E aí, já tomou uma taça de vinho hoje? A bebida está bem presente na nossa vida, em encontros com amigos e uma variedade de rótulos pode-se encontrar desde os mercados aos grandes empórios. Mas até chegar ao consumo, o vinho passa por vários processos, incluindo a logística do comex. No artigo de hoje vamos celebrar o dia desse produto tão amado e ainda trazer estatísticas da importação de vinho e consumo! Segue com a gente!
Consumo de vinhos no mundo
De acordo com um relatório divulgado ano passado pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), os três países que mais consomem vinhos no mundo são os Estados Unidos, com o equivalente a cerca de 4,4 bilhões de garrafas – tamanho padrão, de 750ml – por ano. Na sequência, com maior consumo anual, temos a França e, por fim, Itália, ocupando a terceira posição.
Alemanha, Reino Unido, China, Rússia, Espanha, Argentina e Austrália, preenchem o ranking até a décima posição. Nessa lista, especificamente, o Brasil não foi citado, mas essa é uma realidade que pode não estar tão longe.
Consumo de vinhos no Brasil
O consumo de vinhos no Brasil vem em uma crescente. A média atual é de 4,5 litros por habitante, segundo a Associação Brasileira de Enologia (ABE). Destaque para o ano de 2020, quando se alcançou essa marca de consumo, com a média aumentando 7,3%.
A pesquisa identificou ainda que a maior parte do consumo de vinho acontece na região sudeste do país, responsável por 60% do consumo total.
O aumento expressivo se dá, segundo especialistas, por conta do período de pandemia da Covid-19. Com bares, restaurantes e demais opções fechadas, o brasileiro passou a comprar garrafas de vinho para o consumo dentro de casa.
Um estudo feito e divulgado pela empresa Ideal Consulting apontou que o aumento de vendas de vinhos – em litros – no país foi bastante significativo durante esse período de quarentena três anos atrás. O salto foi de 383 milhões de litros em 2019 para 501,1 milhões de litros em 2020.
E ainda que 2021 tenha fechado com uma sutil queda, com o consumo de 489,4 milhões de litros, as projeções seguem em alta. O número não representa retrocesso, afinal de contas, 2020 foi um ano fora da curva, sendo muito positivo.
Tendências do mercado brasileiro de vinhos
Mesmo com o dólar ainda em alta, a venda de vinhos importados no Brasil subiu de 32% em 2019 para 34% em 2021. Por isso, esse nicho segue como uma aposta de mercado.
Já em termos de tendências neste ano, 2023, a expectativa do setor segue em alta. Ainda mais levando em consideração a relação do consumidor final com a bebida, como: compras pela internet, através de clubes de assinaturas ou diretamente com vinícolas.
De forma geral, produtores e importadores estão apostando em bag-in-box também. São caixas com capacidade para três litros e que mantém a bebida a vácuo, mesmo depois que a garrafa for aberta.
Vinhos em lata e vinhos em coquetéis prontos são outras tendências. Inclusive, essas opções mais fáceis de consumo devem representar 8% do mercado de bebidas alcóolicas até 2025. A opção de vinho sem álcool também entra na mira do setor como aposta para alavancar as vendas.
Um dado que reforça essa perspectiva vem do relatório da Brazil Wine Landscapes em 2022. 51 milhões de brasileiros consomem vinho.
Estatística com aumento de 12 milhões de pessoas comparada com a publicação anterior. Isso representa 36% da população adulta do país.
Consequentemente, a partir desse número, podemos entender que o potencial de mercado brasileiro está aquecido.
Exportação de vinho brasileiro
Considerado o maior produtor de espumantes da América Latina, o país verde e amarelo busca e vem conquistando reconhecimento também pelos vinhos.
Os produtos brasileiros estão investindo em compradores localizados em diferentes países no mundo. Prova que a aposta está dando certo são os números: em 2021 , a exportação da bebida foi equivalente a U$S 12,3 milhões, aumento que passa de 50% comparado a 2020.
De janeiro até novembro do ano passado, um outro balanço apontou que o setor de vitivinicultura tinha alcançado a marca de U$S 12,7 milhões.
O avanço está ligado também ao investimento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ApexBrasil.
Um projeto específico deles, conhecido por Setorial Wines of Brazil, vem sendo realizado em parceria com a União Brasileira de Vitivinicultura.
Aproximadamente 48,5% do que se exportou durante o período recebeu apoio do Projeto. O objetivo é promover justamente a internacionalização de vinhos e espumantes produzidos no país.
Hoje, o Brasil conta com mais de 1,1 mil vinícolas espalhadas em todo seu território. A região que se destaca como principal produtora é a Sul, responsável por, cerca de, 90% da produção nacional da bebida.
Leia mais: Confira os números da exportação de cachaça do Brasil
Qual o imposto de importação de vinhos?
