Nearshoring, Friendshoring e o futuro das cadeias de suprimentos

 

O atual contexto econômico global tem se mostrado bastante desafiador para a gestão das cadeias de suprimentos, principalmente no comércio exterior. Por isso, nos últimos cinco anos, as estratégias de Nearshoring e Friendshoring ganharam destaque e passaram a ser consideradas essenciais por grandes grupos e empresas em fase de expansão internacional.

Se você atua no comércio exterior e se interessou pelo tema, continue a leitura e descubra o que pode influenciar o futuro das cadeias de suprimentos.

Boa leitura!

Nearshoring: a reestruturação da logística global pela proximidade

Especialistas da área logística afirmam que, nos últimos cinco anos, as estratégias de Nearshoring e Friendshoring surgiram como uma resposta mercadológica voltada à resiliência. No entanto, nem sempre foi assim.

De fato, o Offshoring se consolidou nos anos 1990 e 2000 como uma estratégia importante para reduzir custos de produção. Entretanto, essa abordagem perdeu força após a crise sanitária de 2020, provocada pelo Coronavírus.

Como resultado, o modelo baseado na forte dependência de fornecedores internacionais passou a enfrentar gargalos logísticos cada vez maiores. Com isso, abriu-se espaço para o Nearshoring — uma estratégia que transfere parte da produção ou etapas logísticas para países geograficamente próximos ao mercado consumidor final.

Na prática, esse movimento busca tornar operações de alta complexidade logística mais viáveis ao criar novas unidades produtivas em países vizinhos.

De acordo com os insights publicados no último relatório do Instituto McKinsey chamado “Geopolitics and the Geometry of Global Trade 2025 Update” a estratégia de Nearshoring vem sendo executada com sucesso na dinâmica do comércio internacional e até o momento foi possível evidenciar ganhos relacionados à priorização de fornecedores e parceiros estratégicos mais confiáveis, além é claro, da proximidade geográfica.

Leia mais em Como construir uma cadeia de suprimentos resiliente

Definição e vantagens do Nearshoring

O Nearshoring tem o objetivo de tornar operações logísticas complexas mais factíveis, de forma a manter a competitividade e a visibilidade da cadeia de suprimentos.

 Dentre os benefícios podemos citar:

  • Redução de riscos operacionais;
  • Redução do lead time com prazos de produção e entrega mais curtos;
  • Respostas mais rápidas à demanda e maior flexibilidade operacional;
  • Diminuição de custos logísticos e de frete internacional;
  • Redução de riscos geopolíticos e cambiais.

Friendshoring: aliados políticos e o novo mapeamento de risco da cadeia de suprimentos

Enquanto o Nearshoring busca otimizar as cadeias de suprimento por meio da condição geográfica, o Friendshoring consiste na realocação de etapas produtivas em países aliados política e economicamente, sendo uma forma de buscar reduzir riscos associados à tensões geopolíticas, sanções e interrupções logísticas.


Ainda de acordo com o relatório da McKinsey Global Institute de 2025, o comércio global passa por uma reconfiguração que visa maior alinhamento político e institucional.

Essa tendência reflete uma mudança estrutural: a segurança nacional e a previsibilidade passaram a ser uma pauta tão relevante quanto à eficiência de custos, visto que a necessidade de proteger cadeias críticas como semicondutores, energia e tecnologias avançadas é uma prioridade.

Riscos vs. Confiança: por que o Friendshoring cresce?

Podemos afirmar que o Friendshoring se trata de uma resposta à crescente incerteza do contexto de Supply Chain porque considera medidas para minimizar riscos relacionados à tensões políticas e regulatórias.

Neste contexto, podemos resumir tal estratégia em um instrumento de política econômica e segurança nacional, orientado à construção de cadeias mais resilientes, previsíveis e baseadas em confiança mútua, visto que o objetivo da sua adoção é mitigar riscos relacionados à barreiras não tarifárias tais como a falta de estabilidade política, acordos comerciais preferenciais, sanções ou interrupções.

Ainda neste mesmo contexto, não podemos esquecer que as tensões armadas repercutem diretamente no comércio exterior. Quando um conflito gera retaliações comerciais, importadores e exportadores enfrentam custos ampliados, cadeias logísticas interrompidas e riscos cambiais elevados, tornando-se verdadeiros obstáculos para a previsibilidade de fluxos de mercadorias.

Leia mais em Guerra comercial e Guerra fria: Qual a diferença?

Oportunidades do Brasil: Nearshoring e Friendshoring na América do Sul

O Nearshoring estimula o desenvolvimento de clusters produtivos regionais, e além disso, impulsionaram cadeias de suprimentos mais autossuficientes e tecnologicamente integradas.

A partir disso, casos de sucesso bem-sucedidos entre México e Estados Unidos — onde importantes players globais norte-americanos transferiram etapas de manufatura eletrônica e automotiva para o México — inspiraram o Brasil a adotar medidas para reduzir custos de transporte na importação e, consequentemente, diminuir a dependência de fornecedores internacionais em desalinho com os acordos comerciais almejados pelas autoridades nacionais.

Da mesma forma, países como Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile passam a ganhar força na formação de um ecossistema sul-americano de Nearshoring, enquanto o Brasil assume o papel de hub central de manufatura, tecnologia e distribuição.

Estratégia na prática: adotando Nearshoring e Friendshoring

Diante do que foi mencionado anteriormente, é possível concluir que as estratégias de Nearshoring e Friendshoring têm ganhado cada vez mais destaque nas mesas de reuniões de importadores e exportadores brasileiros.

Portanto, se você ocupa um cargo de gestão no comércio exterior, confira a seguir algumas dicas sobre como aplicar essas estratégias pautadas nos conceitos de Nearshoring e Friendshoring de forma eficiente e alinhada às tendências globais.

  • Avalie fornecedores internacionais considerando o risco total da operação, além do custo do produto;
  • Otimize sua base de fornecedores com o objetivo de desenvolver cadeias de suprimento mais curtas, seguras e resilientes, fortalecendo a competitividade da empresa;
  • Utilize uma matriz de risco que contemple variáveis políticas, cambiais e operacionais;
  • Use ferramentas baseadas em análise preditiva para monitorar tendências e antecipar possíveis rupturas de estoque com dados confiáveis e insights em tempo real.

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