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Egito: qual seu papel perante o comércio exterior brasileiro?

Written by Redação Logcomex | 18.6.2020

A série de artigos apresentando os países volta hoje com a segunda maior economia da África (sim, na África!).

Berço de uma das primeiras civilizações, lar das esfinges, pirâmides, múmias e teorias malucas de que tudo isso é obra de alienígenas.

Terra natal de Faraós e Cleópatras (pois é, não existiu uma só), do jogador Mohamed Salah (Liverpool) e do casal Mulher-Gavião e Gavião Negro (DC Universe).

Sim, amigas e amigos, falaremos dela, com a qual realizamos a missão diplomática musical mais bem sucedida da história brasileira no final dos anos 90 (se sabe do que estou falando: você está ficando velho).

Falaremos do Egito!

Geografia e Demografia do Egito

  • Capital: Cairo
  • Área total: 1,001 milhões de km²
  • População: 102,33 milhões
  • Densidade: 102 hab/km²
  • IDH : 0,700 (Alto).

O Egito encontra-se no nordeste da África, fazendo fronteira com Líbia e Sudão dentro do continente africano, e na Ásia com Israel e Faixa de Gaza, também muito próximo pelo Mar Vermelho da Jordânia e da Arábia Saudita, este mar é ligado ao mar mediterrâneo através do Canal de Suez.

Em território, trata-se do 30º maior país do mundo e 12º da África; na escala “Brasil”, ele é menor que o estado do Pará (que é o 2º maior nosso); em contrapartida, no quesito população, é a 14ª maior do mundo e 3ª africana.

A capital, Cairo, tem mais de 20 milhões de habitantes, o que confere a ela o posto de cidade mais populosa da África e do mundo árabe.

Devido ao clima árido em que predominam desertos, a população concentra-se próxima ao Rio Nilo e suas confluências/afluências, onde estão localizados os 2,8% de terra arável.

O Rio Nilo corta o país de norte a sul e é o mais extenso do mundo, em virtude do seu tamanho e por ser principal fonte de água potável numa região carente desse recurso, a importância desse rio é tamanha que seguidamente ele é motivo de conflitos geopolíticos.

Evidentemente que a posição do Egito continua sendo estratégica até hoje, especialmente em aspectos logísticos e militares.

E isso refletiu no passado em diversas invasões que o fez pertencer a impérios como Pérsico, Romano, Macedônio (do Alexandre, o Grande), Otomano, Bizantino, Árabe e Britânico.

Apesar do IDH estar no grupo “Alto” (mesmo do Brasil – 0,761) e ter um governo Semipresidencialista (o Presidente divide o poder executivo com o Primeiro Ministro), trata-se de um país na 136ª posição no Índice Global de Paz.

A má colocação é resultante das perseguições extremistas com base, em suma, em religião e política, que tiveram início principalmente na Primavera Árabe em 2010, ano em que o Egito estava na 52ª colocação nesse ranking.

Dados Econômicos do Egito

  • Moeda: Libra Egípcia (Isso explica a colonização britânica) – 1BRL = 3,16EGP
  • *PIB (PPP): US$1,3 Trilhões
  • *Desemprego: 11,4%
  • *Inflação: 20,9%
  • *Dívida pública: 92,6% do PIB

*2019 – Heritage.org

Trata-se de uma grande economia, (3º maior PIB nominal africano), mas prejudicada pela bagunça e falta de liberdade (similar ao Brasil), tanto que pecam similarmente na Saúde Fiscal (Fiscal Health) e Estado de Direito (Rule of Law).

O sistema legal egípcio fornece proteção para propriedades, mas a complexa legislação imobiliária causa atrasos ao tentar estabelecer e rastrear a titularidade proprietária.

O judiciário tem histórico de independência, mas é lento principalmente pelo excesso de papel (literalmente) que ainda permeia na burocracia, comprometendo também a confiabilidade, bem como a corrupção no país está presente em todos os níveis no governo.

A baixíssima pontuação da Saúde Fiscal evidencia que o Egito até arrecada, entretanto peca em investir com eficiência devido, principalmente: à instabilidade política e burocracia ineficiente, além da própria inflação e corrupção já citadas, que também comprometem o retorno dos investimentos.

Os gastos do governo atingiram 31,7% da produção do país nos últimos três anos, e os déficits orçamentários atingiram 10,8% do PIB. A dívida pública de 92,6% do PIB não colabora na confiabilidade de investir no país.

O Egito no Comércio Internacional

O Egito é membro de organismos mundiais, tais como: OMC (1995), FMI (1945) e ONU (1945), além dos locais como: Liga Árabe (1945), União Africana (1963) e da Organização para Cooperação Islâmica (1969).

De acordo com a Marcopolis, as maiores empresas de Logística, Embarque e Navegação são:

  • The Suez Canal Container Terminal
  • National Navigation Company
  • KGL PI
  • Leader Group/Agility
  • Pyramid Navigation

Vemos nessa lista como a localização do Egito favorece para que as principais empresas sejam do ramo de portuário e navegação, a única exceção da lista é a Leader Group (que é um Agente de Cargas).