Sobre os impostos que incidem sobre o vinho Importado, quando se analisa a NCM mais utilizado hoje pelos importadores (o 2204.21.00), temos as seguintes alíquotas:
- II – 27%
- IPI – 10%
- PIS – 2.10%; e
- COFINS – 9,65%.
São alíquotas altas quando comparadas a outros materiais e isso se dá porque, primeiramente, não se trata de um produto essencial.
Em segundo lugar, o Brasil possui inúmeras vinícolas, e com isso a intenção do governo é proteger esse mercado para incentivar a produção e consumo local.
Como funciona a importação de vinho?
Importa-se cerca de 70% do vinho que se consome no Brasil. Entre as principais regiões produtoras e exportadoras do mundo estão França, Espanha, Chile e Itália.
O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é quem analisa o vinho atualmente, tendo a competência de verificar tudo o que se relacionar a produtos de uso agropecuário, obras de madeira, azeites, plantas vivas, flores, frutas, vinhos e bebidas em geral.
Dependendo da complexidade do item, ele pode se enquadrar em diversos procedimentos constantes na IN 51/2011 e pode, inclusive, chegar a necessitar de Licença e Importação prévia ao embarque.
É importante atentar ao anexo que a IN traz (e que passa por atualizações regularmente) para identificar o procedimento correto a se utilizar para o item.
No caso do vinho, o enquadramento é feito dentro do Procedimento I para todos os NCMs citados no início do artigo. É ele que permite a análise após o embarque da mercadoria (desde que se apresente devidamente a relação de documentos).
A classificação é feita dentro da posição 2204 da NCM que traz o grupo “Vinhos de uvas frescas”, incluindo aqueles que são enriquecidos com álcool.
Dentro desse grupo estão contemplados diversos subgrupos que vão afunilando as opções conforme características do item.
Registro de Estabelecimento no MAPA
Por ser o órgão que controla a importação do vinho e derivados, é obrigatório o registro junto ao MAPA. Pode-se fazer a solicitação através do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários, conhecido como Sipeagro.
Para montar a documentação, exige-se a licença de importação, a fatura comercial, packing list e o conhecimento de embarque. Além disso, o importador precisa providenciar ainda certificado de origem, de análise e tipicidade (quando necessário).
Sipeagro e Sigvig
Após o registro no MAPA, o importador precisa solicitar junto ao órgão anuente o registro também via esses dois setores: Sipeagro, como citamos acima — que é um registro obrigatório por lei — e Sigvig.
Somente podem dar início aos procedimentos de importação depois de consegui-lo. O outro é se tratado do Sigvig, sigla para Sistema de Informações Gerenciais do Trânsito Internacional de Produtos e Insumos Agropecuários que disponibilizará o cadastro de um requerimento de importação.
Exigências com o fornecedor dos vinhos
Mais um ponto de atenção na hora de trazer vinhos de fora para dentro do Brasil são as normativas do país referentes aos documentos que se exigem do exportador.
É preciso que ele se adeque a burocracia exigida pelo Brasil, principalmente em alguns pontos específicos. Veja abaixo:
Rótulos
É aqui que vai o texto que trata acerca do produto. Na importação, é preciso que — no vinho — estejam bem explícitos os detalhes e informações exigidos no rótulo principal e contrarrótulo. São eles:
- Nome do vinho
- Tipo da uva
- Marca
- Ingredientes
- Safra
- Lote
- Conservantes
- Validade
- Graduação alcoólica
- As expressões: ‘Evite o consumo excessivo de álcool’ e ‘É proibido para menores de 18 anos’
- Nome e registro do importador.
Certificado de Origem
O exportador deve emitir esse documento com as informações que comprovam a origem do produto. No caso, a origem do vinho.
O documento é conhecido como ‘CO’ e pode ser emitido junto ao órgão equivalente ao MAPA, mas no país de origem e ainda deve seguir os parâmetros orientados pelas Instruções Normativas do Brasil.
Certificado de Análise
Conhecido por gerar impasses entre os exportadores de vinhos, o Certificado de Análise é trabalhoso. Já que há rigidez nas normativas com relação a esta documentação, em específico.
O documento exige análises mais minuciosas referentes a composição, índices alcoólicos, açúcar, qualidade, características químicas e a legislação brasileira ainda exige também que o laboratório do exterior – que vai fazer a análise – esteja cadastrado junto ao MAPA.
Frete internacional
Na importação, o frete internacional é um dos serviços com maior valor agregado. Uma boa saída para conseguir acesso a melhores condições e opções de frete, específico para a importação de vinhos, é o contato e intermédio de parceiros especializados.
Através deles, com base nas informações relacionadas à negociação internacional, é possível obter preços mais vantajosos. Contudo, é preciso atenção à contratação do seguro internacional e ao Incoterm escolhido.
