O futuro da gestão de frete: de comprador a estrategista de dados

Descubra como a gestão de frete evoluiu e quais habilidades são essenciais para transformar dados logísticos em vantagem competitiva.

Durante muito tempo, a gestão de frete foi tratada como uma função essencialmente operacional. Nesse modelo, o profissional responsável atuava como um executor. Mas isso mudou, e a figura do comprador de frete vem sendo substituída por um novo perfil: o de estrategista de dados.

Neste artigo, mostramos como essa transformação está redefinindo o papel da gestão de frete, quais habilidades são exigidas desse novo profissional e como a inteligência de dados se tornou essencial para tomar decisões mais estratégicas no setor.

Como era a gestão de frete tradicional

Antes da digitalização e do avanço das ferramentas de inteligência de mercado, a gestão de frete era amplamente baseada em negociações diretas, experiências acumuladas e relacionamento com fornecedores.

O foco principal era garantir o transporte da carga pelo menor custo possível, com pouca visibilidade sobre o contexto mais amplo da operação logística.

Ou seja, o papel do gestor era essencialmente reativo: recebia a demanda de embarque, buscava cotações com parceiros já conhecidos, comparava valores por meio de planilhas e, muitas vezes, tomava decisões com base em fatores subjetivos, como confiança no prestador ou impressões sobre prazos e serviços anteriores.

Características do modelo tradicional

Embora tenha atendido às demandas por um tempo, o modelo tradicional de gestão de frete tem uma série de limitações quando observado sob a ótica da eficiência, controle e estratégia. Destacamos as principais características que marcavam essa abordagem.

  • Relacionamento como principal critério de decisão: fidelidade a determinados parceiros logísticos, mesmo sem acompanhamento formal de desempenho ou revisão periódica de tarifas.
  • Foco exclusivo no valor do frete: o menor preço frequentemente era o critério decisivo, sem considerar custos indiretos, como atrasos, demurrage, falta de visibilidade ou impacto na cadeia de suprimentos.
  • Ausência de benchmarks de mercado: não havia comparação sistemática com médias regionais ou globais para avaliar a competitividade da proposta.
  • Baixa integração com outras áreas: a gestão de frete operava de forma isolada, dificultando uma visão estratégica do impacto logístico no negócio.
  • Processos manuais e não padronizados: planilhas, e-mails e telefone dominavam negociações,  o que tornava difícil monitorar históricos, mapear erros ou projetar melhorias.

A transformação digital da logística

A transição da logística operacional para uma logística estratégica está diretamente ligada à digitalização do setor. Com o avanço de tecnologias, empresas passaram a ter acesso a uma nova camada de informação – mais ampla, confiável e conectada, capaz de transformar o modo como se toma decisões sobre o frete.

Essa mudança reposiciona o papel do gestor, que, de alguém que negocia com base em intuição e histórico, passa a analisar variáveis de mercado com apoio de dados consolidados, indicadores de performance e análises preditivas

Big Data: Organizando o caos logístico

O Big Data tem papel fundamental ao organizar e dar sentido a grandes volumes de dados logísticos. Desde valores médios de frete por rota até padrões de atrasos por terminal, movimentações sazonais, taxas de ocupação de armadores e prazos médios de liberação aduaneira, tudo pode ser capturado, estruturado e transformado em insight.

A partir dessas informações, é possível:

  • Identificar tendências tarifárias por período e por região;
  • Avaliar a performance de fornecedores com base em indicadores reais (on-time delivery, lead time, custo médio por m³ etc.);
  • Comparar propostas de forma técnica, com benchmarks confiáveis;
  • Tomar decisões com menor margem de erro e maior previsibilidade financeira.

Em vez de agir sobre dados passados de forma isolada, o gestor trabalha com painéis atualizados e análises comparativas, que permitem antecipar variações e alinhar a operação com o planejamento estratégico da companhia.

Inteligência Artificial: da análise à projeção

Com a IA, a logística deixa de ser puramente descritiva para se tornar preditiva e prescritiva. Ferramentas com algoritmos avançados conseguem identificar padrões ocultos nos dados, detectar riscos e até sugerir melhor rota, modal ou janela de embarque com base em variáveis de performance, custo e tempo.

