A série de artigos apresentando os países volta hoje com a segunda maior economia da África (sim, na África!).
Berço de uma das primeiras civilizações, lar das esfinges, pirâmides, múmias e teorias malucas de que tudo isso é obra de alienígenas.
Terra natal de Faraós e Cleópatras (pois é, não existiu uma só), do jogador Mohamed Salah (Liverpool) e do casal Mulher-Gavião e Gavião Negro (DC Universe).
Sim, amigas e amigos, falaremos dela, com a qual realizamos a missão diplomática musical mais bem sucedida da história brasileira no final dos anos 90 (se sabe do que estou falando: você está ficando velho).
Falaremos do Egito!
O Egito encontra-se no nordeste da África, fazendo fronteira com Líbia e Sudão dentro do continente africano, e na Ásia com Israel e Faixa de Gaza, também muito próximo pelo Mar Vermelho da Jordânia e da Arábia Saudita, este mar é ligado ao mar mediterrâneo através do Canal de Suez.
Em território, trata-se do 30º maior país do mundo e 12º da África; na escala “Brasil”, ele é menor que o estado do Pará (que é o 2º maior nosso); em contrapartida, no quesito população, é a 14ª maior do mundo e 3ª africana.
A capital, Cairo, tem mais de 20 milhões de habitantes, o que confere a ela o posto de cidade mais populosa da África e do mundo árabe.
Devido ao clima árido em que predominam desertos, a população concentra-se próxima ao Rio Nilo e suas confluências/afluências, onde estão localizados os 2,8% de terra arável.
O Rio Nilo corta o país de norte a sul e é o mais extenso do mundo, em virtude do seu tamanho e por ser principal fonte de água potável numa região carente desse recurso, a importância desse rio é tamanha que seguidamente ele é motivo de conflitos geopolíticos.
Evidentemente que a posição do Egito continua sendo estratégica até hoje, especialmente em aspectos logísticos e militares.
E isso refletiu no passado em diversas invasões que o fez pertencer a impérios como Pérsico, Romano, Macedônio (do Alexandre, o Grande), Otomano, Bizantino, Árabe e Britânico.
Apesar do IDH estar no grupo “Alto” (mesmo do Brasil – 0,761) e ter um governo Semipresidencialista (o Presidente divide o poder executivo com o Primeiro Ministro), trata-se de um país na 136ª posição no Índice Global de Paz.
A má colocação é resultante das perseguições extremistas com base, em suma, em religião e política, que tiveram início principalmente na Primavera Árabe em 2010, ano em que o Egito estava na 52ª colocação nesse ranking.
*2019 – Heritage.org
Trata-se de uma grande economia, (3º maior PIB nominal africano), mas prejudicada pela bagunça e falta de liberdade (similar ao Brasil), tanto que pecam similarmente na Saúde Fiscal (Fiscal Health) e Estado de Direito (Rule of Law).
O sistema legal egípcio fornece proteção para propriedades, mas a complexa legislação imobiliária causa atrasos ao tentar estabelecer e rastrear a titularidade proprietária.
O judiciário tem histórico de independência, mas é lento principalmente pelo excesso de papel (literalmente) que ainda permeia na burocracia, comprometendo também a confiabilidade, bem como a corrupção no país está presente em todos os níveis no governo.
A baixíssima pontuação da Saúde Fiscal evidencia que o Egito até arrecada, entretanto peca em investir com eficiência devido, principalmente: à instabilidade política e burocracia ineficiente, além da própria inflação e corrupção já citadas, que também comprometem o retorno dos investimentos.
Os gastos do governo atingiram 31,7% da produção do país nos últimos três anos, e os déficits orçamentários atingiram 10,8% do PIB. A dívida pública de 92,6% do PIB não colabora na confiabilidade de investir no país.
O Egito é membro de organismos mundiais, tais como: OMC (1995), FMI (1945) e ONU (1945), além dos locais como: Liga Árabe (1945), União Africana (1963) e da Organização para Cooperação Islâmica (1969).
