O cenário global do transporte enfrenta novos desafios. Desde o final de 2023, com os eventos resultantes da guerra Israel-Hamas, houveram impactos diretos no frete internacional (especialmente no marítimo).
Os custos do frete marítimo na rota China-Brasil estão subindo e os atrasos se tornaram frequentes. As datas de chegada no Brasil sofreram alterações significativas, causando transtornos para importadores e consumidores. A alta pode ser atribuída a uma combinação de fatores:
- Desvios pelo Cabo da Boa Esperança;
- Demanda maior que o esperado;
- Atrasos climáticos nos portos chineses;
- Com receio de gargalos na cadeia de suprimentos durante o verão, importadores dos EUA e Europa podem estar antecipando suas compras, criando uma “pré-temporada”.
A utilização de rotas mais longas devido à situação provocou aumento da distância trafegada em até 53%, causando aumento da emissão de CO2 na atmosfera e uso adicional de combustível. Sendo que, o tempo de trânsito mínimo médio aumentou em quase 40% da Ásia para o Mediterrâneo, e em 15% para o norte da Europa. Para entendermos melhor essa situação, vamos analisar os motivos principais:
Guerra Israel-Hamas
A região do Oriente Médio há muito é marcada por conflitos históricos e, entre esses, a guerra de Israel contra o Hamas se destaca como um dos mais intrincados e de longa data. Com origens que remontam a disputas territoriais e tensões étnicas, o conflito evoluiu ao longo do tempo, apresentando desafios significativos para a busca de uma solução.
Esta guerra remonta ao século 19, quando a comunidade judaica, sobretudo a europeia, começou a idealizar um retorno ao que considerava seu território “bíblico”, perdido durante o Império Romano. As disputas territoriais se acirraram com a divisão da região entre franceses e britânicos após a 1ª Guerra, culminando na criação do Estado de Israel em 1948.
Desde então, a região testemunhou uma série de tensões, incluindo a Guerra da Independência em 1948 e os conflitos com nações vizinhas. Em 1987, o grupo político palestino Hamas surgiu. Ligado à Irmandade Muçulmana, ele não aceita a presença de judeus na região e defende a aniquilação do Estado de Israel.
De lá para cá, ocorreram várias tentativas de alcançar acordos de paz, incluindo o Acordo de Oslo em 1993. Contudo, as negociações sempre esbarram em impasses, com ambas partes reivindicando direitos sobre os territórios. Sendo Jerusalém — cidade sagrada para árabes, judeus e cristãos — a questão central nas negociações.
Intensificação recente
Em 7 de outubro de 2023, membros armados do Hamas romperam barricadas entre Gaza e Israel, atacando um festival de música e assentamentos rurais, gerando prontamente uma resposta militar israelense. Os ataques iniciaram-se simultaneamente em diversas regiões de Israel, envolvendo parapentes armados, drones e foguetes.
Um efeito ainda mais recente da guerra foram os ataques do movimento rebelde iemenita Ansar Allah (conhecido também como Houthis) aos navios comerciais na rota entre os Mares Mediterrâneo e Vermelho. Segundo o grupo, os ataques só cessarão quando a ação militar israelita na Faixa de Gaza palestina terminar.
A organização militar xiita apoiada pelo Irã impõe ainda outra condição para interromper seus ataques contra os navios com destino a Israel: que os israelitas liberem a distribuição dos alimentos e medicamentos, que segundo eles, a população presente na Faixa de Gaza palestina tanto precisa nesse momento.
Impactos dos ataques no Mar Vermelho
Apesar de estratégica para o frete internacional marítimo, esta rota tornou-se uma área de crescente instabilidade devido aos ataques dos Houthi. Tanto que as maiores empresas de transporte de contêineres, incluindo MSC, Maersk, CMA-CGM e Hapag-Lloyd, optaram por evitar o canal que conecta os Mares Mediterrâneo e Vermelho.
A decisão de evitar o Mar Vermelho — que foi motivada pela preocupação em relação à segurança não somente da tripulação como também das mercadorias — traz implicações significativas para o tempo de entrega das cargas e também encarece dramaticamente os custos do transporte até o destino.
Lembrando que o Canal de Suez, inaugurado em 1859, é a via mais rápida entre a Europa e a Ásia. Contudo, os ataques levaram as transportadoras a optarem por contornar o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul — pois, apesar disso prolongar e encarecer a viagem, é uma medida de segurança vital diante da instabilidade na região alternativa.
Impactos econômicos da guerra de Israel e Hamas
A guerra entre Israel e Palestina desencadeou uma série de eventos que reverberam no comex, sobretudo no transporte através do mar. O apoio do Houthi ao grupo Hamas intensificou os ataques a embarcações, criando um ambiente propício a interrupções nas cadeias de suprimentos globais. Entre eles:
Alta no preço do petróleo
O preço do petróleo já sofre alta — entre outras razões — devido a interrupção do tráfego dos petroleiros da britânica BP na rota. O valor do contrato do petróleo da categoria “Brent” para fevereiro, por exemplo, passou para US$ 77,95 o barril (um aumento de 1,83%). Já o preço para o tipo “WTI” subiu para US$ 72,47 o barril (encareceu cerca de 1,46%).
Gás natural mais caro
Outra fonte energética que já está sendo diretamente impactada pelos ataques dos navios comerciais pelo grupo Houthi no Mar Vermelho é o gás natural, cujos contratos de referência europeus aumentaram 5,5%, passando a ser negociados por nada menos do que US$ 38,20 o MW/h.
