A cachaça, uma das bebidas brasileiras mais icônicas, tem conquistado espaço significativo no mercado internacional nos últimos anos. Parte essencial da cultura nacional, ela se destaca como um destilado de alta qualidade, sendo que o potencial de exportação de cachaça é enorme.
Destilada a partir da cana-de-açúcar, a bebida tem uma longa história no país, mas apenas nas últimas décadas começou a receber reconhecimento internacional.
Atualmente, é o terceiro destilado mais consumido no mundo todo, movimentando impressionantes R$ 15,5 bilhões anualmente no Brasil. Contudo, esse número poderia ser ainda maior se o país aproveitasse ao máximo sua capacidade produtiva.
Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o Brasil tem capacidade de produzir até 1,2 bilhão de litros de cachaça anualmente. Entretanto, atualmente, a produção está em torno de 800 milhões de litros. Isso indica um potencial significativo de crescimento na produção, o que poderia impulsionar ainda mais a economia nacional.
Breve história da produção de cachaça no país
A história da cachaça no Brasil teve início em 1502, com os portugueses introduzindo cana-de-açúcar e técnicas de destilação.
Entre 1516 e 1526, o primeiro engenho de açúcar surgiu em Pernambuco, impulsionando o crescimento dessa cultura.
A produção da cachaça, resultante da fermentação e destilação da cana-de-açúcar, iniciou-se nesse contexto.
Os registros de 1585 apontavam 195 engenhos, e em 1629, já eram 349 em atividade. As primeiras cachaças teriam sido produzidas entre 1516 e 1532, com três hipóteses concretas sobre suas origens: Pernambuco, São Paulo e Porto Seguro, Bahia.
A cachaça brasileira foi o primeiro destilado produzido em larga escala na América, impulsionando a demanda por mão de obra escrava nos engenhos de cana-de-açúcar.
Sua alta concentração alcoólica a torna ideal para exportação, ao contrário do vinho e cerveja.
No século XVII, os holandeses desafiaram a hegemonia do açúcar brasileiro na América Central, levando as usinas a se concentrarem na produção de cachaça.
Entre 1710 e 1830, cerca de 310 mil litros de cachaça foram enviados anualmente para Luanda, parte disso trocado por escravos.
Nesse período, alambiques proliferaram em São Paulo e Pernambuco, disseminando a cachaça pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde sua produção segue até hoje, tanto na forma branca quanto envelhecida em barris de madeira.
Leia mais: Principais produtos exportados pelo Brasil: dados e estatísticas
Mercado da cachaça no Brasil
O mercado de cachaça no Brasil é diversificado, com 936 produtores formalizados responsáveis por 4.969 rótulos, conforme último anuário da cachaça divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em 2021.
A região Sudeste concentra a maioria das cachaçarias, representando 66,2% da produção nacional.
Além do sucesso interno, a cachaça brasileira também tem conquistado mercados internacionais.
Em 2022, as exportações alcançaram um faturamento de US$ 18,47 milhões, um aumento notável de 54,74% em relação a 2021.
Esses números continuaram a crescer no primeiro semestre de 2023, demonstrando o potencial contínuo da cachaça no mercado internacional.
O sucesso da cachaça no mercado global e seu potencial promissor são resultados de diversos fatores, incluindo o esforço das empresas que investiram na expansão para o exterior.
Estratégias como o Projeto Setorial “Cachaça: Taste the New, Taste Brasil“, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com o IBRAC, têm desempenhado um papel fundamental nesse crescimento. Bem como na promoção das exportações do setor, gerando reconhecimento e competitividade.
Renovado a cada dois anos, o projeto tem permitido que empresas brasileiras conquistem mercados globais.
Empresas apoiadas por esse projeto, aliás, foram responsáveis por pelo menos 65,4% do valor recorde de exportação de 2022.
O Programa de Qualificação para Exportação de Cachaça (PEIEX Agro Cachaça), outra iniciativa em parceria com o IBRAC, tem capacitado micro, pequenas e médias empresas para competirem no mercado internacional, preparando-as para atender às demandas específicas de cada mercado.
Além disso, a qualidade da cachaça é fundamental para o sucesso contínuo da bebida no exterior.