Exportações e Importações Egípcias

Apesar de carecer de liberdade e das demais dificuldades apresentadas, é uma país com relevante presença no comércio internacional, pois 48,3% do seu PIB é oriundo de exportações e importações de bens e serviços.

Analogamente ao Brasil, a participação seria maior se os principais produtos exportados fossem de maior valor agregado:

Top 10 principais produtos exportados pelo Egito em 2018

  • Mineral fuels including oil: US$7.2 billion (24.5% of total exports)
  • Plastics, plastic articles: $1.8 billion (6.1%)
  • Electrical machinery, equipment: $1.6 billion (5.3%)
  • Gems, precious metals: $1.5 billion (5%)
  • Fruits, nuts: $1.4 billion (4.8%)
  • Fertilizers: $1.4 billion (4.7%)
  • Clothing, accessories (not knit or crochet): $1.1 billion (3.6%)
  • Iron, steel: $1 billion (3.6%)
  • Vegetables: $911.4 million (3.1%)
  • Aluminum: $673.6 million (2.3%)

A Itália foi o principal destino das exportações egípcias com 6,99%. Apesar de parecer concentrado em poucos países, há outros grandes países como Espanha, Reino Unido e Índia logo atrás no ranking, resultando consequentemente em uma forte diversificação de mercado.

Não é uma Brastemp Alemanha da vida, com 87,2%, mas foi o 6º maior exportador africano em 2018. Se considerarmos também o fato dele estar tão perto da Ásia e Europa, sendo capaz de conectar por mar ambos continentes pelo Canal, demonstra ter muito potencial.

8% da navegação marítima mundial passa pelo Canal de Suez. Aliás, ressalvado o fator “pandemia”, essa porcentagem deve subir se os números de embarcações e cargas continuarem a crescer no mesmo ritmo dos últimos anos.

Quantidade de embarcações e tonelada de carga movimentada anualmente no Canal de Suez.

Encontrei esse vídeo que mostra como é atravessar o canal da perspectiva da embarcação, recomendo assistir!

Acreditava que, por Alexandria ser tão antiga, seu porto seria o principal em movimentação de carga, mas me enganei.

Em 2019, o porto Damietta está em primeiro lugar, com 7 terminais que totalizam uma área portuária de 11,8 millhões de m², conectadas por rodovia e ferrovia, seguido por Alexandria e logo atrás pelo East Port Said.

O Egito possui 15 aeroportos (Brasil possui 125) sendo o da capital Cairo o segundo mais movimentado da África, perdendo apenas para O.R Tambo, de Johannesburgo.

O Comércio Exterior do Brasil com o Egito

A visita do Presidente brasileiro ao Cairo (dezembro 2003) elevou a novo patamar as relações bilaterais. Tratou-se da primeira visita de um Chefe de Estado ao Egito desde as viagens de D. Pedro II ao Oriente Médio em 1871 e 1876. À visita do Presidente seguiram-se diversos encontros entre Chanceleres, o mais recente dos quais foi a visita que o Chanceler Antonio de Aguiar Patriota realizou ao Cairo em 2011. A visita ao Brasil do então Presidente Mohamed Morsi (maio de 2013), por sua vez, foi a primeira visita de um Chefe de Estado egípcio ao país”. Itamaraty

Comexvis

Considerando que há 164 Estados na Organização Mundial de Comércio, o Egito tem uma relevante importância no destino de nossas exportações, as quais são igualmente importantes para o saldo positivo de nossa balança comercial, que encontra-se assim há mais de 10 anos.

Gráfico do histórico anual das exportações (verde) e importações, Brasil e Egito.

O motivo do volume das exportações oscilarem tanto é conhecido nosso: o Agronegócio, afinal, são commodities que possuem muita variação no preço conforme a safra e o câmbio, por exemplo, o que também influencia para qual mercado está mais interessante vender.

Ainda que oscile bastante, é forte a presença brasileira nos produtos com maior participação (100% de mercado do Açúcar Bruto), no entanto, lamentavelmente, não se trata de nenhum produto de alto valor agregado, apenas bombas, compressores e centrífugas no Comextat.

Produtos brasileiros com maior participação no mercado do Egito, 2015 a 2018 – APEX Visão Geral dos produtos exportados para o Egito 2019 – Comexstat

E o Brasil importou do Egito em 2019:

Adubo. Muito adubo! Sério, se nossos alimentos falassem seriam fluentes em árabe.

Apesar de importarmos mais produtos de valor agregado do que exportamos ao Egito, nosso saldo é positivo devido ao volume: vendemos muito mais que compramos em virtude do Brasil ser (ainda) a 10ª maior economia do mundo e fortíssimo no agronegócio.

Visão Geral dos produtos exportados para o Egito 2019 – Comexstat