Confira as coisas de Carnaval mais importadas e a importância da festividade para a economia do país

Coisas de Carnaval: produtos mais importados

Você sabe quais são as coisas de Carnaval que o Brasil mais importa de seus parceiros comerciais?

Sem dúvida, não é novidade para ninguém que o Carnaval é uma grande festividade da cultura brasileira e movimenta diversos setores econômicos e sociais.

Há quem diga, inclusive, que no Brasil o ano só começa após o Carnaval, nunca antes disso.

Apesar de ser uma brincadeira entre os brasileiros, essa expressão deixa claro como a data é relevante para nosso país.

Essa relevância é nítida não apenas no setor turístico e de serviços brasileiros, mas também na importação de coisas de Carnaval.

Hoje, olharemos para a origem dessa festa e sua importância na economia brasileira, bem como os produtos mais importados no Carnaval, sobretudo da China.

Origem do Carnaval no Brasil

Antes de conhecermos quais são as coisas de Carnaval que o Brasil mais importa, vamos olhar para a origem da data em nosso país.

Muitas pessoas acreditam que a festa surgiu no Brasil, mas não foi exatamente o que aconteceu. Sua origem não é certa, afinal, ela é conhecida como resultado de uma mistura de tradições de povos distintos.

Esses povos, normalmente conhecidos como pagãos, viam e utilizavam a comemoração como um momento de inversão de papéis sociais.

Por exemplo, era comum haver a troca de posições entre um rei e um prisioneiro durante as comemorações.

Entretanto, o Carnaval passou por uma transformação. Como as tradições pagãs são conhecidas pelo politeísmo, ou seja, a crença em vários deuses, a Igreja Católica tentou acabar com as comemorações.

Uma vez que as tentativas não foram bem-sucedidas, a festa foi incorporada ao calendário cristão há alguns séculos, quando lhe foi dada um novo significado.

Dessa forma, acontecendo antes do início da Quaresma, um período de abstinência e renúncias, ele seria a última oportunidade das pessoas “aproveitarem” prazeres carnais.

Contudo, foi apenas no século XX que as primeiras festas de Carnaval, como as que conhecemos hoje, aconteceram.

No ano de 1916, com a gravação de “Pelo Telefone” (Donga e Mauro de Almeida), as marchinhas e os sambas começaram a se tornar populares.

Por consequência, alguns anos mais tarde, em 1928 surgiu a primeira escola brasileira de samba, a “Deixa Falar” (atual Estácio de Sá).

Em 1932 houve a primeira competição entre escolas e a Estação Primeira de Mangueira foi coroada campeã. Desde então, a disputa não parou de crescer.

Festividade brasileira, coisas de Carnaval chinesas

Vejamos agora a origem das coisas de Carnaval que utilizamos durante as comemorações.

A fim de participar dos tradicionais bloquinhos de rua e desfiles das escolas de samba, muitos materiais são utilizados para a confecção das fantasias.

Dentre eles podemos nomear, por exemplo, plumas, tecidos, rendas, penas, paetês e glitter.

Há duas décadas, a origem desses materiais era diversa. Entretanto, atualmente, quase tudo do que é utilizado é oriundo da China, segundo apontado pelo dono da rede de lojas “Babado da Folia” (Diálogo Chino).

Leia mais: Como importar da China?

Conforme dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), em 1998 foram registrados US$ 656 mil em artigos de festa e Carnaval importados da China (Diálogo Chino).

Durante esse período, a origem das coisas de Carnaval importadas pelo Brasil era primordialmente o México.

Entretanto, as relações comerciais com a China começaram a crescer já em 1990. Dentre os principais motivos estavam, por exemplo, a redução dos custos das operações e a aproximação política e comercial do Brasil com a China.

Três anos mais tarde, em 1993, elas se intensificaram principalmente com a assinatura de um acordo de cooperação estratégica.

Só para ilustrar, em 2019 esse número chegou a US$ 10 milhões, representando um aumento de mais de 15 vezes (Diálogo Chino).

Embora pareça um valor expressivo, ele sequer contabiliza as importações de tecidos e rendas, que entram em outra categoria.

Por fim, vale mencionar outro motivo importante para o aumento da procura por coisas de Carnaval e, consequentemente, da importação desses artigos da China.

No começo do século XX, o Carnaval era mais restrito ao sambódromo e bailes em clubes. Contudo, a partir dos anos 2000, os blocos de rua se tornaram mais comuns, aumentando o mercado de fantasias.

Como o Carnaval movimenta a economia brasileira?

Vamos, portanto, conferir a importância do Carnaval na economia brasileira.

Devido inegavelmente à sua tradicionalidade e grande adesão da população, mesmo sendo uma comemoração de “ponto facultativo” muitas empresas acabam liberando seus funcionários, o que transforma o período em um “feriado” prolongado aproveitado por ampla parcela da população, incluindo aqueles que não gostam da festa.

