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Importação da China: como o gigante asiático vai continuar a dominar o comércio exterior

É impossível falar de comércio exterior sem citar a China. Qualquer movimento que acontece por lá gera impacto no fluxo comercial de todo o mundo. Falar de importação da China é assunto obrigatório para quem atua com essa logística internacional e até mesmo para quem precisa entender como gira a economia brasileira.

Além de ser o maior parceiro comercial do Brasil, o país asiático tem enorme influência na economia global. É o maior exportador do mundo e o ritmo de crescimento das importações vem batendo as maiores marcas da década, mesmo com o cenário afetado pela pandemia de Covid-19 e o período de fronteiras fechadas.

Esqueça os estereótipos de produtos sem qualidade que remetiam ao “made in China”. Agora, o termo dá nome ao plano do país de se consolidar como a maior potência econômica do mundo até 2025. 

Leia mais: Importação da China: produtos mais importados e estatísticas

Sempre com as docas abertas para a exportação de commodities brasileiras, agora os maiores portos do mundo também estão enviando produtos que se destacam pela tecnologia, variedade e preços competitivos para o mercado brasileiro.

Esse foi o tema da conversa com Vinícius Marques, sócio da Guelcos Internacional, durante o Logcomex Summit. Você pode conferir a palestra abaixo na íntegra ou continuar com a gente e acompanhar o texto. 

Neste texto, você vai conferir:

Importação da China: qual a história?

Entre 1978 e 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) da China saltou de cerca de US$ 150 bilhões para US$ 14,7 trilhões. De acordo com os dados do Banco Mundial, o PIB chinês entrou para a casa dos trilhões de dólares apenas em 1998. De lá para cá, o crescimento segue contínuo.

A civilização chinesa foi se formando ao longo de milênios, sendo que até a metade do século XX, antes da fundação da República Popular da China, o país era governado por dinastias de imperadores.

Desde mais de 2 mil anos antes de Cristo, cada dinastia governou por séculos. O ano de 2021, por exemplo, corresponde ao ano 4719 do calendário chinês. “É um povo que, em termos de civilização, já está há muito tempo se desenvolvendo, crescendo”, contou Vinícius Marques, sócio e diretor de Informações na Guelcos International, durante o Logcomex Summit.

No evento, que aconteceu em outubro de 2021, Marques abordou como o processo histórico do país reflete hoje na importação da China e qual a influência que a formação da civilização do país tem em todo esse novo cenário de potência global.

Toda essa evolução na economia da China começou a partir do final da década de 70 e início da década de 80, período em que o país passou por grandes reformas políticas e econômicas. Talvez a principal característica dessas mudanças foi uma abertura de mercado ao exterior.

Como a China se tornou um gigante no comércio exterior?

Desde então, o país começou a tomar novos rumos. A população urbana cresceu muito e grandes cidades foram se formando para girar a nova economia, que antes era fechada para o exterior. 

Assim, a China foi resolvendo problemas internos para se agigantar primeiro no cenário asiático e, consequentemente, se tornar uma das potências econômicas líderes do cenário mundial. E a exportação e importação da China marcam essa etapa, que já teve diferentes fases.

Copycats

Durante uma fase desse período de abertura para o comércio exterior, os produtos “made in china” eram sinônimos de produtos falsificados, que imitavam marcas famosas, mas oferecendo um material de baixa qualidade.

De acordo com Vinícius Marques, essa fase teve um papel fundamental na expansão comercial e econômica da China. “O mundo precisava de uma indústria, e os países estavam dispostos a trocar o que estava sendo produzido nos EUA e na Europa”, ele conta.

A mão de obra capacitada e bem mais barata foi uma das grandes motivações que fizeram algumas das maiores empresas do mundo olharem para o gigante asiático. Praticamente qualquer produto levava o “made in China” nas etiquetas ou manuais de confecção e produção.

Isso serviu para movimentar a economia chinesa e atrair os olhos do mundo para a China.

De made in china para created in China

Hoje, o cenário já é bem diferente. “Já virou uma falácia falar uma cópia barata ou um produto de baixa qualidade”, afirma o diretor da Guelcos International. Os produtos deixaram de ser “made in China” para se tornarem “created in China”.

A diferença agora é que o país é uma das referências de produção tecnológica do mundo. Empresas de inovação vêm revolucionando o mercado e mudando a forma de se enxergar produtos chineses. Já a produção com mão de obra mais barata está direcionada para outros países do sudeste asiático, como Camboja, Tailândia e Vietnã.

Relação China e Brasil: como começou?

