A importação de peças automotivas é um negócio vantajoso e em plena expansão no Brasil, por conta da grande quantidade de marcas de veículos estrangeiros no país, com destaque para as de origem chinesa.
Ainda que haja no Brasil fábricas de multinacionais do ramo automotivo, o país tem uma produção de peças de reposição que não atende ao mercado local e muitas vezes é mais cara do que as importadas, o que estimula a compra dessas peças em outros países.
Além disso, a baixa qualidade das estradas nacionais e vias urbanas e rurais fazem com que a vida útil dos automóveis seja reduzida, necessitando de constante manutenção.
Este é um cenário muito favorável à compra de peças automotivas no exterior, o que destaca a importância da cadeia de suprimentos no setor automotivo para o abastecimento das fabricantes e revendas de peças.
No entanto, para aproveitar essas vantagens, é essencial seguir os procedimentos para a importação, como os documentos necessários, pesquisas de fornecedores confiáveis, impostos a pagar, dentre outros.
Confira neste artigo o passo a passo de como fazer isso!
O Brasil importa peças automotivas por, basicamente, quatro motivos: preço, qualidade, variedade e necessidade de reposição. Comprar peças em outros países tem sido mais vantajoso em comparação às peças nacionais por conta do custo de produção, que é menor lá fora.
Assim, um grande fator que contribui para isso é o custo de produção brasileiro, devido a sua carga tributária e trabalhista, consideradas uma das maiores do mundo. Outros fatores a considerar são a dependência dos fornecedores internacionais e a demanda do setor automotivo, sobretudo das montadoras.
A dependência de fornecedores internacionais para reposição nas peças automotivas está relacionada à qualidade e à variedade dos produtos em comparação aos fabricados no Brasil.
O mercado internacional oferece um leque muito extenso de peças de reposição, fabricados a preços mais baixos e com qualidade melhor. Isso decorre principalmente dos custos que envolvem a produção em outros países, como regimes tributários e trabalhistas.
Outro ponto importante nesta relação de dependência é que, como mostrado na tabela acima, quantidade significativa de peças automotivas fabricadas no Brasil vão para exportação.
Assim, o mercado local acaba por ficar desabastecido de produtos fabricados localmente e surge a necessidade de importação para atender à cadeia de suprimentos de peças automotivas no Brasil.
O crescimento da demanda de peças automotivas no Brasil decorre da necessidade de as montadoras terem sempre peças de reposição, principalmente para não paralisar a produção, já que as peças automotivas correspondem a cerca de 70% do custo dos veículos, de acordo com o Sindipeças.
Além disso, o Brasil e a América Latina têm sido cada vez mais foco de interesse de montadoras estrangeiras, seja para fabricação ou venda de veículos.
Nos últimos cinco anos, a China, por exemplo, quadruplicou as vendas para a região, se tornando o principal fornecedor. Em 2023, os chineses aumentaram em 20% as vendas para a América Latina, enquanto os Estados Unidos chegaram a 17% e o Brasil em 11%.
Seguir de forma correta as etapas para importação de peças automotivas é essencial para que você tenha êxito nas suas operações. Primeiro, você deve estar com o CNPJ da sua empresa regularizado e habilitá-la no Radar Siscomex, da Receita Federal. Faça também uma análise de mercado sobre quais peças deseja importar e sobre seu público alvo.
A pesquisa de fornecedores internacionais de peças automotivas é um passo de grande importância para estabelecer negócios confiáveis e relações de médio e longo prazo.
Verifique a capacidade produtiva do fornecedor, sua reputação e histórico, se possui certificações de qualidade dos produtos, como a ISO 9001, além de garantias de devolução em caso de problemas após a entrega.
Os principais fornecedores de peças automotivas ao Brasil são da China, Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul e Japão.
O modal marítimo é mais utilizado na logística de peças automotivas, e por isso é importante você estar bem assessorado para seguir todos os procedimentos com vistas ao embarque da sua carga.
É preciso verificar a melhor forma de embalagem das peças para o transporte, no intuito de evitar danos, e fazer o seguro da carga. Afinal, muitas das peças de um veículo são frágeis e podem se quebrar em caso de alguma pancada ou queda.
Essa etapa diz respeito aos processos aduaneiros na importação, sendo essencial a contratação de um despachante especializado na área.
Esteja atento às documentações, como certificados de origem, o packing list (ou romaneio de carga), a fatura proforma e a comercial, a DI (Declaração de Importação) e a Nota Fiscal de importação.
É de suma importância também verificar o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) do produto e fazer a classificação fiscal que determina as alíquotas dos impostos e todas as outras tarifas de importação de peças automotivas.
>> Veja as alterações do processo de importação com a DUIMP
Pesquisas mostram que peças importadas chegam a custar até 80% menos do que as produzidas no Brasil, incluindo os custos de frete e impostos. Isso dá uma grande vantagem competitiva para quem trabalha com importação desses produtos.
Não à toa, o item “partes e acessórios de veículos automotivos” ficou em 5º lugar no ranking das importações do Brasil em 2023, segundo o Comex Stat, com 3,04% de participação nas importações totais.
Apesar de serem números robustos, é importante observar que a série histórica também aponta para momentos de baixa nas importações, relacionados a diversos fatores, como estoques elevados de veículos nas fabricantes, queda da demanda e crise sanitária (pandemia).
O ano de 2024 já mostra recuperação em relação ao primeiro semestre de 2023, com aumento de 5,6% nas importações de peças automotivas.
Balança comercial de autopeças em 2024 – preço US$ FOB
(Fonte: Sindipeças)
De acordo com o Sindipeças (entidade dos fabricantes de autopeças), as importações movimentaram US$ 11,8 bilhões, sendo a variação interanual (em relação a 2023) uma das maiores de 2024.
Isso fez aumentar o saldo deficitário da balança comercial para US$ 7,4 bilhões no semestre, variação de 27,3% em comparação com o mesmo período de 2023.
O cenário atual do mercado exterior se mostra favorável para a importação de peças automotivas, que vem se destacando na balança comercial brasileira, em relação à exportação dos produtos nacionais.
Os dados do primeiro semestre de 2024 já são mais positivos que em 2023 e sugerem que haverá maior crescimento na demanda por veículos importados, vendidos a preços mais acessíveis. Essa é a tendência, por exemplo, com veículos de montadoras chinesas.
Neste sentido, o mercado de importação de peças automotivas promete ficar aquecido por um bom tempo, fazendo com que no país surjam oportunidades de negócios vantajosos e com possibilidade de duração de médio e longo prazo.