Modal de transporte
Antes que o modal de transporte seja definido, é preciso levar em consideração aspectos importantes. A localidade do exportador, por exemplo, é um ponto chave para a decisão.
Alguns dos principais fornecedores de vinhos estão localizados no Chile e na Argentina, por exemplo. Nesses casos, o modal mais utilizado é o rodoviário, com liberações aduaneiras feitas nas fronteiras brasileiras.
Entretanto, o modal mais utilizado para o transporte da bebida a base de uva é o marítimo. Normalmente trazendo caixas em pallets. O menos utilizado para esse tipo de carga é o aéreo, já que custa caro e tem capacidade menor.
Além disso, a quantidade de volumes é outra peça chave na hora de escolher o transporte. Momento ideal, aliás, para autorizar o embarque da carga.
A saber, as importações de vinho costumam ser vistoriadas por fiscais da Receita Federal Brasileira nos recintos alfandegados.
Por isso, é indicado que quando a mercadoria chegar no Brasil, a carga de vinhos seja removida até um terminal autorizado pela RF.
A fim de evitar o alto custo com armazenagem na zona primária, faz-se a transferência da carga antes da nacionalização formal.
Depois de realizada até o espaço autorizado, é feita a análise documental e física, quando necessário.
Apenas depois dessa fiscalização e depois da autorização é que se pode fazer os trâmites aduaneiros, como recolhimento de impostos e transporte até o destino.
Desembaraço aduaneiro
Para garantir a nacionalização do vinho trazido de outros países é preciso de fato seguir muitos trâmites e considerá-los desde o planejamento da importação.
Só para exemplificar, só se autoriza a comercialização depois do Certificado de Inspeção, com emissão feita em até 60 dias, contando após resultado da análise laboratorial, pelo MAPA.
O importador pode retirar o produto do recinto alfandegado e armazená-lo em outro lugar por um preço mais baixo, enquanto realiza o processo de desembaraço aduaneiro. Essa ação se realiza através da emissão de um termo de Fiel Depositário.
Importação de vinho de janeiro a dezembro de 2022
A saber, para extrair os dados da importação de vinhos, analisamos na plataforma da Logcomex as seguintes NCMs:
- 2204.10.10 – Vinhos espumantes e vinhos espumosos, tipo champanha (champagne)
- 2204.10.90 – Outros vinhos de uvas frescas, espumantes e espumosos
- 2204.21.00 – Outros vinhos, mostos de uvas, fermentados, impedidos álcool, em recipientes de capacidade não superior a 2 litros
- 2204.22.11 – Vinhos em recipientes de capacidade não superior a 5 litros
- 2204.22.19 – Vinhos em recipientes de capacidade superior a 5 litros
- 2204.29.10 – Vinhos em recipientes de capacidade superior a 10 litros
- 2204.30.00 – Outros mostos de uvas
- 2205.10.00 – Vermutes, outros vinhos de uvas frescas, aromatizados, em recipientes de capacidade não superior a 2 litros
- 2205.90.00 – Outros vermutes e vinhos de uvas frescas, aromatizados.
Dados gerais da importação de vinhos
Analisando a plataforma, identificamos que a importação de vinhos das NCMs supracitadas foi equivalente a +US$ 460 milhões em valor FOB, representando quase 155 mil toneladas da bebida.
Abaixo, separamos alguns dos dados gerais da importação de vinhos disponibilizados pela plataforma:
Prováveis países de origem e aquisição da importação de vinho
De acordo com as informações extraídas da plataforma da Logcomex, identificamos que os principais países de origem da importação de vinhos foi Portugal, seguido pelo Chile, Itália e França.
Aliás, outros países que aparecem no ranking de importação de vinhos são Argentina, Espanha, Uruguai, Estados Unidos, África do Sul e Austrália.
Estados brasileiros importadores de vinho
No top 9 dos estados brasileiros importadores de vinhos, Santa Catarina lidera o ranking, seguida pelo Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Rondônia e Pernambuco.
Cidades dos importadores de vinho
Em relação às cidades dos prováveis importadores, se destacam Itajaí (SC), Serra (ES), Vila Velha (ES), Joinville (SC), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Velho (RO).
Unidades de desembaraço da importação de vinho
Por fim, quando se trata das principais unidades de desembaraço onde chegam os vinhos importados, se destacam a alfândega de Uruguaiana, o Porto de Santos, Itajaí, Porto do Rio Grande, a alfândega de Foz do Iguaçu, a alfândega de Dionísio Cerqueira, o porto de São Francisco do Sul, o Porto de Paranaguá e IRF São Borja.
Modais de transporte
Enquanto que em se tratando de modais de transporte para trazer os vinhos importados para o Brasil, o rodoviário lidera, seguido pelo marítimo e aéreo.