Uma possível retomada da greve de trabalhadores portuários dos Estados Unidos, anunciada para 15 de janeiro, pode ter um impacto maior nas indústrias americanas do que a última paralisação do ano passado, incluindo efeitos sobre o comércio de grãos.
Em outubro de 2024, uma greve de três dias, iniciada após impasses nas negociações entre o sindicato International Longshoremen’s Association (ILA) e a US Maritime Alliance (USMX), paralisou portos da Costa Leste e da Costa do Golfo, incluindo o Porto de Nova York e New Jersey e o Porto de Savannah, na Geórgia.
Os portos afetados na época, juntos, lidam com até metade de todo o volume de comércio norte-americano, mas a paralisação afetou apenas as operações de contêineres e embarques de automóveis - nos Estados Unidos, grande parte dos grãos é transportada a granel.
Se a possível nova greve durar mais de alguns dias, os atrasos também podem afetar o comércio de grãos, destacaram analistas.
No ano passado, a greve terminou depois que os empregadores concordaram com um aumento salarial provisório de 62% ao longo de seis anos. As duas partes concordaram em estender o contrato por três meses enquanto negociavam outras questões, como o uso de automação nos portos.
Agora, a liderança sindical ameaça realizar uma nova paralisação a partir de 15 de janeiro, quando expira o contrato atual.
Em novembro, as negociações foram interrompidas depois que representantes dos trabalhadores rejeitaram planos dos empregadores de expandir o uso de máquinas semiautomáticas nos portos.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. De acordo com dados da Logcomex, entre janeiro e novembro de 2024, foram US$ 36,6 bilhões (FOB) em cargas brasileiras exportadas para os americanos e US$ 37,3 bilhões em importações.
Os números representam alta de 9,3% nas exportações e de 6,9% nas importações, em relação ao mesmo período de 2023.
As cargas marítimas brasileiras exportadas para os Estados Unidos entram principalmente pelos portos da Costa Leste, que também são os mais utilizados nas remessas norte-americanas para o Brasil. Isso significa que uma paralisação duradoura pode afetar diretamente a corrente de comércio entre os dois países.