Você já se perguntou como um porto funciona? Com todos aqueles navios, contêineres, guindastes e serviços operacionais, fica difícil para quem está de fora entender como tudo é organizado.
Antes de tudo, como nós sabemos, os portos são estruturas imensas e que ocupam milhares de metros e mais metros quadrados.
E eles são responsáveis pela movimentação de mais de 80% de todo o comércio internacional, que se dá pelo transporte marítimo.
Levando sua dimensão e importância em conta, estas instalações precisam ser altamente automatizadas e ágeis.
Hoje nós vamos entender como um porto funciona por meio de seu processo em diversas etapas.
Vamos nessa?
Primeiramente, antes de entendermos quais são os processos operacionais de um porto, é importante fazer uma breve contextualização do cenário do transporte marítimo brasileiro neste ano de 2021.
Como se sabe, 2020 foi um ano marcado pela instabilidade no comércio internacional devido à crise instalada pelo novo coronavírus e, consequentemente, pelos diferentes picos da pandemia ao redor do mundo.
Ainda mais especificamente no primeiro semestre do ano passado, a paralisação da indústria mundial causou grande ruptura nas cadeias globais de valor.
Foi ao longo do ano, principalmente no último trimestre, que a logística global começou a se recompor após o baque.
Entretanto, esse período de retomada vem enfrentando muitos obstáculos.
Somada à demanda crescente por remédios e equipamentos hospitalares, a organização dos navios e contêineres ao redor do mundo está longe de conseguir estabilidade novamente.
Além disso, diversas indústrias estão passando por um período de escassez de matéria-prima.
Como se não bastasse, a indústria brasileira vem enfrentando a alta dos fretes, a inflação e o aumento do preço das commodities e dos custos internos.
Também estão ocorrendo alterações nos calendários de navios em razão de atrasos e mudanças repentinas de escala, dificultando o planejamento do transporte marítimo brasileiro.
Os setores mais afetados nesse sentido são o automobilístico — que resulta na falta de peças e de chips — e o têxtil, com aumento do preço dos insumos.
Para entender como funciona um porto deve-se olhar com cuidado para cada uma das etapas do “caminho do contêiner”.
Importante dizer que, seguindo o movimento dos portos inteligentes, essas etapas são cada vez mais automatizadas, diminuindo o recurso humano necessário e o tempo para completar o processo.
Quando implementadas nos portos, a tecnologia e a inteligência artificial diminuem os gargalos, os erros operacionais e os custos a longo prazo, além de aumentar a segurança e otimizar o tempo.
Assim que a embarcação é liberada para atracar no porto, ela é organizada junto às demais para respeitar a ordem de atracação.
Nesse momento, os planejadores de navios definem o berço de atracação a ser utilizado, que é o local no cais onde o navio poderá encostar.
É importante salientar que, durante esse processo, qualquer pessoa que não esteja ligada à operação está proibida de subir a bordo.
Chegada a sua vez, a atracação é o momento em que o navio encosta de fato no cais.
Nessa etapa é necessário o auxílio de rebocadores — para posicionar a embarcação — e de práticos, profissionais que trabalham no porto.
O prático é treinado para trabalhar no que chamamos de Zonas de Praticagem (ZP), que são os locais entre o porto e a água onde se dão as manobras de atracação e desatracação.
São eles que conhecem as regras, as condições naturais e os riscos de cada região do porto, sendo convocados para que cargas e passageiros possam se movimentar em segurança.
Terminada a etapa da atracação, as mercadorias devem ser descarregadas do navio.
Para isso, o porto utiliza portainers (STS ou Ship to Shore), um guindaste capaz de içar contêineres de 75 toneladas com o qual se faz a movimentação e transporte dos contêineres do navio para o veículo que fará sua movimentação em terra ainda dentro do porto.
Esse trabalho deve ser feito com agilidade, a fim de diminuir o máximo possível o tempo em que o navio permanece atracado, ao mesmo tempo que deve respeitar as normas de segurança dos operadores e dos equipamentos.
Normalmente, um navio de 300m de comprimento utiliza quatro portainers ao mesmo tempo, que levam cerca de um minuto para movimentar cada contêiner, dependendo de sua posição no navio.
Após o término desse processo, o navio está liberado para seguir sua viagem.
Após o descarregamento, os contêineres são acomodados no pátio do porto.
Para isso, utiliza-se um veículo portuário (em Inglês “terminal tractor”), uma carreta responsável por fazer a movimentação entre o cais e o pátio portuário.
O TT, como também é conhecido, é capaz de transportar cargas de até 40 toneladas e as posiciona nos locais previamente definidos pela equipe de planejamento.
Caso o contêiner precise ser inspecionado por um órgão específico (o MAPA, a ANVISA ou a Receita Federal, por exemplo), ele é levado para uma área destinada à inspeção antes de ser acomodado no pátio.
Após a liberação da carga por parte da Receita Federal, são analisados os documentos necessários para que a carga seja liberada do porto.
Ao término desse trâmite, o porto entrega o contêiner para o caminhão responsável por retirá-lo do terminal para o transporte terrestre até seu local de destino.
Agora que vimos um breve passo a passo de como funciona um porto, podemos conhecer um pouco os Portos do Brasil.
Nosso país possui uma extensa faixa litorânea, com mais de 7.000km de extensão e quase 100 instalações portuárias marítimas.
Quais são as principais e mais relevantes para o país?
Na primeira colocação temos o Complexo Portuário de Santos, responsável por 30% de todas as movimentações portuárias do Brasil, sendo o maior complexo do subcontinente latino-americano e único brasileiro que se encontra no Top 50 mundial.
Ele é utilizado tanto no comércio internacional como na cabotagem (o deslocamento de carga entre os estados brasileiros).
Além disso, apresenta grande diversidade em importações e exportações, abrangendo setores como indústria mecânica e de transporte, agroindústria, metalurgia, setor químico e indústria de alimentos e bebidas.
Outro porto importante é o de Paranaguá, situado no litoral paranaense e principal porto graneleiro do Brasil e da América Latina.
Destaca-se pela movimentação de produtos agrícolas, principalmente soja em grão e farelo de soja, mas suas movimentações também incluem materiais de transporte, alimentos e bebidas e cargas industriais.
Leia mais: Porto de Paranaguá: importações e exportações
Por fim, temos o Porto do Rio de Janeiro, que serve a 22 estados brasileiros e está situado na Baía de Guanabara.
Ele é conhecido por movimentar cargas de alto valor agregado, como produtos minerais e indústria mecânica, além de possuir grande destaque no setor automotivo.
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