Antes de listarmos os produtos que o Brasil importa da Rússia, é interessante saber o quadro geral das importações brasileiras do país europeu.
Sete meses após o início da guerra na Ucrânia, as importações brasileiras da Rússia aumentaram 21% entre os meses de janeiro e setembro de 2022 — em comparação com o mesmo período de 2021.
Enquanto no primeiro semestre de 2021 o Brasil comprou US$ 126,483,706,254 da Rússia, entre os meses de janeiro e junho de 2022 o valor aumentou para US$ $153,518,157,466.
O que permitiu que a Rússia subisse 8 posições no ranking de fornecedores brasileiros, ocupando atualmente o 4º lugar — perdendo apenas para China, EUA e Alemanha.
Mas, diferente do que pode parecer, o Brasil não aumentou as importações da Rússia em volume, os preços dos produtos russos é que aumentaram. Ou seja, o Brasil está pagando muito mais caro por um volume menor de mercadorias.
Agora, quais são esses produtos que o Brasil importa da Rússia? É o que vamos ver neste artigo, além de conferir os principais impactos da guerra no comércio global.
De janeiro a setembro de 2022, foram importados 94,872,161,068 kg em mercadorias da Rússia.
Neste período, um dos principais produtos que o Brasil importou da Rússia foram os insumos para fabricação de fertilizantes e adubos.
Isso porque o Brasil não é autossuficiente em fertilizantes, mas precisa deles por conta da pobreza em nutrientes do solo brasileiro, que apresenta baixa fertilidade — principalmente nas principais regiões da agricultura, onde estão as plantações de soja no cerrado, por exemplo.
Assim, ainda que tenhamos uma boa diversidade geográfica e sejamos ricos em cultivo, ainda dependemos de fertilizantes — sem os quais não conseguimos ter produtividade.
Por isso, apesar dos altos preços dos insumos russos para fertilizantes e adubos, o Brasil continua os importando da Rússia.
Outros produtos que o Brasil importa da Rússia são óleo diesel e demais óleos combustíveis — que são importados apesar da capacidade de extração do insumo aqui no Brasil, já que a relação entre a necessidade do mercado interno e a capacidade para fornecimento nacional não é igual.
Além disso, o Brasil também importa gás natural da Rússia — insumo que tem apresentado aumento nas aquisições desde 2020 por conta da crise hídrica, servindo principalmente para abastecer as termelétricas.
Aliás, neste ano, com a guerra, o valor do insumo aumentou, já que boa parte da produção dos EUA e Catar — por exemplo — foi direcionada para a Europa, substituindo parte do fornecimento russo e alterando as rotas internacionais de exportação de gás, nas quais o Brasil está incluído.
Por fim, outros produtos que o Brasil importa da Rússia são carvão mineral e turborreatores.
Sendo que as NCMs dos principais produtos que o Brasil importou da Rússia no período foram:
NCM do produto | FOB (US$) |
2710.19.21 — Gasóleo (óleo diesel) | 7,400,199,171 |
3104.20.90 — outros cloretos de potássio | 6,233,132,077 |
2709.00.10 — óleos brutos de petróleo | 4,683,511,855 |
2701.12.00 — hulha betuminosa, não aglomerada | 3,244,921,755 |
2711.11.00 — gás natural liquefeito | 3,048,706,301 |
3105.40.00 — diidrogeno-ortofosfato de amônio | 2,850,738,256 |
3102.10.10 — ureia, mesmo em solução aquosa, com teor de nitrogênio | 2,774,048,252 |
8411.91.00 — partes de turborreatores ou de turbopropulsores | 2,605,397,308 |
2710.12.41 — naftas para petroquímica | 1,920,197,616 |
8411.12.00 — turborreatores de empuxo superior a 25kn | 1,644,644,094 |
O conflito Rússia-Ucrânia afetou o comércio global em todos os níveis. Mal os efeitos da pandemia na capacidade de armazenagem e na disponibilidade de contêineres apresentaram chances de se atenuar, a guerra começou a impactar o setor, impedindo o fluxo de mercadorias, aumentando os custos e a escassez de produtos.
Na Europa, os preços do gás natural subiram cerca de 120-130% nos 7 meses desde o início da guerra, enquanto os preços do carvão subiram 95-97% durante o mesmo período.
Os preços da soja, milho e petróleo bruto – dos quais a Rússia é o principal produtor – também vêm aumentando desde o ataque.
O custo dos fertilizantes, principalmente para lavouras e ração animal, já era alto devido ao aumento da demanda durante a pandemia — e se agravou ainda mais com a guerra.