Assim, muitas pessoas também aproveitam para viajar durante os quatro ou cinco dias de folga.

Este ano, a propósito, temos mais uma particularidade: é a primeira edição que ocorrerá sem restrições após 2020, início da pandemia de coronavírus no Brasil e no mundo.

Por isso, a expectativa do Ministério de Turismo é de que 46 milhões de pessoas, incluindo brasileiros e turistas internacionais, participem das festividades de Carnaval (Infomoney).

Conforme um levantamento da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Carnaval deste ano deverá movimentar R$ 8,18 bilhões em receita (Agência Brasil).

O valor é 26,9% maior que o registrado em 2022, mas 3,3% menor que em 2020 – que foi de R$ 8,47 bilhões (Agência Brasil).

Só para ilustrar, para o Carnaval de 2023 a CNC estima que três setores serão responsáveis por quase 84% da receita gerada (Agência Brasil). São eles:

  • Bares e restaurantes (R$ 3,63 bilhões de movimentação estimados)
  • Empresas de transporte de passageiros (R$ 2.35 bilhões de movimentação estimados) e
  • Serviços de hospedagem em hotéis e pousadas (R$ 0,89 bilhão de movimentação estimados).

Além disso, a demanda por serviços turísticos deverá gerar 24,6 mil vagas temporárias durante as festividades, sendo contratados (Infomoney):

  • 4,4 mil cozinheiros
  • 3,45 mil auxiliares de cozinha
  • 2,21 mil profissionais de limpeza.

Coisas de Carnaval: principais produtos importados – Estatísticas

Após algumas análises, fizemos um levantamento das coisas de Carnaval mais importadas. São elas:

  • NCM 5807.10.00 – Etiquetas, emblemas e artefatos semelhantes de matérias têxteis, em peça, em fitas ou recortados em forma própria, não bordados, de tecidos
  • NCM 7018.10.20 – Imitações de pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas, de vidro
  • NCM 7018.10.90 – Outros artefatos de vidro semelhantes a imitação de pedras preciosas
  • NCM 7018.10.10 – Contas de vidro
  • NCM 6701.00.00 – Peles e outras partes de aves, com as suas penas ou penugem, penas, partes de penas, penugens e artefatos destas matérias, exceto os produtos da posição 05.05, bem como os cálamos e outros canos de penas, trabalhados
  • NCM 8308.90.20 – Contas, lantejoulas, de metais comuns
  • NCM 9505.90.00 – Outros artigos para festas, Carnaval ou outros divertimentos, incluindo artigos de magia e artigos-surpresa.

A maioria dos produtos são usados na fabricação das fantasias, já que as escolas de samba não compram fantasias prontas.

No caso da última NCM, é a mais importada por lojas do atacado e varejo, que também abastecem seus estoques para a festividade. 

Agora, vamos às estatísticas de importação dessas coisas de Carnaval, considerando o ano de 2019 — último ano em que ocorreram as festas de Carnaval abertas ao público.

NCM 5807.10.00 – Etiquetas, emblemas e artefatos semelhantes de matérias têxteis, em peça, em fitas ou recortados em forma própria, não bordados, de tecidos

De janeiro a dezembro de 2019, o valor total importado da NCM 58.10.00 foi superior a US$ 986 milhões. Já em relação ao peso, o total ficou em praticamente 55 mil kg.

O frete total destas mercadorias totalizou mais de US$ 39 mil, enquanto que o seguro girou em torno de US$ 907.

Como podemos ver, a pandemia impactou negativamente esta NCM, caindo praticamente pela metade em 2021 (em relação a 2019).

Como também foi citado antes, as coisas de Carnaval do Brasil vêm principalmente da China — que apresenta uma supremacia superior a 212% sobre o segundo país colocado, a Nigéria.

Em se tratando de modais de transporte, o marítimo lidera, apresentando uma diferença de mais de 61% em relação ao aéreo e 79,72% em contraste com o rodoviário.

NCM 7018.10.20 – Imitações de pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas, de vidro

Muito usadas para adornar as fantasias, as mercadorias enquadradas nesta NCM apresentaram, em 2019, um valor total importado superior a US$ 222 mil, com peso de pouco mais de 18 mil kg.

No quesito frete, o valor ultrapassa os US$ 34 mil, enquanto que o seguro total foi equivalente a aproximadamente US$ 350.

Esta NCM foi, definitivamente, uma das que menos sofreu os impactos da pandemia entre as coisas de Carnaval importadas pelo Brasil. Afinal, de 2019 para 2021, a redução nas suas importações foi bastante moderada.

Aqui também podemos perceber a supremacia da China como país de origem dos produtos enquadrados nesta NCM: 

Portanto, em se tratando de modal de transporte, faz total sentido que o mais utilizado seja o marítimo — especialmente por se tratar de mercadorias que não exigem urgência de entrega.