De acordo com a Marcopolis, as maiores empresas de Logística, Embarque e Navegação são:
Vemos nessa lista como a localização do Egito favorece para que as principais empresas sejam do ramo de portuário e navegação, a única exceção da lista é a Leader Group (que é um Agente de Cargas).
Apesar de carecer de liberdade e das demais dificuldades apresentadas, é uma país com relevante presença no comércio internacional, pois 48,3% do seu PIB é oriundo de exportações e importações de bens e serviços.
Analogamente ao Brasil, a participação seria maior se os principais produtos exportados fossem de maior valor agregado:
A Itália foi o principal destino das exportações egípcias com 6,99%. Apesar de parecer concentrado em poucos países, há outros grandes países como Espanha, Reino Unido e Índia logo atrás no ranking, resultando consequentemente em uma forte diversificação de mercado.
Não é uma Brastemp Alemanha da vida, com 87,2%, mas foi o 6º maior exportador africano em 2018. Se considerarmos também o fato dele estar tão perto da Ásia e Europa, sendo capaz de conectar por mar ambos continentes pelo Canal, demonstra ter muito potencial.
8% da navegação marítima mundial passa pelo Canal de Suez. Aliás, ressalvado o fator “pandemia”, essa porcentagem deve subir se os números de embarcações e cargas continuarem a crescer no mesmo ritmo dos últimos anos.
Quantidade de embarcações e tonelada de carga movimentada anualmente no Canal de Suez.
Encontrei esse vídeo que mostra como é atravessar o canal da perspectiva da embarcação, recomendo assistir!
Acreditava que, por Alexandria ser tão antiga, seu porto seria o principal em movimentação de carga, mas me enganei.
Em 2019, o porto Damietta está em primeiro lugar, com 7 terminais que totalizam uma área portuária de 11,8 millhões de m², conectadas por rodovia e ferrovia, seguido por Alexandria e logo atrás pelo East Port Said.
O Egito possui 15 aeroportos (Brasil possui 125) sendo o da capital Cairo o segundo mais movimentado da África, perdendo apenas para O.R Tambo, de Johannesburgo.
“A visita do Presidente brasileiro ao Cairo (dezembro 2003) elevou a novo patamar as relações bilaterais. Tratou-se da primeira visita de um Chefe de Estado ao Egito desde as viagens de D. Pedro II ao Oriente Médio em 1871 e 1876. À visita do Presidente seguiram-se diversos encontros entre Chanceleres, o mais recente dos quais foi a visita que o Chanceler Antonio de Aguiar Patriota realizou ao Cairo em 2011. A visita ao Brasil do então Presidente Mohamed Morsi (maio de 2013), por sua vez, foi a primeira visita de um Chefe de Estado egípcio ao país”. Itamaraty
Considerando que há 164 Estados na Organização Mundial de Comércio, o Egito tem uma relevante importância no destino de nossas exportações, as quais são igualmente importantes para o saldo positivo de nossa balança comercial, que encontra-se assim há mais de 10 anos.
O motivo do volume das exportações oscilarem tanto é conhecido nosso: o Agronegócio, afinal, são commodities que possuem muita variação no preço conforme a safra e o câmbio, por exemplo, o que também influencia para qual mercado está mais interessante vender.
Ainda que oscile bastante, é forte a presença brasileira nos produtos com maior participação (100% de mercado do Açúcar Bruto), no entanto, lamentavelmente, não se trata de nenhum produto de alto valor agregado, apenas bombas, compressores e centrífugas no Comextat.
E o Brasil importou do Egito em 2019:
Adubo. Muito adubo! Sério, se nossos alimentos falassem seriam fluentes em árabe.
Apesar de importarmos mais produtos de valor agregado do que exportamos ao Egito, nosso saldo é positivo devido ao volume: vendemos muito mais que compramos em virtude do Brasil ser (ainda) a 10ª maior economia do mundo e fortíssimo no agronegócio.