Da mesma forma, o estoque doméstico de vários produtos levou à escassez, além da crise de embarques que também contribuiu para piorar o quadro.
A Rússia e a Ucrânia são os principais fornecedores de fertilizantes e a destruição de terras e restrições comerciais devido à guerra trouxeram uma grande preocupação com a importação de fertilizantes e, por sua vez, alimentos e grãos.
Vários portos fecharam devido à guerra, levando ao aumento dos custos de transporte marítimo.
Os navios tiveram que ser redirecionados causando congestionamento e levando a atrasos nos fluxos de carga, que pioraram a condição da cadeia de suprimentos global.
Além disso, as sanções e restrições levaram a uma mudança do transporte ferroviário para o transporte marítimo na Europa, criando mais pressão e resultando em maior escassez de contêineres.
Isso levou a aumentos acentuados de preços de muitos bens essenciais, como grãos, que dispararam cerca de 60% entre fevereiro e maio de 2022.
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Os preços médios dos contêineres continuam subindo. O conflito levou a um aumento maciço nas taxas de coleta só de ida na Índia em meio à escassez de contêineres, causando grandes estragos na alta temporada de remessas.
Além disso, um fluxo de pedidos cancelados e remessas atrasadas levaram ao congestionamento portuário nos EUA.
As cargas estão sendo afastadas da costa oeste dos EUA e há um aumento de navios porta-contêineres ancorados em Savannah e Houston.
Como resultado do congestionamento nos portos dos EUA, os armadores marítimos estão cancelando embarques e travessias, levando a problemas significativos de produtividade nos portos.
Nas costas leste e do Golfo, o volume de entrega de contêineres é alto e está elevando ainda mais os preços.
O aumento de contêineres na Costa Leste está beneficiando o setor de armazéns, levando a um rápido aumento dos custos de armazenagem. Em agosto de 2022, os preços subiram cerca de 8% desde janeiro.
Porém, o volume de contêineres na China caiu. Os pedidos de fabricação estão sendo retirados, o que está resultando em uma diminuição nas reservas de contêineres e afetando as condições de congestionamento no porto.
Além disso, vários novos projetos estão sendo lançados para ajudar a fornecer algum alívio na logística internacional.
Em julho de 2022, Fuzhou, capital da Província de Fujian, leste da China, lançou seu trem de carga China-Europa de 9.900 km chamado ‘Mindu’. Espera-se que o trem leve 20 dias a menos que a rota marítima.
E a logística internacional vai precisar de mais iniciativas desse tipo para permanecer otimista nessas águas agitadas.
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Os preços crescentes do petróleo e do gás, juntamente com os riscos geopolíticos decorrentes do conflito, prejudicam as cadeias de suprimentos globais, especialmente nos setores de logística de uso intensivo de energia.
O Black Harbor, juntamente com várias outras rotas, tornou-se inoperante após a guerra, cessando o fornecimento de vários produtos e commodities, incluindo equipamentos de transporte, máquinas, eletrônicos, metais, produtos químicos, fertilizantes e produtos alimentícios.
A União Europeia também vem enfrentando dificuldades com a disponibilidade dessas fontes de energia e com a forte alta dos preços.
A UE importa uma parte significativa da energia da Rússia. Também depende da Rússia para 35% de suas importações de gás natural, cerca de 20% das importações de petróleo bruto e 40% das importações de carvão.
Além disso, o aumento dos preços do petróleo e do gás tem um efeito global paralisante.
Por isso, as empresas do mundo todo que atuam no comex precisam tomar medidas ativas para mitigar os riscos e amenizar o golpe do aumento dos preços e da escassez de energia.
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Com a guerra, muitos insumos importados da Rússia se tornaram escassos e mais caros. Por isso, estudar a possibilidade de importar de outros países é essencial para evitar uma quebra na produção e ruptura no estoque.
Nesse sentido, uma das melhores alternativas é contar com uma plataforma que traga informações completas de produtos por NCM — como a Logcomex. Com nossa plataforma, você consegue identificar de quais outros países você pode importar. Além de poder pesquisar insumos alternativos e entender:
Aliás, esses períodos de escassez de produtos podem ocorrer em diversas situações — como uma pandemia. Por exemplo, no início do surto de COVID-19, tivemos um cliente que, utilizando a plataforma da Logcomex, conseguiu contornar a escassez de carbopol (insumo utilizado na fabricação para fabricação do álcool gel) no início da pandemia, encontrando um produto alternativo: o hydroxypropyl methylcellulose.
Com isso, evitou a quebra de produção e fugiu do estoque zero, conseguindo se manter à frente da concorrência.