Aplicações práticas incluem:

  • Previsão de variações de frete em determinadas rotas;
  • Sugestões automáticas de transportadores com melhor histórico para determinada operação;
  • Alertas inteligentes sobre riscos de demurrage, congestionamentos ou eventos portuários;
  • Modelagem de cenários com base em parâmetros definidos pelo próprio gestor.

Na prática, a IA amplia a capacidade analítica do profissional de logística, oferecendo suporte técnico e agilidade para decisões mais seguras.

Visibilidade em tempo real: do embarque à entrega

Outra peça-chave da transformação digital na gestão de frete é a visibilidade logística em tempo real. Através de plataformas integradas, é possível acompanhar cada etapa do processo (da cotação até o recebimento da carga no destino) com alertas sobre desvios, atrasos ou mudanças no status dos embarques.

Essa visibilidade permite:

  • Antecipar gargalos, evitando impactos em produção ou estoque;
  • Ganhar agilidade em ações corretivas, como redirecionamento de transporte ou notificação de parceiros;
  • Alinhar expectativas com áreas internas (planejamento, financeiro, comercial) e com clientes;
  • Melhorar nível de serviço e reduzir custos ocultos, como horas paradas ou taxas adicionais.

A rastreabilidade completa do processo reduz a dependência de contatos manuais e descentralizados, ao mesmo tempo em que oferece base sólida para auditorias, compliance e melhoria contínua.

Leita mais: Inteligência Artificial no Comércio Exterior: O guia definitivo

O novo papel do gestor de frete

Com a digitalização da logística e o aumento da complexidade nas cadeias de suprimentos, o perfil tradicional do comprador de frete já não atende às demandas atuais do mercado.

Isso porque o profissional que antes atuava como cotador e negociador de tarifas passou a exercer um papel mais amplo e estratégico: o de analista e gestor de dados logísticos, com forte influência sobre eficiência, custos e previsibilidade da operação.

Essa transformação não é apenas tecnológica. É também de postura, responsabilidade e impacto no negócio. O novo gestor de frete precisa compreender o frete como parte essencial da estratégia da empresa, não apenas como um centro de custo a ser minimizado.

De tarefas operacionais à inteligência de mercado 

Como dito, no modelo antigo, o foco estava em fechar cotações rapidamente, manter o relacionamento com transportadoras e acompanhar o envio dos pedidos. Embora essas tarefas continuem importantes, elas agora são parte de um fluxo maior de decisões orientadas por dados.

Neste novo momento, o estrategista de frete atua com uma visão mais ampla, integrando variáveis como:

  • Volatilidade cambial;
  • Tendências de tarifa por rota e modal;
  • Performance de armadores e operadores logísticos;
  • Impactos do lead time na produção e no estoque;
  • Sazonalidades e gargalos de portos ou fronteiras;
  • Regulações comerciais e fiscais aplicáveis a cada operação.

O domínio dessas variáveis desbloqueia uma abordagem mais proativa e alinhada com os objetivos da empresa, conectando a operação logística às metas de margem, prazo e nível de serviço.

Sendo assim, o frete deixa de ser visto como uma despesa inevitável e passa a ser tratado como alavanca de vantagem competitiva.

As empresas que reconhecem esse novo papel e capacitam seus gestores para atuar com dados, visão estratégica e integração interdepartamental estão mais preparadas para enfrentar instabilidades de mercado, negociações complexas e picos de demanda, tudo isso com mais controle, margem e agilidade.

Habilidades necessárias para o futuro

Com o frete ocupando um lugar cada vez mais estratégico nas empresas, o profissional da área precisa desenvolver um conjunto de competências técnicas e analíticas que vão além da operação.

Essa evolução acompanha o avanço das tecnologias de monitoramento, a crescente integração entre áreas e a pressão por mais previsibilidade, controle de custos e ganho competitivo. 

O novo gestor de frete é, ao mesmo tempo, analista, negociador e conector de informações dentro da organização. Veja a seguir as principais habilidades que passam a ser diferenciais essenciais nesse novo cenário.

1. Análise de dados aplicada à logística

A habilidade mais urgente e decisiva. Com o volume crescente de informações disponíveis em plataformas, ERPs e ferramentas de visibilidade, o gestor precisa:

  • interpretar indicadores logísticos e financeiros, como variações tarifárias por rota, lead time médio, custo por metro cúbico e performance de parceiros;
  • utilizar dashboards e painéis analíticos para tomar decisões baseadas em dados atualizados em vez de seguir intuição ou padrões históricos;
  • conectar dados logísticos a resultados de negócio, avaliando o impacto do frete em margem, rentabilidade, giro de estoque e nível de serviço.