Dados da exportação de cachaça
O Brasil é pioneiro na produção e exportação de cachaça, exportando a aguardente para quase 100 países diferentes ao redor do mundo.
A partir de dados extraídos do Logcomex NCM Intel Exportação, compilamos alguns dados gerais sobre a exportação de cachaça, considerando o período de janeiro a julho de 2023.
Confira:
Volumes gerais
Nesse período, o valor total de FOB da exportação de cachaça ultrapassou os US$ 479 milhões, equivalente aos mais de 559 mil toneladas da bebida.
Modais de transporte da exportação de cachaça
Para o transporte do produto, com base na distribuição da quantidade em peso, dois modais de transporte se destacaram. O marítimo, equivalendo a 98%, já o rodoviário representando 1,37%.
Principais países compradores
Os principais compradores da cachaça brasileira estão na América e África, segundo nossa pesquisa e compilação de dados. Com Coreia do Sul, Gana e EUA liderando o ranking de importadores.
Principais estados exportadores
Trazendo esses números para dentro do Brasil, temos o rankeamento dos dez principais estados produtores e que, consequentemente, exportam o destilado. Na lista dos três principais estão São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
Principais unidades de desembaraço
O porto de Santos é o líder no ranking das principais unidades de desembaraço, seguido pelo porto de Paranaguá e IRF de Suape.
O que é preciso saber para exportar cachaça
Existem no Brasil, hoje, mais de 40 mil produtores de cachaça, que exportam cerca de 1% do que produzem.
Embora seja um produto feito apenas com um item (a cana-de-açúcar) é preciso tomar cuidado com o processo como um todo.
Por se tratar de uma bebida alcoólica, é preciso total diligência em seu armazenamento. Sendo que ele varia conforme seu modo de transporte e tempo de deslocamento. Tudo para que o produto final chegue em perfeito estado no país que o importou.
Assim, ao exportar a cachaça é preciso entender para onde vai e como será feito esse deslocamento, para evitar danos durante a logística.
Dessa forma, o modo de embalo e envasamento da bebida deve ser uma preocupação de quem exporta.
Tributação da cachaça
Um ponto fundamental para quem exporta a bebida é sua tributação. Esta se determina pela NCM correspondente, com base na porcentagem de teor alcoólico.
No Capítulo 22, que abrange ‘Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres,’ dois grupos são relevantes: 2207, para teor alcoólico igual ou superior a 80%, e 2208, para teor alcoólico inferior a 80%.
Primeiro, é crucial conhecer o teor alcoólico antes de atribuir a NCM. Para teor superior a 80%, as opções incluem 2207.10.90, 2207.20.19 ou 2207.20.20.
Para teor inferior a 80%, considere 2208.40.00 (Rum e outras aguardentes da cana-de-açúcar) ou 2208.90.00 (Outros).
Na tributação pelo Lucro Real, os encargos consistem em 1,65% de PIS, 7,6% de COFINS, ICMS variável por estado, 15% de IRPJ com adicional de 10%, e 9% de CSLL. Entretanto, a tributação real depende do imposto, compras e lucratividade.
O PIS e COFINS têm alíquotas na venda e créditos na entrada. O ICMS possui alíquota na venda e crédito na entrada.
O cálculo do IRPJ e CSLL tem como base o Lucro Contábil da empresa e as alíquotas mencionadas.
No Lucro Presumido, a tributação varia conforme as alíquotas mencionadas, mas não há crédito sobre as compras.
O governo determina o Lucro Presumido, e aplicam-se as alíquotas de IRPJ e CSLL diretamente sobre as vendas.
No regime do Simples Nacional, a tributação varia de 4% a 30%, dependendo do tipo de negócio e do faturamento. O pagamento é unificado em uma guia chamada DAS (Documento de Arrecadação do Simples).
Acesse dados da exportação de cachaça com Logcomex NCM Intel Exportação
A plataforma de análises do mercado de exportação da Logcomex, o NCM Intel Exportação permite que você:
- Faça análises detalhadas: consultando dados como possíveis compradores/fornecedores, valor FOB exportado, países de destino, volumetria de exportações, modais de transporte, URFs, UFs exportadoras e mais
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