Depois da Revolução Chinesa de 1949, marco da História da China, o Brasil só passou a ter alguma relação com o país asiático em 1974. Mesmo assim, apenas na década de 2000 que os países se aproximaram e a relação de fato passou a produzir frutos para os dois lados.

A presença de Brasil e China nos BRICS, que juntou grandes países em desenvolvimento do mundo, fez a cooperação entre as duas nações se firmar ainda mais, principalmente nos campos político e econômico.

Na economia, o principal destaque foi para o comércio e as commodities. Já em 2009, a China se tornou a principal parceira comercial do Brasil. No final da década, os números do comércio bilateral entre Brasil e China apresentavam crescimento de mais de 500% desde 2003, ultrapassando a casa dos US$ 36 bilhões.

“A gente tá falando do Brasil como uma potência no agro, e a China precisa alimentar a maior população. O Brasil abastece a China, e a China abastece o Brasil. Não é algo novo”, afirma Vinícius Marques. “A balança comercial nossa, em termos de Brasil, é beneficiada por conta dessa relação”, ele completa.

A relação está ameaçada?

Nos últimos anos, principalmente depois do início da pandemia do coronavírus, houve alguns momentos de crise e instabilidade diplomática entre os governos brasileiros e chineses. Algumas declarações vindas de importantes membros do governo brasileiro, inclusive de responsáveis pelas relações exteriores do Brasil, geraram desconforto na embaixada chinesa em Brasília.

Mas Marques ameniza os riscos de rompimento de relações. “É engraçado quando vem o pessoal falando de boicote a China. É bom você sair da sua casa então, morar no meio do mato, porque não dá para fazer muita coisa”.

Leia mais: Como a tecnologia está ajudando as negociações internacionais durante o coronavírus?

Importação da China: qual é o cenário atual?

Claro que não foi somente o Brasil, mas a pandemia do coronavírus impactou diretamente no cenário de importação da China. Mesmo com a queda dos valores monetários, a China continua sendo o maior parceiro comercial do Brasil.

Entre os meses de janeiro e outubro de 2021, o país importou US$ 39,2 bilhões da China. Segundo levantamento de dados feito pela Logcomex, três tipos de produtos passaram de US$ 1 bilhão em importação da China: Células solares em módulos ou painéis, partes para aparelhos receptores de radiodifusão, televisão, etc., e outras partes para aparelho de telefonia/telegrafia.

Além disso, produtos como vacinas, ar condicionado e adubos e fertilizantes se destacam entre as principais mercadorias trazidas da China para o Brasil. “Hoje, quem procura qualidade e escala tem que ser de lá”, afirma Vinícius Marques. “Você ter um bom parceiro comercial na China é imprescindível”, completa.

E o gigante asiático segue exportando. Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações chinesas aumentaram em 67%. O Banco Mundial prevê que o país tenha um crescimento de 8,5% no PIB em 2021.

Como negociar com a China?

Fazer bons negócios com empresas e fornecedores chineses pode não ser uma tarefa fácil, e podem haver algumas armadilhas no caminho. “Vender para a China é legal”, conta Vinícius Marques, diretor da Guelcos International. “O trabalho é o mesmo, eu considero tão difícil quanto entrar no mercado, não só da China, como em outros mercados estrangeiros.”

Ele traz algumas dicas de como negociar com a China que podem fazer a diferença para seus negócios. Veja algumas:

  • Participar de feiras e eventos;
  • Estudar a regulamentação local para saber normas específicas para cada produto;
  • Checar informações públicas sobre as empresas para reduzir riscos de golpe;
  • Ter mais de um fornecedor de regiões diferentes da China, como se fosse um “Backup”;
  • Usar ferramentas de Big Data, como a Logcomex, para encontrar possíveis fornecedores.

Leia mais: Como encontrar fornecedores da China?

Frete de importação da China para o Brasil

Existem algumas barreiras que dificultam e encarecem o frete de importação da China para o Brasil. A rota entre os países, hoje, apresenta alguns dos fretes marítimos mais altos do mundo.

Antes da pandemia, os valores eram 5 vezes menores do que os preços encontrados no cenário atual. Claro que o coronavírus teve interferência no inflacionamento desses custos. Em diversas fases do período, as atividades dos portos foram paralisadas por surtos de Covid-19.

Além disso, a demora média de 60 dias nos embarques, alta disputa por espaço nos navios, falta de containers e gargalos logísticos dificultam a relação comercial com o mercado chinês.

Leia mais: Frete marítimo China-Brasil: por que ele quintuplicou?

Como importar da China?

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