Em um cenário internacional marcado profundamente pela turbulência, o setor portuário enfrentou desafios imprevistos no início de 2023, impulsionados pelo desenvolvimento de conflitos globais. Entretanto, apesar disso, o Brasil surpreendeu em determinada região com um aumento na movimentação de mercadorias.
Aliás, as mudanças continuam a moldar a área portuária, exigindo adaptação constante. Privatizações, atualizações legislativas e reflexos tributários, como a Lei nº 12.815/2013, impactam diretamente o setor. Assim, inovação, integração tecnológica e sustentabilidade se tornam vitais para a resiliência e o crescimento.
Panorama atual do setor portuário
Apesar do início pra lá de desafiador no cenário internacional — principalmente com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia e, somados a esse conflito, toda uma série de medidas protetivas e restritivas aplicadas em praticamente toda a Europa, o ano começou sem dúvida muito diferente do esperado e em marcha lenta.
Ainda assim, surpreendentemente, o setor portuário recuperou o fôlego e no Brasil, mesmo que fora da expectativa inicial, o sul do país foi representativo na movimentação de mercadorias, que além de se manter, foi além: registrou aumento de 1,2% de movimentações em relação ao ano passado, conforme dados da ANTAQ.
E isso mesmo com as várias surpresas que o ano reservou para o segmento. Inclusive, uma delas é o conflito entre Israel e Palestina na Faixa de Gaza, que dificultou ainda mais a movimentação de cargas marítimas pelo mundo. Aqui no Brasil, a expectativa foi de privatização de um dos maiores portos da américa latina, o de Santos.
Desafios do setor portuário
O setor portuário é sem dúvida nenhuma a verdadeira vanguarda do comércio internacional, principalmente por conta do volume movimentado. E não seria para menos, afinal cerca de 90% do transporte mundial é realizado utilizando esse modal. Assim, a cada ano se consolida pela performance positiva.
Não só de performance vive o segmento marítimo. É preciso também a constante renovação, a busca por diferenciais que motivem as companhias da cadeia logística a investir e desenvolver seus negócios. Já em âmbito nacional, visto nossa extensão continental, cerca de 60% das cargas transportadas são por esse modal.
Acessibilidade
Inovação é vital para qualquer segmento, inclusive o portuário. Aliás, o transporte de cargas possui algo que muitos setores almejam: a intermodalidade. Ainda que os modais de certa forma concorram, são integráveis e várias iniciativas (como as startups) buscam viabilizar integrações que atendam diferentes cargas, rotas e clientes, mesmo com déficits da infraestrutura portuária e a escassez de fornecedores.
Mudanças políticas e econômicas
O cenário do setor portuário é complexo e as mudanças políticas e econômicas desencadeiam desafios bem específicos. Assim, as transformações nas políticas governamentais podem redefinir as bases regulatórias e comerciais, que impactam diretamente a logística portuária. Já as flutuações econômicas moldam a demanda, afetam investimentos e desafiam a estabilidade operacional do setor.
Ademais, graças às constantes mutações, os portos enfrentam a imperatividade de se adaptar com agilidade, investir em tecnologias inovadoras e fortalecer colaborações estratégicas. Enfim, a habilidade de navegar pelas águas turbulentas das mudanças políticas e econômicas torna-se fundamental para sustentar a resiliência e o crescimento sustentável do setor portuário como um todo.
Tributação
A nova lei dos portos, de nº 12.815/2013, em suas diversas atualizações têm trazido, por exemplo, a isenção de declaração das capatazias na Declaração de Importação. Essa medida resulta em reflexo tributário, facilidades e desonerações significativas aos importadores e agentes que fazem parte da cadeia logística como um todo.
Não que isso substitua a necessidade de uma reforma tributária. Contudo, é um gesto que demonstra ao mercado que o governo federal sabe da importância do setor e das ações necessárias para otimizá-lo, soando positiva sem provocar retração dos investidores. Nesse sentido são esperadas mais ações endossadoras.
Tendências e projeções para o setor portuário
Especialistas entendem que haja uma enxurrada de startups e shiptechs ou logtechs com backup de grandes companhias, como por exemplo a Cubo (Itaú). Nesse sentido, a ideia é justamente proporcionar integrações entre soluções e expectativas, que resultem em benefícios tangíveis e inegáveis ao cliente final, tais como:
- gestão de filas inteligentes
- segurança cibernética
- mobilidade autônoma
- mobilidade urbana integrada.
Análise preditiva
Sem dúvida, a análise preditiva é uma das principais tendências do setor. Principalmente devido à sua inegável eficiência na gestão de dados. Afinal, a coleta e análise de dados ocorridas na análise preditiva ajudam não apenas na previsão de demanda, como na otimização de operações e na tomada de decisões informadas.
Blockchain
Uma integração mais eficiente do que o antigo EDI (Electronic Data Interchange), o blockchain, garante satisfação dos stakeholders que são também os operadores da cadeia logística. Entre eles podemos destacar a autoridade portuária, terminais, rebocadores, companhias marítimas, praticagem e agentes de carga.
Inteligência Artificial
A tecnologia proporcionada pela Inteligência Artificial (IA) revoluciona não só a forma como as informações navegam em seu fluxo, mas possibilita a resolução de problemas e gargalos. Por isso, é uma tendência da área portuária, por sua importância, eficiência, segurança e agilidade que proporciona às operações.
A IA otimiza não apenas o planejamento como também a gestão eficiente das operações, por meio de algoritmos que analisam dados históricos e em tempo real, e apresentam as melhores soluções para cada situação. Além da automatização de processos, promovendo redução de custos, erros e demais prejuízos.
A Inteligência Artificial promove ainda o aumento da segurança, com prevenção de riscos, assim como a transparência, pois rastreia informações de cargas através de recursos avançados e blockchain. Isso facilita o controle aduaneiro, agiliza a fiscalização, aumenta a segurança, otimiza processos e reduz burocracias.
Internet das Coisas
A Internet das Coisas (IoT) é extremamente versátil, podendo ser aplicada a qualquer e todos os setores de transporte e causar revoluções. Pode, por exemplo, impactar positivamente na eficiência energética e ambiental, utilizando sensores que medem o consumo de energia, a emissão de gases poluentes e o nível de ruído.
Pode ainda ampliar a visibilidade e a integração das operações a partir de sensores que fornecem informações em tempo real sobre equipamentos, cargas e veículos, diminuindo o tempo de fluxo de comunicação. Ainda engaja e fideliza o cliente, pois pode monitorar em tempo real e gerar insights para melhorias constantes.
Automação, integração e digitalização
Diferentemente do que muitos acreditam, a tecnologia veio para auxiliar e otimizar a forma como realizamos as operações nos portos e terminais portuários. É menos como se fosse uma ameaça, e mais como uma disrupção da mentalidade, ampliando as possibilidades e facilitando as operações com segurança.
Descarbonização e demais ações ESG
Agora que a consciência da necessidade de preservação do planeta se tornou palpável, que a reputação se tornou monetizável, as companhias estão cada vez mais preocupadas em fazer gestos em prol do planeta, do futuro. Afinal, a sociedade, pressionando por ações imediatas, não tem como não funcionar, certo?
Nesse sentido, iniciativas relacionadas à redução dos impactos ambientais causados pelo setor, além de ações com foco em sustentabilidade e energias renováveis são grandes tendências que transformarão a atividade portuária. Lembrando que o ESG vai além, englobando o meio ambiente, o social e a governança.
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