Dados da exportação de carne bovina brasileira

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Atualmente, a exportação de carne do Brasil representa cerca de 25% da produção nacional, que é negociada para centenas de países do mundo todo, seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade para atender às demandas do mercado. Abaixo, um panorama da produção conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Números do setor
Cabeças de gado 202.78 milhões
Cabeças de gado abatidas 42.31 milhões
Toneladas de carne bovina (TEC) produzidas 10.79 milhões
Toneladas de carne bovina (TEC) no mercado interno 7.78 milhões
Toneladas de carne bovina (TEC) exportadas 3.02 milhões
Panorama da produção de carne bovina até o momento. Fonte: Abiec

Dados da exportação de carne bovina

O Brasil registrou queda de 25% na exportação de carne. Segundo levantamento da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), realizado a partir da compilação dos dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), o país também apresentou redução na receita acumulada do ano.

Ainda assim, a carne bovina é um dos principais produtos da pauta exportadora brasileira, ocupando a posição do ranking de produtos mais vendidos para o exterior. A saber, no Brasil, as principais NCMs da exportação de carne bovina são as que listamos a seguir: 

  • NCM 0202.30.00 — Carnes desossadas de bovino, congeladas
  • NCM 0201.30.00 — Carnes desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas
  • NCM 0206.22.00 — Fígados de bovino, congelados
  • NCM 0206.29.10 — Rabos de bovino, congelados
  • NCM 0201.20.90 — Outras peças não desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas
  • NCM 0206.29.90 — Outras miudezas comestíveis de bovino, congeladas
  • NCM 0504.00.11 — Tripas de bovinos, frescos, refrigerados, congelados, salgados ou em salmoura, secos ou defumados.
Tabela do NCM Intel Expo Logcomex com as principais NCMs da importação de carne
Valor total da exportação de carne entre janeiro e agosto de 2023.Fonte: Logcomex

A receita obtida com a exportação de carne ficou na casa dos US$ 6 bilhões. O que representa um peso total exportado de quase 1,3 milhões de toneladas, conforme podemos ver no gráfico abaixo — com dados atualizados  extraídos do NCM Intel Exportação, plataforma da Logcomex:

Captura de tela do NCM Intel Expo Logcomex com valor FOB e peso da exportação de carne
Quantidade total da exportação de carne bovina entre janeiro e setembro de 2023. Fonte: Logcomex

Estados exportadores

Mato Grosso segue em primeiro lugar como principal exportador de carne brasileira (com quase pouco mais de 1,4 bilhão das exportações), seguido por São Paulo (com 1,2 bilhão), Goiás (com pouco 914 milhões), Mato Grosso do Sul (com 604 milhões) e Minas Gerais (com quase 600 milhões).

Captura de tela de gráfico em barras horizontais do NCM Intel Logcomex com UFs exportadoras de carne
Principais estados exportadores da carne bovina exportada do Brasil

Unidades de desembaraço

Já entre as principais unidades de desembaraço, o top 3 é composto pelo porto de Santos), movimentando +3 bilhões das importações; o de Paranaguá (no Paraná) movimentando +1 bilhão e o de Itajaí (em Santa Catarina), que movimentou quase 230 milhões da carne bovina exportada.

Captura de tela de gráfico em barras horizontais do NCM Intel Logcomex com URFs exportadoras de carne
Principais URFs exportadoras de carne bovina no Brasil. Fonte: Logcomex

Países de destino

A exportação de carne para a China segue em alta, apesar da queda em relação ao ano passado. O Brasil alcança países em todos os continentes — por exemplo, Chile e EUA na América; Malásia, Hong Kong e Filipinas na Ásia; Egito, Israel, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita no Oriente Médio, além da Rússia (cujo território ocupa Europa e Ásia).

Captura de tela de gráficos em rosca do NCM Intel Expo com os destinos da exportação de carne
Destinos da exportação de carne. Fonte: Logcomex

Enquanto, por um lado, os EUA reduziram suas importações de carne brasileira, Malásia e Chile, por outro lado, tomaram o caminho inverso, aumentando suas compras do insumo. Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) em nota oficial ao Poder 360: 

“O resultado do desempenho do gigante asiático vem impactando decisivamente no desempenho total das vendas de carne bovina deste ano. […] Além disso, a valorização do real em relação ao dólar também foi outro fator que impactou nas receitas dos exportadores”

Modais de transporte

Em relação aos modais de transporte, a maior representatividade é do marítimo — transportando 92,67% da exportação de carne — e o rodoviário, 7,28%. Sendo que o aumento deste último se deve, sobretudo, ao aumento das importações chilenas da carne bovina brasileira.

