Uma das maiores empresas de transporte marítimo do mundo, a alemã Hapag-Lloyd, anunciou que vai aumentar o preço da tarifa para o embarque de cargas da Ásia para a Costa Oeste da América do Sul, México, América Central e Caribe.
O reajuste, de US$ 2 mil, incidirá sobre carregamentos transportados em contêineres de 20 e 40 pés, incluindo high cubes e reefers fora de operação de 40 pés.
Como o aumento se aplica ao frete para a Costa Oeste sul-americana, a mudança não afeta diretamente as rotas da empresa para o Brasil, mas o anúncio da companhia reflete um aumento global de custos no setor de transporte marítimo, influenciado pela menor oferta de contêineres e navios no mercado internacional.
Em fevereiro deste ano, a tarifa média para transporte de um contêiner seco de 20 pés da China para o Brasil era de US$ 3,2 mil. Já uma operação agendada para novembro deste ano está em torno de US$ 11,3 mil, uma diferença de 253%.
Múltiplos fatores
Estudo recente da Logcomex mostra que a tarifa global de frete de contêineres cresce desde o fim do ano passado, influenciada por diversos fatores, como a necessidade de desvio de rotas em razão de ataques de rebeldes houthis no Mar Vermelho, a seca no Canal do Panamá e a instabilidade climática.
No Brasil, o início da seca na Amazônia com dois meses de antecedência, em agosto, desorganizou a cadeia logística em todo o país, afetando a importação e a exportação de diversos insumos.
Em Manaus, empresas de transporte marítimo de longa distância têm cobrado uma “taxa de seca” para compensar a utilização limitada de contêineres devido aos baixos níveis de água em certos portos ou rios.
A greve de estivadores em 36 portos da Costa Leste dos Estados Unidos, deflagrada na semana passada, e o aumento das tensões entre Israel e Irã devem pressionar ainda mais os preços do setor.
A paralisação de estivadores norte-americanos reduziu a capacidade de escoamento de cargas e ainda deve levar dias para se resolver. O conflito no Oriente Médio, por sua vez, fez a cotação do petróleo subir mais de 10% em apenas seis dias, elevando os custos operacionais com Bunker Additional Fuel (BAF), combustível utilizado pelos navios.
Ainda segundo o estudo da Logcomex, espera-se que para o quarto trimestre, durante o peak season, devido à formação de estoques para as festas de final de ano, os fretes médios globais continuem elevados.