Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam para uma consolidação da recuperação nas exportações de calçados. Conforme levantamento, o mês de setembro registrou o mais alto volume embarcado para o exterior no ano corrente, alcançando 11,45 milhões de pares, 20,6% mais do que em agosto e 10% mais do que no mês correspondente do ano passado. O valor gerado com as exportações de setembro foi de US$ 97,12 milhões, 6,3% mais do que em agosto e 14,7% mais do que no mesmo mês de 2016. Com os números, no acumulado do ano os calçadistas já embarcaram 88,37 milhões de pares que geraram US$ 796,6 milhões, altas de 1,7% em volume e de 13,4% em dólares no comparativo com igual ínterim do ano passado.
Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, os números são reflexos dos bons resultados gerados nas feiras internacionais do início do semestre. “Certamente, os resultados seriam ainda mais expressivos se tivéssemos um preço médio competitivo, pois com a valorização do real o nosso produto encareceu 12% no exterior”, ressalta. O executivo acrescenta que, seguindo a dinâmica anual das exportações, o segmento deve fechar 2017 com um leve crescimento nos embarques, “algo na casa de 4% a 5%” em valores gerados. No ano passado os embarques geraram US$ 998 milhões. “Porém, não dá para se apontar uma recuperação definitiva, já que o número está muito abaixo do praticado em anos passados, caso de 2007/2008, quando os embarques geraram quase US$ 2 bilhões. Tivemos uma perda de competitividade significativa nos últimos dez anos, acentuada a partir da crise de 2009, as oscilações no câmbio e a nossa própria incapacidade estrutural que onera o setor produtivo brasileiro”, avalia Klein.
Queda nos EUA
O destaque negativo de setembro foram os Estados Unidos. Historicamente o principal destino do calçado brasileiro no exterior, o país norte-americano foi ultrapassado pela Argentina no mês nove, quando importou 714,5 mil pares por US$ 14,1 milhões, quedas de 27,8% em volume e de 25,4% em valores no comparativo com igual mês de 2016. No acumulado, porém, os norte-americanos seguem como o principal destino do calçado brasileiro, tendo importado 7,5 milhões de pares por US$ 138,8 milhões, quedas de 16% e 13%, respectivamente, em relação ao ano passado. “A queda nas exportações para os Estados Unidos é reflexo da perda de competitividade, já que é um mercado muito sensível a preço. Com o encarecimento do nosso produto, é provável que estejamos perdendo ainda mais espaço para os asiáticos naquele mercado”, comenta Klein.
Argentina
A Argentina, que ultrapassou os Estados Unidos como principal destino do calçado verde-amarelo em setembro, importou 1,6 milhão de pares por US$ 19,4 milhões, altas de 24% e 22%, respectivamente, em relação ao mês nove de 2016. No acumulado, os hermanos, que seguem como segundo destino do calçado brasileiro no exterior no ano corrente, importaram 8,3 milhões de pares que geraram US$ 113 milhões, incrementos de 13,8% e 35,6%, respectivamente, no comparativo com igual período do ano passado.
Paraguai
O terceiro destino do calçado brasileiro em setembro e também no acumulado do ano é o Paraguai. No mês passado, os paraguaios importaram 1,52 milhão de pares por US$ 7,58 milhões, valor estável em pares e 30,5% maior em receita no comparativo com igual mês do ano passado. No acumulado, o país vizinho já comprou 10,8 milhões de pares por US$ 59,8 milhões, queda de 4% em volume e alta de 76,8% em dólares no comparativo com igual ínterim de 2016.
Importações em alta
Já as importações de calçados, favorecidas pela desvalorização do dólar frente à moeda brasileira, seguem em alta. Em setembro entraram no Brasil 2,24 milhões de pares por US$ 27 milhões, altas de 20,2% em pares e de 21,7% em dólares no comparativo com agosto. No comparativo com setembro de 2016, no entanto, as importações foram menores tanto em pares (-3,2%) quando em dólares (-13,7%).
No acumulado do ano, as importações já somaram 18,87 milhões de pares, pelas quais foram pagos US$ 267 milhões, alta de 2,8% em volume e queda de 2,4% em receita no comparativo com igual período do ano passado. As principais origens das importações foram: Vietnã (8,4 milhões de pares por US$ 149 milhões, alta de 1,3% em volume e queda de 2,2% em receita na relação com 2016); Indonésia (3,1 milhões de pares por US$ 51,5 milhões, quedas de 2,4% e 11%, respectivamente, na relação com o ano passado); e China (5 milhões de pares por US$ 24,68 milhões, quedas de 5,7% e 17,5%, respectivamente, no comparativo com mesmo período de 2016).
Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc – as importações caíram 10,7% na relação com o ano passado, alcançando US$ 29,7 milhões. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
Fonte: ExportNews