Quanto custa o frete marítimo? Fatores que influenciam no preço

Entenda o que impacta o custo do frete marítimo e saiba como calcular o valor real da sua operação com mais previsibilidade e controle.

O frete marítimo representa uma das principais variáveis de custo na logística internacional. Entender o que está por trás da composição desse valor é essencial para tomar decisões mais acertadas, negociar com mais segurança e preservar a margem de lucro em diferentes ocasiões.

Afinal, o que parece ser um simples “valor de transporte” pode incluir uma série de taxas adicionais, variações por rota, sazonalidades e cobranças específicas que nem sempre ficam evidentes no momento da negociação. 

A boa notícia é que, com visibilidade e dados corretos, é possível analisar o valor do frete marítimo com mais precisão e identificar oportunidades de economia. Neste artigo, explicamos como fazer uma leitura mais completa das propostas que chegam até você.

Fatores que impactam o valor do frete marítimo

Diferente do transporte terrestre, o frete marítimo depende de uma cadeia extensa de agentes e variáveis externas. Mesmo que a rota seja a mesma, o preço pode variar de um embarque para outro, e isso acontece por diversas razões. Reunimos algumas delas a seguir.

1. Origem, destino e tipo de rota

Rotas mais consolidadas tendem a ter maior volume de transporte e, por consequência, preços mais competitivos. Já rotas menos frequentes ou com baixa oferta de navios costumam apresentar custos maiores. O mesmo vale para portos secundários, que exigem transbordo ou conexões adicionais. 

2. Tipo de contêiner e carga

O tipo de contêiner afeta diretamente o custo: um contêiner reefer (refrigerado) tem um valor significativamente maior que o dry (seco). Da mesma forma, cargas perigosas, perecíveis ou que exigem manuseio especial sofrem acréscimos em função de exigências técnicas e documentais.

3. Peso e cubagem

E Navios têm limites operacionais tanto para peso quanto para volume. Assim, cargas leves e, também, volumosas (como algodão ou produtos infláveis) podem ocupar mais espaço no porão e gerar tarifas diferenciadas por metro cúbico, por exemplo.

4. Sazonalidade

O frete é regido pela lei da oferta e da demanda. Em períodos de alta demanda (como fim de ano ou calendário de grandes eventos internacionais), armadores ajustam os valores para aproveitar a capacidade limitada. Já em baixa temporada, há maior margem para negociação.

5. Fatores macroeconômicos

Oscilações cambiais, políticas comerciais, estabilidade geopolítica e crises em mercados globais impactam diretamente as tarifas praticadas pelos armadores e os custos logísticos das empresas. 

Por exemplo, desvalorizações cambiais podem tornar as importações mais caras, enquanto sanções internacionais ou conflitos geopolíticos alteram rotas, reduzem disponibilidade de espaço e elevam os custos com seguros e transporte. 

Além disso, inflação global e mudanças em políticas alfandegárias afetam os custos adicionais, gerando efeito cascata na precificação final do frete.

Diferença entre frete base e custos extras

Ao avaliar propostas de frete marítimo, é comum que o foco fique no valor da tarifa principal, conhecido como frete base. No entanto, esse número sozinho raramente representa o custo total da operação. 

Ter visibilidade tanto sobre frete base quanto custos extras é crucial para evitar distorções no planejamento financeiro e tomar decisões mais estratégicas.

O que é o frete base?

O frete base é o valor cobrado pelo transporte da carga do porto de origem até o porto de destino. Ele considera variáveis como rota, tipo de contêiner, armador, volume e sazonalidade. Embora seja a parte mais visível da proposta, não inclui custos operacionais, taxas portuárias ou encargos adicionais, que são quase sempre inevitáveis.

O que são os custos extras?

Os custos extras – também chamados de surcharges ou local charges – são valores complementares aplicados à operação. Eles cobrem serviços logísticos obrigatórios ou contingências específicas, como movimentação portuária (THC), combustível (BAF), segurança (ISPS), demurrage, dentre outros.

Ignorar esses custos pode gerar distorção na comparação de propostas. Um frete com tarifa base mais alta pode sair mais barato no total se os adicionais forem menores ou já estiverem embutidos na negociação.


Custos adicionais no frete marítimo: o que considerar

Custos extras, como já mencionado, têm impacto direto no orçamento logístico e, se ignorados, podem comprometer a margem da operação ou gerar surpresas no fechamento da importação. A seguir, veja os principais.

