Dia 13 de maio é comemorado o Dia do Automóvel. Neste artigo você poderá conferir mais informações sobre a importação de veículos no Brasil e seus números nos últimos 12 meses. Vamos lá?
Cenário histórico da importação de veículos no Brasil
O ano é 1991. Após 14 longos anos as fronteiras estavam novamente abertas para a importação de veículos. Mas não de qualquer tipo. Somente os novos poderiam ser adquiridos no exterior; os usados eram (e ainda são) proibidos, com exceções.
Graças a essa abertura de mercado, hoje temos nas ruas do Brasil carros de marcas conceituadas no mercado, como Ferrari, Lamborghini, Porsche, Lexus, entre outras marcas, como as japonesas e coreanas.
No caso de carros ‘usados’, a regulamentação em vigor estabelece que ele precisa ter no mínimo 30 anos de fabricação (apenas para colecionadores ou para fins culturais). Poderíamos até discutir aqui que portaria não legisla sobre esse determinado assunto, mas hoje não é o nosso foco.
A premissa deste artigo é apresentar, em números, como funciona o cenário de importação de veículos no Brasil, bem como as estatísticas que podemos visualizar no mercado.
Como funciona a importação de veículos?
Partindo do princípio de que a classificação fiscal de veículos é na posição da NCM 8703, alguns aspectos técnicos do automotor precisam ser verificados, como a cilindrada e a capacidade de pessoas, por exemplo.
A NCM vai depender muito do veículo a ser importado (se ele é um carro popular, um caminhão, uma van etc.).
A título de exemplificação, vamos considerar um carro popular 1.0 (não superior a mil cilindradas). A NCM dele é a 8703.21.00. As alíquotas dos impostos II, IPI, PIS e COFINS são, respectivamente, 35%, 7%, 2,62% e 12,57%.
Este tipo de mercadoria, com essa classificação fiscal, requer licenciamento de importação prévio perante o IBAMA, que é o responsável por emitir a LCVM (Licença para Uso da Configuração do Veículo ou Motor).
Após a obtenção da LCVM, é necessário entrar em contato com o DENATRAN para a emissão do CAT (Certificado de Adequação à Legislação Nacional de Trânsito), para, só então, emitir a LI no SISCOMEX.
É importantíssimo ressaltar novamente que os veículos usados (bem como as partes e os acessórios destinados à manutenção ou restauração desses veículos) são proibidos de serem importados, a não ser que tenham mais de trinta anos e com finalidade de coleção ou para eventos culturais.
Importação de Veículos nos últimos 12 meses
Os números abaixo são relativos às Importações de veículos no período de 12 meses, com base na NCM 8703.
Números totais de importação
O valor impressiona. No período pesquisado o montante aproximado, em dólares (USD), se mostrou em torno de 1 bilhão, quinhentos e noventa e cinco milhões (± USD 1.595 BI).
O número de embarques registrados foi pouco mais de 46 mil, o que dá, em média, o valor de USD 33.387,06 por processo.
Em peso, esses embarques transportaram aproximadamente 128 mil toneladas, como podemos ver no destaque abaixo. Isso vai de encontro com o que o mercado oferece, uma vez que um automóvel comum pesa, em média, de 1.2 a 1.7 toneladas.
A imagem também nos mostra o valor de frete do período, que totalizou por volta de USD 36.6 milhões. Completando a tríade do INCOTERM CIF: o seguro declarado foi de aproximadamente USD 1.605 milhões para o período apurado.
Por fim, foram quase 85 mil unidades importadas a um valor médio unitário de USD 18.244,00, aproximadamente.
Modais utilizados
A maioria das Importações de veículos foi realizada através do modal marítimo, que representou cerca de 79,54% (36.940 processos).
Em segundo, até em razão das fronteiras do Mercosul, está o modal rodoviário (20,17%), com 9.366 embarques.
Muito timidamente aparece o modal aéreo com 98 embarques, o que equivale a apenas 0,21% da fatia dos modais para este tipo de operação.
Unidades de desembaraço
O Porto de Vitoria/ES é o líder em valores de embarques (quase USD 284 milhões) nas Importações de veículos no período pesquisado. Acompanhando de perto, com aproximadamente USD 265 milhões movimentados, estão a Alfandega de Uruguaiana/RS (fronteira Brasil/Argentina) e o Porto de Paranaguá. Essas três unidades de desembaraço são o Top 3 em valores FOB.
O Porto do Rio de Janeiro (± USD 204 milhões) e o de Santos/SP (± USD 185 milhões) também aparecem aí, ainda que a alguma distância do primeiro colocado.
Principais players
As montadoras Toyota e Volkswagen lideram as Importações de veículos por valor FOB, como mostra a imagem abaixo.
Seguindo no Top 4 estão as empresas Comexport e Cisa, com valores até bastante consideráveis se partirmos do pressuposto que elas não são montadoras, mas apenas comerciais importadoras/tradings.
Como exportadoras não poderia ser diferente. Até existe uma intercalação entre as montadoras internacionais, mas utilizando como referência o mês de março de 2021 e os valores também mensais, Toyota e Volkswagen dominam, com Volvo e a FCA (do Grupo da FIAT) aparecendo em terceiro e quarto, respectivamente.
Gráfico de tendência, pico de importações e breve análise
O gráfico abaixo mostra que, após uma queda em dezembro/2020 (muito parecida como a que ocorreu em junho do mesmo ano), as importações cresceram a níveis acima do pico (que foi em setembro de 2020).
O crescimento, que vem desde janeiro de 2021, acompanha o reaquecimento do mercado, que está otimista com a aprovação e aplicação das vacinas contra a Covid-19.
É válido notar que o mercado de carros usados está mais forte do que nunca, uma vez que não há material suficiente para construir novos carros nas fábricas nacionais.
A saída então é vender carros usados, além dos importados que chegam no mercado com certa força – a despeito dos preços por conta da eterna alta do dólar estadunidense.
Também com a saída da Ford (e suas marcas correlatas) do mercado nacional, existe uma tendência de que esses números se mantenham estáveis por alguns meses, até mesmo para saber como o mercado se comportará com o êxodo da montadora norte-americana.