Depois de nove meses de quarentena, medos e incertezas, a expectativa do mundo todo está bastante alta para a vacinação contra o Coronavírus. Alguns países já iniciaram o cronograma de imunização, como a Rússia, o Reino Unido, o Canadá e o Estados Unidos. Portanto, o transporte de vacinas já está acontecendo internacionalmente.
No Brasil, a vacinação tem início previsto apenas para fevereiro de 2021. Com isso, vários desafios fazem parte do processo até essa data e, entre eles, está o transporte internacional em larga escala das vacinas.
Para a logística, o transporte de produtos biológicos demanda diversos cuidados e, com certeza, muita atenção aos detalhes. Afinal, se trata de uma carga extremamente sensível e que necessita de controle de temperatura para manter sua qualidade.
Exatamente por esse motivo, o seu transporte a nível global e em larga escala não é uma tarefa fácil. Foi para conversar sobre esse tema que, na última quinta-feira (17/12), a LogComex realizou a edição de dezembro do LogCast — um webinar transmitido ao vivo — sobre os desafios da logística no transporte internacional de vacinas.
Quem conduziu o bate-papo foi Carlos Souza, Co-fundador e COO da LogComex. O convidado desta edição foi Jackson Campos, especialista no transporte de medicamentos e Strategic Key Account Manager na Asia Shipping.
Se você não pode acompanhar o bate-papo completo, não se preocupe: reunimos os highlights da conversa nesse artigo do Blog da Log! Confira:
De acordo com o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a previsão é de que a imunização contra a Covid-19 tenha início em fevereiro de 2021.
Conforme a afirmação de Pazuello, esse cenário só é possível se os laboratórios farmacêuticos que já possuem estudos em estágios mais avançados apresentarem toda a documentação necessária até o final de 2020.
No bate-papo promovido pela LogComex, Jackson Campos falou um pouco sobre o panorama das vacinas — tanto a nível global quanto a nível nacional. De acordo com Campos, no mundo todo:
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No Brasil, há o destaque para as seguintes vacinas:
Produzida pela farmacêutica Pfizer, carrega um RNA mensageiro do vírus. Assim, quando é injetada no corpo humano, estimula a produção de uma das proteínas específicas do coronavírus. Os estudos com a vacina mostraram que sua eficácia é de 95% na prevenção da doença.
Sendo a primeira vacina registrada contra a Covid-19, tem origem russa. Seus estudos registraram que sua eficácia contra o coronavírus é de 91,4%.
Produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, a Coronavac foi a primeira produzida no Brasil. Além disso, de todas as vacinas contra a Covid-19, ela é a que registrou a maior taxa de eficiência contra o vírus: 97%.
Desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford, a Fundação Oswaldo Cruz e a biofarmacêutica AstraZeneca, os estudos da vacina registraram que sua eficácia contra o coronavírus é de 90%.
As vacinas são produtos biológicos e, por isso, seu transporte exige cuidados:
Nessa lista, de acordo com Jackson Campos, o principal desafio é o controle de temperatura.
Para entender qual é a temperatura ideal na conservação das vacinas, tudo depende de qual tecnologia foi utilizada durante seu desenvolvimento. Segundo Campos, existem faixas de conservação:
Mencionado durante o LogCast por Jackson Campos, um estudo da OMS aponta que, das vacinas distribuídas para a população, 50% podem ser ineficazes por conta de problemas de logística. Por isso, o desafio é grande e complexo.
De acordo com Campos, o Brasil já possui uma estrutura mais consolidada para transportar as vacinas que possuem faixa de temperatura de 2ºC a 8ºC. É com as vacinas de temperatura negativa que se encontra o maior desafio.
Segundo o especialista, o momento de maior atenção deve ser o que ocorre a troca de modais. “Nesse momento acontece a exposição ao sol e os principais problemas no transporte. É muito comum”, afirmou.
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Durante o bate-papo promovido pela LogComex, um dos desafios apontados foi a disrupção das cadeias logísticas que dependem da malha aérea. Campos explica que medicamentos — sendo eles vacinas ou não — já são considerados prioridade pelo International Air Transport Association (IATA).
Portanto, isso quer dizer que passam na frente de outras cargas quando necessário. “As vacinas e outros medicamentos perecíveis já são prioridade para o IATA, então as cargas farmacêuticas já costumam entrar na frente”, contou.
O grande problema se encontra na grande quantidade de vacinas que devem ser importadas nos próximos meses. “A quantidade de vacinas vai fazer com que outras áreas sejam prejudicadas, porque vamos ter cargas passando na frente o tempo inteiro. A possibilidade de impactar é grande”, afirmou Campos.
Em conjunto a esse cenário, há também a realidade complexa vivenciada pelo transporte marítimo, principalmente com as cargas vindas da Ásia. “Por esse motivo, já existem muitas cargas migrando para o modal aéreo. Vamos ter as duas coisas acontecendo ao mesmo tempo”.
O mercado farmacêutico está em constante ascensão. Segundo Campos, neste ano de 2020 ele cresceu na casa dos dois dígitos. Portanto, o especialista em transporte de medicamentos apontou que, independente do cenário de 2021, o segmento irá continuar crescendo.
Afinal, conforme apontado por Campos, no ano seguinte haverá a importação das vacinas em larga escala e, além disso, de todos os produtos farmacêuticos que já são importados normalmente.