decisão tem o potencial de levar montadoras chinesas a deslocar o fluxo de exportações para mercados com menores barreiras econômicas, caso do Brasil.
De acordo com dados da Logcomex, as importações de veículos 100% elétricos (NCM 8703.80.00) no Brasil saltaram 433% nos dez primeiros meses de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado, de 14,4 mil para cerca de 77 mil unidades.
O valor total das importações cresceu 276%, de US$ 401 milhões (FOB) nos dez primeiros meses de 2023 para US$ 1,5 bilhão no mesmo intervalo de 2024. Desse montante, 87% (US$ 1,3 bilhão) correspondem a unidades que chegaram da China e outros 5% (US$ 70,4 milhões) de Hong Kong.
Embora tenha voltado a aplicar imposto de importação sobre automóveis híbridos e elétricos no início deste ano, o governo brasileiro estabeleceu um cronograma para a retomada gradual da tarifa.
A decisão de retomar a cobrança do imposto foi seguida por uma disparada nas importações de veículos elétricos chineses antes do aumento da alíquota.
No primeiro semestre de 2024, ainda sob a menor tarifa para o segmento, a quantidade de veículos elétricos puros importados cresceu 1.800% na comparação com o mesmo período do ano passado, ainda de acordo com dados da Logcomex. Foram 68,5 mil unidades entrantes no Brasil, contra 3,6 mil no primeiro semestre de 2023.