Auditores fiscais da Receita Federal de todo o país deram início nesta terça-feira (26) a uma greve geral por tempo indeterminado em protesto por um reajuste no vencimento básico da categoria.
A mobilização foi aprovada em assembleia nacional do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) na semana passada e ocorre na sequência de uma série de paralisações temporárias realizadas desde o mês passado.
Apesar da greve, 30% do contingente de trabalhadores deve manter o trabalho. Assim, a prioridade nas aduanas será o processamento de cargas vivas, perecíveis (alimentos e medicamentos) e itens de perigo.
Com a realização da chamada operação padrão nas aduanas, os o processo de desembaraço das mercadorias levará um tempo maior, o que deve afetar empresas, que terão menos previsibilidade e maior custo de armazenamento, e a operação portuária.
Nos portos, a situação é considerada preocupante, uma vez que a morosidade nas importações pode resultar em prejuízos ao setor logístico e à economia do país.
Empresários de todo o país manifestam preocupação com os impactos da paralisação, que pode agravar ainda mais atrasos já enfrentados nos portos brasileiros, decorrentes de problemas operacionais internos e do aumento da instabilidade geopolítica global.
No primeiro semestre, a importação recorde de carros elétricos da China afetou a capacidade operacional de portos importantes do Brasil, como o de Itapoá (SC) e de Vitória (ES), gerando atrasos e gargalos para o comércio exterior.
A seca expressiva que afetou cursos importantes de navegação e cabotagem em Manaus também foi um fator que contribuiu para um déficit nas operações de logística internacional.
No segundo semestre, uma greve convocada pelo principal sindicato de estivadores dos Estados Unidos em busca de melhores condições salariais fechou 30 portos em uma faixa territorial que vai do Maine ao Texas, gerando impacto para um quarto do comércio internacional do país.
Um dos efeitos diretos dos gargalos logísticos recai sobre o preço dos fretes marítimos internacionais. Para se ter uma ideia, em março, o custo médio para importar um contêiner de 20 pés da China para o Brasil era, em média, de US$ 3.105.
Já uma operação idêntica em outubro custou, em média, US$ 10 mil, alta de 222%. Até o momento, remessas chinesas agendadas para chegar ao Brasil em dezembro estão com valor médio de US$ 6.905, custo que pode aumentar com atrasos provocados pela greve dos auditores.