Exportação de mel: dados do mercado da apicultura no Brasil

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No artigo de hoje, vamos analisar os detalhes dessa importante atividade que é a apicultura e entender o cenário da exportação de mel no Brasil. Recentemente, a apicultura tem ganhado protagonismo como uma atividade econômica promissora no Brasil e se expandido no mundo. 

Fique conosco nessa leitura! 

Histórico da apicultura 

A apicultura tem a sua origem no período pré-histórico, quando o homem já utilizava o mel como alimento. Já em 2.440 a.C. os egípcios criaram um meio de transportar as abelhas por potes de barro.

Em seguida, os gregos desenvolveram um recipiente, que era feito à base da palha trançada, denominado de colmo. Foi daí, por fim, que nasceu o conceito colmeia como conhecemos hoje.  

No Brasil, por sua vez, há registros do cultivo de abelhas europeias pelo padre Antônio Carneiro, no ano de 1840. Essa atividade foi proveniente dos países ibéricos para a produção de cera, empregada na fabricação de velas utilizadas nos rituais cristãos.  

Consumo e exportação de mel 

No Brasil colonial, a propósito, com o avanço no cultivo da cana-de-açúcar, não era comum usar o mel como adoçante, de acordo com Daniel Cavalcante, doutor em Tecnologia de Alimentos.

Ao contrário do que ocorreu no continente europeu e parte dos EUA, o produto não foi inserido na cultura brasileira.

Isso pode explicar, por exemplo, o baixo consumo per capita do produto no país. Segundo dados da Baldoni, foram consumidas somente 27 gramas por pessoa em 2020.

A estimativa foi calculada com base nas informações de produção e exportação do produto, divulgados pelo IBGE e pelo Siscomex.

Segundo o Ministério da Economia, dado o aumento da valorização do dólar durante o ano de 2020, a produção também se intensificou, resultando com que mel brasileiro ganhasse destaque no mercado internacional e, assim, melhorasse o cenário da exportação brasileira do mel natural em 52,2% em comparação ao ano anterior, com o total de R$ 621,5 milhões. 

Ainda assim, a produção brasileira de mel é baixa em relação a outros países, conforme o Censo agropecuário de 2017.

Foi uma média de produção de 19,8 kg por colmeia, por ano, entre os 101 mil apicultores do país registrados.  

Nesse sentido, relatórios de 2021 pela Food and Agriculture Organization (FAO) confirmam que a China é líder mundial na produção, registrando 458 mil toneladas em 2020, seguida da Turquia com 104 mil toneladas, Irã com 79 mil e a Argentina com 74 mil toneladas. O Brasil aparece na décima primeira posição com 51 mil toneladas.  

Cavalcante retrata que o mel brasileiro é bem reconhecido pelo mercado internacional, podendo ser usado pela indústria alimentícia, cosméticos, ração animal e até tabacos.

O setor, embora careça de alguma organização, apresenta um vasto potencial de crescimento, tanto em forma de atividade principal, como secundária. 

O mercado da apicultura no Brasil 

O mercado de apicultura no Brasil se constitui majoritariamente por pequenos apicultores e metade deles produz cerca de 17% de todo mel, inclusive para exportação.

Ao passo que abaixo de 1% do total de apicultores constitui mais de 701 colmeias e produzem 9,8% do mel, cenário possível como resultado de mais investimento e zelo pelo produtor.  

Além da produtividade, outro fator a ser abordado para o mel configura incentivar a cultura do brasileiro pelo produto.

Enquanto a média mundial de consumo de mel está em 240 gramas per capita por ano, no Brasil o consumo interno é um dos menores do mundo: 60 gramas.

Somente 53% do consumo nacional é feito no modo in natura, 35% são postos para a indústria de alimentos e usados como ingredientes; e os 11% são encaminhados para a indústria de cosméticos, tabaco e ração animal.

Diante desse contexto, certamente é essencial buscar modos para melhor trabalhar neste mercado, por exemplo:  

  • A procura por certificação do produto
  • O equilíbrio de preços
  • Campanhas de divulgação das vantagens do mel etc. 

Vale ressaltar que de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o Rio Grande do Sul era o maior produtor do país, com 9,2 mil toneladas, acompanhado do Paraná (8,4 mil) e do Piauí (6,9 mil).

