Quando falamos em comércio exterior, logo pensamos nas instabilidades e oscilações de mercado que estão envolvidas durante todo o processo. Esse cenário faz parte de um todo, que pode mudar por conta de ‘n’ situações — como, por exemplo, guerras, valorização da moeda e transição de governos, por exemplo. Ano passado, vimos muitas dessas situações se concretizarem e acertarem em cheio quem trabalha com o comex. Por isso, esse artigo é para você que busca, assim como nós, tentar entender um pouco mais sobre como será o futuro do comércio exterior e quais são as tendências para esse ano.
Lembrando, claro, que são discussões baseadas em projeções. Se está à procura de mais informações, segue com a gente no texto abaixo.
Neste texto, você irá conferir:
Cenário do comércio exterior em 2022
2023 começou repleto de desafios para quem atua no mercado internacional. Um novo ano repleto de expectativas e que exige muito planejamento e trabalho árduo para alcançar bons resultados. Muito disso ocorreu como resultado da ‘ressaca’ do ano anterior.
Portanto, antes de entrarmos nas tendências para o futuro do comércio exterior, vamos dar uma olhada no cenário do mercado no ano que passou.
Em 2022, vimos grandes mudanças, transformações e ainda necessidades de investimos para adequação ao cenário vivido.
Tivemos desdobramentos da pandemia da Covid-19 e todas as vertentes, a guerra entre Ucrânia e Rússia e a Copa do Mundo.
Além das eleições para Presidente da República e Governador, que se tornaram uma polarização à parte. Todo esse contexto está diretamente ligado ao comércio exterior.
Por isso, durante 2022 pudemos ver algumas situações bem atípicas causadas por essas combinações de eventos mundiais. Algumas das principais foram:
Escassez de contêineres
Esse efeito dominó, por assim dizer, começou em 2021 e se manteve no ano passado. A escassez de contêineres fez com que os preços dos fretes de importação aumentassem em uma escala mundial, pesando no bolso de todos que utilizam as caixas metálicas no modal.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita apontou que em janeiro de 2020 o frete da Ásia era de U$S 1,9 mil, que é um dos principais importadores do Brasil. No entanto, em fevereiro de 2022, esse preço saltou para US$ 10 mil.
A princípio, a expectativa é de que a oscilação de preços e até mesmo a falta de contêineres continuem em um cenário de médio prazo, de acordo com informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
Leia também: Entenda o mercado, as inovações e desafios dos contêineres
Conflitos armados
Inegavelmente, é impossível falar de 2022 sem lembrar do cenário de guerra entre Ucrânia e Rússia.
Ambos países são grandes fornecedores de commodities para o mundo. Contudo, devido a situação seu fornecimento foi ameaçado.
Como resultado, temos a possibilidade de preços de produtos ainda continuarem pressionados. Isso vai fazer com que os bancos centrais ao redor do globo mantenham os juros altos por longos períodos, o que vai manter a instabilidade, gastos e dificuldades para as empresas.
Burocracia
Ainda existe, sim, muita burocracia em solo brasileiro. Nesse sentido, a importância de desburocratizar os processos internacionais vem de encontro com a necessidade do comércio internacional.
Estamos falando de registros de propriedades, pagamentos de taxas e impostos, bem como a obtenção de crédito.
Durante as operações envolvendo o comex, qualquer mínimo erro pode dificultar a vida do importador/exportador e trazer até mesmo prejuízos financeiros.
Como por exemplo, um dado errado interromper a entrada de uma mercadoria no país ou acarretar em uma multa.
Ainda assim, com a chegada de um novo ano e mais tempo, as logísticas internacionais estão também voltando ao eixo.
É o que apontam os dados divulgados pelo Governo Federal. Até a segunda semana de janeiro deste ano, as exportações cresceram 16,8%, comparadas ao mesmo período do ano anterior. A soma foi de U$S 11 bilhões.
Já as importações caíram 1,6% e somaram U$S 9,29 bilhões. O carro chefe desse crescimento está, principalmente, nas vendas de trigo, centeio, arroz e milho.
As commodities devem continuar a puxar as exportações brasileiras durante 2023, seguindo a tendência.
Futuro do comércio exterior: tendências para 2023
Falando sobre 2023, é importante destacarmos que, diante de todo esse cenário internacional da economia, é preciso considerar planos de ação para evitar problemas no caminho do planejamento, nas negociações e também na gestão para evitar surpresas durante o ano e nos ‘frutos’ de 2024.
Nesse sentido, algumas medidas de padronização, otimização e controle são indicadas para aumentar a qualidade do trabalho no comex. Sempre contando, ainda, com a tecnologia.