O modal marítimo (que transporta +64% destas mercadorias) é seguido de longe pelo aéreo (29,59%) e rodoviário (6,32%).

NCM 7018.10.90 – Outros artefatos de vidro semelhantes a imitação de pedras preciosas

Também muito utilizados na fabricação das fantasias de Carnaval, foram gastos US$ +1 bilhão na importação destes produtos, com um peso total que ultrapassou os 146 milhões de kg.

Já em frete, o custo ficou em cerca de US$ 51 mil e seguro total superior a US$ 1 mil.

Bastante afetada certamente por conta da pandemia, a importação desta NCM caiu 75% de 2019 para 2021.

Novamente, a China lidera o ranking de país de origem, com uma diferença nada modesta de +352%:

Falando em modais, também aqui temos destaque para o marítimo, representando mais de 87% dos transportes, seguido pelo modal aéreo (com 4,31%) e o rodoviário (7,76%).

NCM 7018.10.10 – Contas de vidro

As importações de contas de vidro — que tanto podem ser usadas costuradas nas fantasias, como em apetrechos e acessórios de Carnaval — representaram em 2019 um valor que ultrapassa os US$ 757 milhões e peso total aproximado de 575 mil kg.

Em relação ao frete, o valor gasto foi de US$ 72 mil e seguro total equivalente a US$ 1.671.

Em número de empresas que importam esta NCM, o valor caiu desde 2019, representando uma queda de quase 35%.

Sem surpresas, o principal país de origem desta NCM é a China, seguida por Taiwan e República Tcheca:

Sendo que a supremacia do modal marítimo aqui é mais enfática do que em qualquer outra coisa de Carnaval importada pelo Brasil: +99% dos transportes são feitos por meio dele:

NCM 6701.00.00 – Peles e outras partes de aves, com as suas penas ou penugem, penas, partes de penas, penugens e artefatos destas matérias, exceto os produtos da posição 05.05, bem como os cálamos e outros canos de penas, trabalhados

Agora falando de alguns dos elementos mais enfáticos do Carnaval no Brasil (as penas), a importação de mercadorias enquadradas nesta NCM, o valor total representou cerca de US$ 93 mil, equivalente a um peso de mais de 6 mil kg.

Enquanto que o frete total ficou na casa dos US$ 7 mil e o seguro girou em torno de US$ 40,03.

Como as importações relacionadas ao Carnaval são feitas com bastante antecedência, faz sentido que elas aumentem em novembro.

A queda desta NCM é uma das mais expressivas, tendo sido reduzida em 2021 a menos da metade que em 2019.

Esta é a primeira NCM na categoria de “coisas de Carnaval” que não tem uma superioridade tão grande da China. 

O Líbano fica pouca coisa atrás do país (36%) nas importações destes produtos. Isso, claro, quando comparamos com as demais NCMs citadas.

No quesito modal, aqui também vemos a predominância do marítimo (84,38%) sobre o aéreo (15,62%).

NCM 8308.90.20 – Contas, lantejoulas, de metais comuns

Abrangendo elementos que também são muito utilizados na fabricação das fantasias, foram gastos +US$ 105 mil em contas e lantejoulas em 2019, com um peso total de aproximadamente 16 mil kg.

Falando sobre o frete, o valor ficou em cerca de US$ 13 mil, enquanto que o seguro total representou algo em torno de US$ 133.

A queda sofrida por esta NCM foi a mais expressiva entre as citadas aqui: uma redução de 80% de 2019 para 2021!

88,90% das importações das contas e lantejoulas, de metal comum é proveniente da China, enquanto apenas 10,63% vêm da Coreia do Sul e 0,47% do Taiwan.

Já em relação ao modal, o marítimo (representando 91,43% dos transportes) supera o aéreo (com apenas 8,57% dos transportes).

NCM 9505.90.00 – Outros artigos para festas, Carnaval ou outros divertimentos, incluindo artigos de magia e artigos-surpresa

Enfim vamos tratar dos artigos específicos para o Carnaval! Produtos enquadrados nesta NCM representaram +US$ 13 bilhões, com um peso total de +4 bilhões de kg.

Em se tratando de frete total, foi gasto +US$ 1 mil e em seguro, +US$ 6 mil.

Com o cancelamento das festas públicas devido à pandemia, a queda nas empresas que importam coisas de Carnaval foi bastante significativa: 53%. 

A prova de que a festividade brasileira é alimentada por produtos chineses é que o país originou +90% das coisas de Carnaval em 2019:

O modal marítimo também impera na importação das coisas de Carnaval importadas pelo Brasil: nada menos que 98% delas são transportadas por esta via. As demais se dividem entre o modal aéreo (1,43%) e rodoviário (0,21%).