Apesar de o valor ainda estar abaixo do memorável recorde histórico de US$ 349,24 cobrados em agosto de 2022 (quando a crise energética atingiu seu auge no continente europeu), o valor indica uma fortíssima probabilidade de interrupção do fornecimento de energia.
Elevação nos valores dos seguros
A parte do Mar Vermelho, considerada uma das rotas mais perigosas do mundo, foi ampliada pelo Comitê Conjunto de Guerra. Com isso, aumentará o tempo que os navios nessa rota precisarão de seguro contra riscos de guerra. De fato, desde que os ataques começaram, o preço do seguro já aumentou quase 10 vezes o valor usualmente cobrado
Todos estes impactos exigem que as empresas que dependem do transporte marítimo internacional se adaptem a essa nova dinâmica para garantir a eficiência e a segurança de suas operações. Inclusive, utilizando-se de tecnologias para analisar rotas alternativas e até a identificação de novos fornecedores ou mesmo compradores internacionais.
Indústria de contêineres
O mercado de contêineres está sendo afetado pelas crises no Mar Vermelho e no Canal do Panamá, de acordo com um relatório da Alphaliner publicado no Seatrade Maritime. A frota ociosa de navios porta-contêineres atingiu seu menor nível em mais de 22 meses, com apenas 84 navios. Isso ocorre porque muitos navios estão sendo desviados para rotas alternativas, como o Cabo da Boa Esperança, devido às preocupações com a segurança no Mar Vermelho.
Aumento da demanda por navios
A demanda por navios aumentou devido aos desvios, e as novas construções estão sendo imediatamente colocadas em operação para atender à demanda. Apesar do aumento da demanda de navios no curto prazo, os analistas acreditam que o mercado ainda está caminhando para um cenário de excesso de capacidade no médio prazo. Isso porque há muita capacidade nova sendo construída e, uma vez que as rotas tradicionais pelo Mar Vermelho e Canal do Panamá sejam consideradas seguras novamente, muitos navios se tornarão redundantes.
Lucros em alta e fretes mais altos
A indústria de contêineres finalmente voltou a ter lucros após 18 meses de queda, impulsionada por desvios pelo Mar Vermelho e aumento do volume de carga. Onze empresas do setor juntas registraram lucro líquido total de US$ 5,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024, contra um prejuízo líquido de US$ 0,7 bilhão no trimestre anterior. O principal motivo do aumento dos lucros foi o aumento das tarifas de frete, em parte devido ao redirecionamento das rotas pelo sul da África para contornar o Mar Vermelho.
Volume recorde
O volume de contêineres transportados também cresceu 9,2% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, marcando o maior aumento trimestral desde a pandemia. A margem operacional média da indústria voltou a ser positiva no primeiro trimestre, impulsionada pela falta de capacidade causada pelos desvios no Mar Vermelho. A margem agregada das nove maiores empresas chegou a 11,4%. O aumento rápido e forte nas tarifas de frete nas últimas quatro semanas pegou os embarcadores de surpresa.
Aumento de tarifas sobre veículos elétricos
Estados Unidos estão planejando aumentar as taxas de importação sobre uma variedade de produtos vindos da China, abrangendo veículos elétricos, baterias, chips de computador e itens médicos. Essas novas tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto de 2024 e afetarão um total de US$ 18 bilhões em mercadorias chinesas importadas.
A taxa de importação para veículos elétricos da China será elevada para mais de 100%, um aumento quadruplicado. Já a taxa de importação para semicondutores dobrará, atingindo 50%. O propósito por trás dessas tarifas é resguardar os postos de trabalho norte-americanos da concorrência chinesa e estimular o crescimento da indústria doméstica em setores como veículos elétricos e energia solar.
Há a possibilidade de que os consumidores nos Estados Unidos tenham que desembolsar mais dinheiro por produtos como veículos elétricos, painéis solares e computadores. Além disso, empresas norte-americanas que dependem de componentes chineses talvez se vejam obrigadas a aumentar seus preços ou reduzir suas margens de lucro.
O poder de contar com a tecnologia como aliada
Diante dos recentes desafios devido aos ataques Houthi, a importância de contar com ferramentas especializadas no comércio exterior torna-se evidente. Afinal, em um cenário volátil, empresas que dependem do frete internacional marítimo necessitam de soluções que ofereçam flexibilidade e controle sobre seus embarques.
Identificação de rotas alternativas
A tecnologia para comex permite, por exemplo, a identificação de outras possibilidades de rotas. O que é crucial para contornar áreas de conflito como as afetadas pelos ataques. Permitindo, dessa forma, que as empresas mapeiem trajetos alternativos, assegurando a continuidade do transporte de mercadorias e evitando possíveis impactos negativos.
Descoberta de fornecedores e compradores alternativos
Além disso, a descoberta de novos fornecedores e compradores no exterior é outra opção proporcionada pelas ferramentas. O que é um fator crucial em situações como estas, visto que diversificar parceiros comerciais estratégicos pode ser uma medida preventiva.
Rastreamento em tempo real das mercadorias
O monitoramento em tempo real das cargas é outra vantagem. Em um contexto de conflitos, poder rastrear as mercadorias minuto a minuto oferece maior controle e proatividade na resolução de problemas. Afinal, isso permite identificar atrasos ou alterações nas rotas imediatamente, viabilizando tomadas de decisões rápidas para reduzir prejuízos.
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