A leitura crítica dos dados é o que transforma o excesso de informação em vantagem competitiva.

2.  Visão estratégica e sistêmica

O novo gestor precisa enxergar além do frete. Ele deve compreender a operação de ponta a ponta e entender como a logística afeta diretamente outros departamentos, como compras, vendas, produção e financeiro. Essa habilidade permite que o profissional:

  • atue como parceiro de outras áreas, ajudando a alinhar a malha logística com os objetivos do negócio;
  • identifique oportunidades de ganho além da negociação de tarifas, como otimização de rotas, uso de modais combinados ou melhorias no SLA;
  • participe ativamente do planejamento estratégico da empresa, contribuindo com cenários logísticos mais realistas e sustentáveis.

Ao assumir esse novo papel, o gestor passa a contribuir diretamente com os resultados financeiros, não apenas evitando riscos, mas também propondo caminhos logísticos mais sustentáveis e rentáveis.

3. Negociação avançada com base em inteligência

A negociação continua sendo um pilar importante da gestão de frete, mas, como todos os outros aspectos, ela evoluiu. O novo profissional precisa dominar uma abordagem técnica, baseada em dados e critérios de performance, para argumentar com consistência e conquistar melhores condições. Algumas práticas incluem:

  • apresentar benchmarks reais de mercado para mostrar desvios de preços ou condições desvantajosas;
  • levar para a mesa de negociação dados de histórico de performance dos parceiros, como taxa de entrega no prazo, custos adicionais, tempo de liberação em portos etc.;
  • customizar contratos logísticos com cláusulas baseadas em resultados, como SLA, revisão periódica de tarifas ou bonificações por metas.

Negociar com inteligência de mercado é deixar de discutir só preço e começar a discutir valor entregue

4. Integração com times multidisciplinares

O estrategista de frete é, também, um conector de áreas. Ele precisa ter capacidade de dialogar com diferentes departamentos, interpretar suas necessidades e atuar como elo entre a logística e os objetivos da empresa. Isso envolve:

  • traduzir a complexidade do transporte em dados úteis para times de finanças, supply chain, comercial ou atendimento;
  • participar de reuniões interdepartamentais, oferecendo visões logísticas fundamentadas em dados;
  • compartilhar alertas e projeções que impactem diretamente a tomada de decisão de outras áreas.

O profissional que atua de forma colaborativa e integrada amplia sua relevância na empresa e passa a ser visto como peça-chave na entrega de resultados.

5. Capacidade de agir com agilidade e foco em resultados

Por fim, o novo gestor de frete precisa ser decisivo. Em um cenário de alta volatilidade – marcado por variações cambiais, instabilidade geopolítica, greves portuárias e alterações regulatórias –, quem se apoia apenas em análises longas e estáticas perde o timing. A tomada de decisão precisa ser:

  • ágil, mas fundamentada;
  • baseada em simulações realistas e atualizações contínuas dos indicadores;
  • voltada à resolução rápida de problemas, sem perder foco na estratégia.

Essa capacidade de unir profundidade analítica e velocidade operacional diferencia os profissionais que apenas acompanham o fluxo daqueles que conduzem a operação com inteligência e visão de futuro.

Leia também:  Logística end-to-end: o que é e como aplicar na sua operação

Conclusão: Quem se adapta ao papel estratégico tem vantagem competitiva

A gestão de frete vive uma mudança de paradigma. De função operacional e reativa, passa a ser um dos pilares de estratégia logística e competitividade empresarial. 

Por isso, empresas que investem em visibilidade logística, análise preditiva e inteligência de mercado controlam melhor custos e estão mais preparadas para lidar com crises, escassez de equipamentos, aumentos de tarifas e novos desafios regulatórios.

É nesse contexto que a LogFreight, ferramenta da Logcomex, ganha destaque.

Impulsionada por IA, a plataforma fornece projeções, insights e benchmarks, assim como permite centralizar cotações, comparar propostas com base em dados de mercado, monitorar embarques e reduzir riscos operacionais.

O futuro da logística pertence a quem souber extrair valor dos recursos que tem em mãos. Transforme sua gestão de frete com inteligência de dados. Conheça as soluções da Logcomex.