Ao total, 3.991 munícios produziram mel em 2021, sendo Arapoti (PR) responsável por 925,6 toneladas. 

Atlas da Apicultura 

Foi ao perceber a importância de agregar dados sobre a atividade, que o especialista Décio Gassoni criou o Atlas da Apicultura no Brasil.  

Este estudo formado pela Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A) tem com finalidade possibilitar um panorama a respeito da apicultura no território nacional.

Nesse sentido, abrange dados do IBGE, do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (ComexStat) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).  

O acesso é gratuito e nele pode-se conferir a produção, o valor de comércio do mel nos estados, a respeito da exportação, a quantidade de negócios com prática de apicultura e áreas com vegetação de potencial para a atividade. 

O mercado da apicultura no Brasil 

Atualmente, o Brasil se posiciona em décimo primeiro na produção de mel, com cerca de 42 mil toneladas, atrás da China em primeiro lugar e Turquia. No mundo inteiro são produzidos 1.850.868 toneladas por ano.

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No entanto, o mercado da apicultura no Brasil tem demonstrado alto potencial e está em contínuo crescimento. 

Um dos fatores é o preço do mel mais valorizado, por conta do câmbio e o consumo interno que aumentou durante a pandemia. Confira mais sobre o que tem sido realizado em seguida.

Soja e mel: como se relacionam? 

O equilíbrio entre insetos polinizadores e agricultura privilegia a relação harmônica do ecossistema e eficiência dos cultivos.

Nesse sentido, a soja pode favorecer pasto apícola para os criadores de abelhas, principalmente de Apis Mellifera, em tempos de escassez de alimentos.

Entretanto, como mencionamos, a atividade de polinização ainda é pouco explorada no Brasil em comparação com outros países, especialmente os EUA.

O pesquisador da Embrapa atesta que a região Sul lidera os esforços nessa atividade, sobretudo em conjunto às colheitas rosáceas, como maçãs, peras e ameixas. Contudo, pontua que seu uso tem um potencial ainda maior com as grandes plantações.  

Com isso, o especialista afirma que essa relação mútua, ou seja, quando ambos se beneficiam, segue avançando, mas a passos lentos, e os produtores vêm testando como interligar ambos os setores, o que pode gerar vantagens a nível social e ambiental.  

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Da perspectiva econômica, é possível produzir, distribuir e prover produtos ao mercado. No social, é capaz de gerar um cenário que promova a criação de trabalhos e propicie o aperfeiçoamento pessoal (pela diminuição do êxodo rural). E, além disso, no cenário ambiental, ajuda na preservação da fauna e da flora e evita o desmatamento.

Investimento na apicultura: o que considerar?

Investir na apicultura requer considerar alguns fatores importantes. Primeiramente, é preciso saber como funciona o mercado apícola, avaliar a viabilidade econômica, analisar o meio ambiente, cuidar da saúde das abelhas e estar ciente dos possíveis riscos. 

Dessa forma, com uma pesquisa correta e planejamento cuidadoso, certamente a apicultura pode ser um investimento viável.

Dados da exportação de mel

De janeiro a março de 2023, cerca de 6.381,1 milhões de toneladas foram encaminhadas à exportação, ou seja, uma redução de 21,5% em comparação com Jan/Mar de 2022.

Foram US$ 22,45 milhões de dólares, uma variação de -27,1% nesse mesmo período. Com isso, o preço médio foi de 3,52 dólares/kg, com uma variação de -6,9%. 

Enquanto que no ano de 2022, as exportações de mel totalizaram 137,9 milhões e um equivalente de 36 mil toneladas.

A participação nas exportações totais realizadas pelo país foi de 0,04%, sendo que o mel ocupou o 155º lugar no ranking das exportações.

Já nas exportações do setor agropecuário, o mel teve uma participação de 0,2%, ocupando o 13º lugar no ranking das exportações do segmento no período.

Em se tratando de países de destino das exportações de mel, os Estados Unidos lideram, seguidos pela Alemanha e pelo Canadá e o Reino Unido.

Já em se tratando de estados brasileiros exportadores, os principais são o Piauí, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Sendo que as principais unidades de desembaraço são o Porto de Santos, Itajaí, Alfândega de Fortaleza, Porto do Rio de Janeiro, Porto de São Francisco do Sul, Porto de Paranaguá, Porto de Rio Grande e Porto de Itaguaí.