Captura de tela de gráficos em rosca do NCM Intel Expo com os modais da exportação de carne
Modais de transporte da exportação de carne. Fonte Logcomex

Projeções para a exportação de carne brasileira

O futuro da exportação de carne bovina brasileira é promissor, alavancado pelo aumento contínuo da demanda global e oportunidades crescentes de expansão em mercados estrangeiros. Apesar do declínio inicial nas exportações em 2023, a indústria está se adaptando às tendências do mercado e às necessidades dos consumidores globais.

Oportunidades na Ásia e América do Norte 

O Brasil, reconhecido como o maior exportador de carne bovina do mundo, tem se destacado no fornecimento de carne ingrediente, que é posteriormente industrializada nos países de destino. A demanda crescente da China, em particular, representa uma oportunidade valiosa. 

Aliás, o país asiático que atualmente é o maior mercado para a exportação do Brasil, está em busca de alternativas, impulsionando a procura pela carne bovina brasileira. Afinal, a China depende em grande parte das importações, criando uma oportunidade substancial para o Brasil expandir suas exportações.

Outra conquista notável é a abertura do mercado mexicano para o Brasil, oferecendo acesso não só ao México, mas também aos EUA e Canadá — uma região com cerca de 500 milhões de habitantes. A Indonésia, um mercado com grande potencial, também aumentou sua importação de carne bovina brasileira, impulsionando as exportações.

Segurança alimentar

Apesar dos avanços, existem desafios a serem enfrentados. A questão da segurança alimentar, por exemplo — especialmente em relação a surtos de doenças como febre aftosa e encefalopatia espongiforme bovina, continua a ser uma preocupação. O que requer cuidados especiais.

Nesse sentido, manter um sistema de defesa robusto e transparente é essencial para garantir a confiança dos compradores internacionais. Estratégia esta que, por sua vez, não apenas sustentará, como também aumentará a demanda por carne bovina brasileira no mercado global.

Rastreabilidade

A rastreabilidade da cadeia de suprimentos e a implementação de padrões governamentais também são cada vez mais cruciais. Nesse sentido, empresas e órgãos estão trabalhando juntos para fortalecer a transparência e reduzir os riscos associados à produção de carne bovina. 

Afinal, é fundamental que cada um dos elos da cadeia produtiva estejam envolvidos nesse esforço conjunto para ampliar a presença do Brasil no mercado global. Inclusive compartilhando responsabilidades não apenas para garantir uma produção sustentável, como também socialmente responsável.

Futuro promissor

O Brasil — com seu vasto potencial e investimentos em inovação e melhoria da cadeia de suprimentos — tem tudo para se manter como maior exportador de carne bovina do mundo. Enfrentando desafios de frente, o país consolidará sua posição e estabelecerá padrões elevados para o setor, servindo como modelo para outras nações. 

Aumento na produção de carne

A produção de carnes no Brasil está em constante transformação, com números impressionantes divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Estima-se que a produção dos principais tipos de carnes atinja aproximadamente 29,6 milhões de toneladas, marcando o auge histórico para aves, suínos e bovinos. 

As exportações também devem bater recordes — com previsão de superar os 9 milhões de toneladas, gerando dessa maneira um excedente extremamente significativo no mercado interno, estimado em nada menos do que impressionantes 20,44 milhões de toneladas. 

Segundo projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), haverá um crescimento notável na produção de carne bovina brasileira, alcançando a marca dos 11,16 milhões de toneladas por carcaça equivalente em 2023, um 8% a mais do que em 2022. 

Essa expansão é impulsionada por uma série de fatores, incluindo aumento dos abates de fêmeas, levando a uma oferta maior de carne no mercado. Esse cenário também é favorecido pelas melhores condições econômicas para os consumidores, além de uma demanda externa firme, especialmente oriunda da China.

Impulsionamento das negociações

As projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também indicam que o país deve negociar aproximadamente 3,35 milhões de toneladas em 2023 e 3,40 milhões em 2024. O que é reforçado pelo fato de que o Brasil também está explorando novos mercados e expandindo sua presença global para se consolidar entre os maiores exportadores de carne bovina do mundo.

Desafios da indústria de carnes

Apesar das previsões promissoras, este mercado também enfrenta desafios. A concorrência externa, mesmo em declínio em alguns países, ainda deve ser considerada. Além disso, diversos fatores podem afetar a volátil demanda global, incluindo mudanças nas preferências dos consumidores e instabilidade econômica global.

A indústria de carnes no Brasil continua a se adaptar e evoluir através da busca por métodos sustentáveis, bem como pela rastreabilidade e pelos padrões de qualidade elevados, fatores inegavelmente cruciais para manter sua competitividade no mercado internacional. 

Além disso, com o apoio de políticas eficazes, da inovação contínua e de uma abordagem estratégica para os desafios, o país está bem posicionado para se manter como líder na produção e exportação de carne nos próximos anos e obter ainda mais destaque no mercado global.

Leia mais: Como a exportação de carne influencia no consumo, na política e na balança comercial brasileira

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