Chegamos ao terceiro texto da nossa série sobre o Japão e vamos conhecer as suas relações diplomáticas e comerciais com o Brasil.
Também nos aprofundaremos nas estatísticas de alguns produtos usando a plataforma de data analytics da Logcomex.
Caso não tenha visto os textos anteriores, no primeiro apresentamos as características físicas, geográficas e históricas do país.
Leia mais em: Japão: conhecendo a geografia, demografia e sistema político
No segundo, analisamos o fluxo de pessoas e mercadorias nos principais portos e aeroportos, assim como a história e relevância dessas infraestruturas.
Leia mais em: Japão: como é sua economia e comércio internacional?
O Japão é um dos principais parceiros do Brasil na Ásia e as relações diplomáticas entre estes países foram oficializadas em 1895, com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação.
Desde 2014 os dois países mantêm Parceria Estratégica e Global, marcada pelos laços humanos, pelos fluxos bilaterais de comércio e pela coordenação em temas internacionais.
Um exemplo é o caso da reforma do Conselho de Segurança da ONU (Itamaraty).
Visitas entre os dois países acontecem quase anualmente, envolvendo ministros, presidentes e até membros da família real japonesa (Embaixada Japonesa).
Atualmente, o representante japonês no Brasil é o Senhor Embaixador Akira Yamada.
Os primeiros japoneses chegaram ao Brasil em 1908, a bordo do navio Kasato-Maru, ao passo que em 2008 foi comemorado o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.
Em 2013, o número de cidadãos japoneses no Brasil era de 56.217. Porém, se considerarmos a comunidade japonesa — isto é, descendentes de imigrantes — esse número chega a quase 2 milhões de pessoas.
Aliás, essa é a maior comunidade japonesa fora do Japão.
Já o número de cidadãos brasileiros que habitam o país asiático é de aproximadamente 180 mil pessoas em 2014 (Embaixada Japonesa).
Como vimos anteriormente, o Japão é a terceira maior economia do mundo, atrás somente de Estados Unidos e China. Por conta disso, ele também possui grande participação nas exportações e importações mundiais.
Em 2019, o Japão importou de US$721 bilhões e exportou US$705.7B, fechando o saldo comercial emUS$15,30B (World Top Exports).
A parceria comercial do Japão quanto a esse valor de importações se dá principalmente com a China (22,2%), seguido de Estados Unidos (10,96%), depois, temos:
A presença desses países do Oriente Médio entre os maiores parceiros comerciais ocorre principalmente porque o Japão é um grande importador de combustíveis.
Além disso, ele também importa considerável quantidade de máquinas e equipamentos, produtos químicos, têxteis e matéria-prima (Jetro).
No ano de 2019, o Japão exportou US$705.5B, uma queda de 4,4% em comparação com o ano anterior. Em 2020 estima-se uma queda de 15,2% a menos que em 2019, o equivalente a US$598.5B (World Top Exports).
Os principais destinos das exportações japonesas concentram-se nos países asiáticos, que recebem 57,3%, seguido dos Estados Unidos com 22,7% e 13,5% para a Europa.
Alguns valores menores foram destinados à Austrália (2,6%), América do Sul e Caribe (2,6%) e, por fim, África (1,3%).
Nas remessas japonesas, os veículos ocupam a primeira posição de produtos e renderam ao país cerca de US$148.8B, o que representa 21,1% do valor total exportado.
Esse alto valor de veículos se dá em razão das inúmeras empresas automotivas que possuem matriz no Japão, como por exemplo a Toyota, Honda, Nissan e Mitsubishi Motors.
A categoria é seguida por máquina e computadores, com US$137B (19,4%), equipamentos elétricos, com US$103.1B (14,6%) e aparelhos óticos e médicos, com US$39.1B (5,5%).
Para fechar esse top 5, temos a exportação de ferro e aço, com US$26.1B (3,7%).
No ano de 2019, o total das exportações brasileiras ao Japão foi de US$5,431B, enquanto o total das importações do Japão foi de US$4,094B (Comexstat).
Nessa relação de troca entre os dois países, o país asiático terminou com saldo positivo de US$1,347BB. Contudo, como esperado devido a pandemia da COVID-19, os números foram impactados em 2020.
No período entre janeiro e setembro deste ano, o total das Exportações do Japão para o Brasil foi de US$2.530B, 33,6% a menos do que o mesmo período do ano anterior.
Quanto às importações, também houve queda: em 2020, o valor foi de US$2.359B, 26,1% a menos, comparado com o mesmo período de 2019.
A exportação brasileira é crucial para o Japão em alguns produtos, como preparações para alimentação infantil, uma vez que o Brasil é praticamente o único parceiro comercial que exporta esse produto.
Em seguida, há outros produtos que o Brasil detém uma grande percentagem das importações do Japão, como o suco de laranja não congelado e a carne de frango em natura — em que o Brasil é responsável por 93,26% e 64,20%, respectivamente.
Apesar do Japão ser um grande exportador de veículos, muitas delas já instalaram fábricas no Brasil. Diante disso, os veículos representaram, em 2020, 4,8% das importações nipônicas.
Diferente no que diz respeito às partes e acessórios (Posição 8708), que equivalem a quase 10% do mesmo período e, de acordo com a plataforma de importação da Logcomex, grande parte dos principais importadores não são as fabricantes japonesas, mas sim empresas com matrizes na França, Itália e Alemanha.
O Japão se destaca principalmente na venda de caixas de marcha e seus acessórios, seguido de partes e acessórios para carrocerias.
Como as fábricas de automóveis se concentram em suma no estado de São Paulo, naturalmente que o Porto de Santos é a Unidade de Desembaraço em primeiro lugar, seguido de Suape e Paranaguá.