THC (Terminal Handling Charge)

É a taxa de movimentação portuária cobrada para carregar e descarregar o contêiner no terminal. Ela pode ser aplicada tanto na origem quanto no destino, e o valor varia conforme o porto, o tipo de carga e o armador.

BAF (Bunker Adjustment Factor)

Refere-se à variação no custo do combustível marítimo. Como o preço oscila globalmente, os armadores repassam essa flutuação aos clientes por meio dessa taxa, que costuma ser reajustada periodicamente.

CAF (Currency Adjustment Factor)

É um ajuste relacionado à instabilidade cambial. Em operações que envolvem moedas com alta volatilidade (como o real frente ao dólar), essa taxa busca equilibrar riscos de desvalorização no período entre cotação e pagamento.

ISPS (International Ship and Port Facility Security)

Taxa cobrada para cobrir os custos das medidas de segurança exigidas nos portos e navios que foi imposta após o estabelecimento do ISPS Code, um conjunto de normas internacionais criado pela IMO (Organização Marítima Internacional) após os atentados de 11 de setembro.

Taxas de canal

Aplicadas em rotas que passam por zonas estratégicas, como o Canal do Panamá ou o Canal de Suez. Essas passagens envolvem custos logísticos específicos que são repassados ao embarcador.

Demurrage

É a penalidade cobrada quando o importador ultrapassa o prazo acordado com o armador para devolução do contêiner vazio. Os valores podem ser diários e aumentam conforme o tempo de atraso.

Detention

Semelhante à demurrage, mas aplicada ao período em que o contêiner fica fora do terminal sob responsabilidade do importador (por exemplo, no centro de distribuição) além do tempo contratado.

Overweight surcharge

É uma sobretaxa aplicada a cargas que excedem o peso máximo permitido por contêiner ou pela legislação local de transporte terrestre.

Leia tambémDemurrage: como evitar custos extras e prejuízos logísticos

Como calcular melhor o custo do frete marítimo

Para evitar distorções e ganhar previsibilidade na gestão logística, é importante adotar práticas de avaliação com base em dados confiáveis. Veja alguns passos para calcular o custo do frete marítimo com mais precisão:

1. Analise o histórico, mas com cautela

Consultar registros de fretes anteriores ajuda a identificar tendências, mas não é suficiente. O cenário global muda constantemente e, sem uma análise em tempo real, a comparação pode ser enganosa

2. Use benchmarks de mercado

Ferramentas especializadas oferecem comparativos por rota, tipo de carga e sazonalidade, permitindo ao importador entender se o preço recebido está dentro da média ou fora do esperado.

3. Considere os custos totais, não apenas o frete

Uma negociação vantajosa de frete pode se tornar desvantajosa se gerar altos custos com demurrage, atrasos ou falhas no planejamento portuário. A visão precisa ser integrada.

4. Simule cenários

Apoie-se em dados preditivos para simular diferentes rotas, armadores e janelas de embarque. Isso permite negociar com mais argumentos e tomar decisões estratégicas com antecedência.

5. Use tecnologia a seu favor

O uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) tem se consolidado como uma ação essencial para gestores logísticos que desejam tomar decisões com mais agilidade e precisão. Plataformas especializadas viabilizam:

  • monitoramento em tempo real de tarifas por rota, tipo de contêiner e período;
  • comparação automatizada entre propostas de diferentes armadores ou agentes;
  • simulação de cenários futuros, considerando flutuações cambiais, variações sazonais e disponibilidade portuária;
  • geração de alertas sobre alterações de taxas ou inclusão de novos custos extras;
  • cruzamento de dados históricos e de mercado para identificar oportunidades.

Com isso, o gestor passa a contar com uma visão preditiva, atualizada e orientada por dados concretos, o que amplia sua capacidade de negociação e fortalece o controle sobre os custos logísticos.

Esse tipo de tecnologia também contribui para maior transparência nas decisões, facilita auditorias internas e ajuda na construção de políticas logísticas mais sustentáveis e rentáveis.

Leia tambémNegociar frete com dados: como reduzir riscos e aumentar sua margem de lucro

Conclusão: previsibilidade é a chave para negociar melhor

Entender quanto custa o frete marítimo exige mais do que conhecer a tarifa base. O valor total de uma operação logística internacional está sujeito a dezenas de variáveis, muitas delas externas e flutuantes. 

Por isso, importadores que tomam decisões com base em dados de mercado atualizados ganham vantagem competitiva.

Além de garantir mais controle sobre os custos, essa visão estratégica permite evitar surpresas operacionais, negociar com mais confiança e alinhar o planejamento logístico com os objetivos financeiros da empresa.

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