Como parte dessas tendências de futuro para o comércio exterior — considerando mercado, implantações e melhorias — podemos citar:
Mudanças nas cadeias de suprimentos e ESG
Essas são as práticas que ampliam e formalizam a sustentabilidade empresarial em três diferentes pilares, sendo eles: ambiental, social e governança corporativa.
Quando se trata de negociações internacionais essa prática é fundamental, já que várias empresas e países exigem políticas bem definidas nesses quesitos para que possam seguir com as vendas ou compras de produtos.
E é preciso atentar para essa mudança e exigência de mercado. Destaque para os 68% dos empresários industriais que responderam ter interesse nesse assunto ao serem questionados na Sondagem Industrial 2023 da Federação das Indústrias do Paraná.
Entre as principais motivações estão a redução de custos e melhorias obtidas no resultado operacional.
Leia também: O que é ESG? Saiba a importância e benefícios
Novos acordos comerciais
É mais do que importante firmar novos acordos comerciais entre países estrangeiros o Brasil. Por isso, essa é uma tendência para o futuro do comércio exterior.
Conforme a Confederação Nacional da Indústria, apenas 7% do comércio mundial é representado por países que mantêm acordos comerciais com o país verde e amarelo. Dado que reforça a necessidade de formalizar acordos com outros blocos comerciais.
Outros estudos mostram ainda que a tarifa média de importação aplicada aos produtos brasileiros no exterior é de 4,6%, enquanto a média geral dos principais países é de apenas 2,3%. Como resultado, isso gera custo direto e menor competitividade.
Para 2023, a expectativa é que haja retorno das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. O novo governo é uma aposta para restabelecer pontes e reativada a política do chamado ‘Sul-Sul’.
Além de fortalecer e estreitar laços de mercados com a Oceania. Essa tese se reforça quando lembrarmos que na posse do novo presidente mais de 70 delegações estrangeiras estiveram presentes.
Reformas estruturais
Há muito tempo já cobrada, a reforma tributária, principalmente, já teve indicativos que deve sair do papel neste ano.
O vice-presidente Geraldo Alckmin já chamou a atenção para a urgência da medida, além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que espera aprovar a reforma ainda no primeiro semestre.
Essas reformas estruturais e profundas são fundamentais para a redução do chamado Custo Brasil. Ponto primordial sobretudo para a criação de novos acordos e até mesmo da neutralidade do país.
Afinal, se a carga tributária só continuar aumentando, não adianta tentar fortalecer os laços no Mercosul. Além disso, se as mercadorias brasileiras continuarem a serem ofertadas internacionalmente com custo maior, a competitividade tende a diminuir. Isso acarretará, novamente, em menor competitividade.
Neutralidade em relação à política externa
O Brasil precisa continuar neutro em relação a conflitos envolvendo a política externa. Por exemplo, Rússia e Ucrânia, Estados Unidos e China devem ter mais problemas ao decorrer do ano.
O país verde e amarelo, no entanto, precisa colocar em pauta a necessidade de se manter apartidário, mas sem desmerecer ou ser tendencioso para um lado.
Assim evita ser envolvido na situação que pode afetar a economia de forma drástica.
Novo processo de importação
Ponto positivo para o comércio exterior! A retomada do Portal Único de Comércio Exterior, juntamente com a entrada do Novo Processo de Importação (NPI) deve, como resultado, minimizar a burocracia alfandegária e aduaneira, o que, teoricamente, vai aumentar a velocidade para a liberação de novos processos. Entre eles:
- Operador Estrangeiro
- LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos)
- DUIMP (Declaração Única de Importação)
- CCT (Controle de Carga e Transporte)
- PCCE (Pagamento Centralizado de Comércio Exterior)
- Vinculação das informações com a nota fiscal, sistemas de gestão de operações de importação, com a SEFAZ e outros sistemas de intervenientes.
Em 2020 o PIB foi de U$S 75,76 bilhões, considerando o impacto das entregas já realizadas pelo Portal. Segundo estudos, a projeção, até 2040, é de alcançar o acréscimo de U$S 124,9 bilhões com a entrada na totalidade do Portal Único de Comércio Exterior.
Justamente por isso, é necessário que as empresas já façam uso da ferramenta em 2023 e das novas práticas.
Assim, a expectativa é de que em 2024 já esteja em pleno funcionamento operacional e desburocratizando operações de comércio exterior.
Low code
Em suma, o low code é uma técnica de desenvolvimento de software que usa ferramentas para criar um aplicativo com menos códigos do que o tradicional.
A ideia é integrar sistemas e construir ferramentas efetivas para facilitar a vida de quem a está utilizando. Isto é, sem mais três, quatro ou mais sistemas para conseguir uma informação.
Sendo assim, o comércio exterior carece de novas soluções de sistemas, follow-ups e integrações de pagamentos.
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