Como o despacho aduaneiro vai mudar para 2022

Expectativas de mudanças no despacho aduaneiro para 2022

O ano de 2022 chega com uma mistura de expectativas e dúvidas para toda a cadeia envolvida no comércio exterior. Com a aceleração da imunização contra o coronavírus se concretizando no ano anterior, países e empresas esperam por um ano de mais equilíbrio, e, claro, o despacho aduaneiro carrega uma grande responsabilidade para a cadeia.

Mas o comércio exterior, mesmo com o cenário desfavorável dos últimos anos, seguiu se movimentando e trazendo mudanças importantes em sua estrutura. Para não parar totalmente, a tecnologia passou a exercer o papel principal das negociações internacionais. Assim, quem não se adaptar às inovações pode ficar para trás nos negócios.

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“A tecnologia como farol para o futuro do comércio exterior” foi o tema central da Logcomex Summit, evento online ocorrido em outubro de 2021. Entre as mais de 12h de programação, a palestra do CEO do Grupo Nelson Heusi, Marcos Heusi, abordou como o despachante aduaneiro tem assumido cada vez mais a função de protagonista nas transações comerciais.

Você pode conferir a palestra de Heusi na íntegra abaixo ou acompanhar o texto, que levanta os pontos mais importantes abordados na conversa.


Os assuntos abordados que você vai ler aqui são:

Novo processo de importação: como vai afetar

O novo processo de importação está há alguns anos em processo de criação. Gradativamente, ele vai se tornando uma realidade facilitadora para os importadores, exportadores e despachantes aduaneiros do Brasil. Nos últimos anos, as mudanças começaram a acelerar, e o Portal Único Siscomex chega para concentrar as informações necessárias para a importação em um mesmo lugar.

Com os dados centralizados e padronizados com o catálogo de produtos da Duimp, os processos se tornam muito mais ágeis para o despachante aduaneiro. Há quase 90 anos no mercado, com grande parte de atuação no despacho aduaneiro, o Grupo Nelson Heusi já começa a perceber o impacto da tecnologia nos negócios.

“Cada vez que você tem um aprimoramento no negócio e no formato da operação, você traz mais celeridade ao negócio”, explica o CEO Marcos Heusi. “O objetivo da receita e demais órgãos anuentes não é trazer a demora para o processo, e sim facilitar o processo, desde que eles entendam que o processo está correto e é seguro”, conta.

Assim, toda a burocracia traz um processo mais ágil, que vai estar do lado do despachante aduaneiro para melhorar as suas operações. “Alguns acham que é uma simplificação que vem fazer com que o trabalho do despachante seja diminuído. Na verdade não é isso. Isso faz com que o despachante que tem o conhecimento do processo possa entregar mais celeridade ao cliente ao prepará-lo para essas mudanças”, afirma Heusi.

“Na exportação a gente já percebeu essa melhora do processo, e é o que a gente acredita que vá acontecer também  na importação.”

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Inovação no despacho aduaneiro

O despachante aduaneiro é um profissional que está envolvido em diversas áreas e, por isso, precisa de um conhecimento amplo de todo o processo de logística e de negócios. É ele o elo central que faz a conexão entre toda a cadeia do comércio exterior. Muitas vezes, o trabalho acaba sendo “braçal”, compilando informações em sistemas diferentes e sem padrão.

Agora, a tendência é que o despachante possa absorver essas facilidades para que a liberação aduaneira não seja um entrave, mas um facilitador das operações do comércio exterior. “Internamente também a gente percebe o mercado de despachante aduaneiro buscando melhorias para apresentar soluções para os clientes. Muitas empresas investem bastante em tecnologia, e aí nós estamos falando em automação”, conta Heusi.

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Para ele, a mentalidade precisa mudar, e os despachantes aduaneiros devem deixar de lado as enormes planilhas de Excel para abraçar a tecnologia.

“Nós ainda entendemos que a atividade [do despachante aduaneiro] é muito intensiva em mão de obra. Ela precisa ser melhorada não só do ponto de vista individual, mas é importante que empresas que venham a desenvolver sistemas de mercado, para que possa agilizar o dia a dia da operação, do processo do despachante aduaneiro e, consequentemente, a cadeia como um todo estará trabalhando de forma mais fluída”, explica o CEO da Nelson Heusi.

Como a tecnologia vai impactar

O avanço da tecnologia e as novidades do novo processo de importação que está sendo implementado no Brasil promete trazer resultados bastante animadores para o setor nos próximos anos. Com muito mais agilidade nas operações, a expectativa é que o Portal Único Siscomex reduza em cerca de 40% o tempo médio das transações internacionais com a conclusão das mudanças do sistema.

Processos mais rápidos, consequentemente, trazem impactos positivos no bolso de toda a cadeia envolvida no comércio exterior. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas prevê um aumento de 23,8 bilhões de dólares no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2030.

Mais transparência no despacho aduaneiro

Entre todas as melhorias buscadas pelas mudanças e novidades do processo de importação, uma delas é a busca por maior transparência nas operações. Sendo assim, o despacho aduaneiro recebe reflexos claros de como isso poderá beneficiar os processos e, consequentemente, toda a cadeia de importação.

“A cadeia toda procura transparência”, afirma Marcos Heusi. “A Receita Federal, com o advento e a implementação da Duimp, o que ela está procurando é transparência. Com o catálogo de produtos, onde você apresenta antes para a receita quais são as suas intenções de importação, ali você está dando transparência ao negócio.”

Como resultado de uma operação mais transparente, o CEO do Grupo Nelson Heusi destaca a tendência dos processos ficarem mais ágeis para todos os envolvidos na importação. “A ideia no decorrer de toda cadeia, ao trazer essa informação e transparência a todos que compõem a cadeia, você passa a dar mais celeridade ao negócio”, afirma Heusi.

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Papel do despacho aduaneiro na falta de contêineres e escassez de materiais

Desde o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020, o cenário do comércio exterior global sofreu bastante impacto e tem apresentado algumas dificuldades contínuas. Uma delas são os problemas de logística, que têm resultado em valores mais altos para o frete, falta de contêineres, atrasos no embarque e entraves com infraestrutura e suprimentos.

Assim, todas as empresas que têm algum envolvimento com transações internacionais estão sofrendo os impactos gerados pelos problemas. “A partir do princípio que você não tem previsibilidade do embarque e posteriormente da chegada do navio, você tem que trabalhar com o que você tem na mão, onde é possível melhorar”, conta Marcos Heusi.

Vendo o cenário, o despacho aduaneiro se torna fundamental para diminuir o tempo perdido na importação. “Um navio que levava 45 dias agora demora 50, 60 dias para chegar. A partir do momento que ele chega, eu tenho que ser ainda mais rápido para tentar compensar, não todos esses dias, mas ao máximo esse delay na cadeia de operação”, ele continua.

Por causa de todo o contexto atual de problemas na logística marinha, há também o crescimento no volume de processos de liberação aduaneira para importação aérea, alternativa muito mais cara.

“A cadeia global de suprimentos está muito bagunçada”, conta Heusi. “Clientes que tentam trabalhar com estoque reduzido, nesse momento, estão sofrendo muito. Consequentemente, para não parar a linha, eles têm se utilizado muito dos embarques aéreos”, completa.

Dicas para inovar no despacho aduaneiro

Durante o Logcomex Summit, Marcos Heusi ainda deu algumas dicas para que despachantes aduaneiros não percam a oportunidade de seguir os movimentos de inovação e tecnologia do setor.

Menos reatividade, mais proatividade

Para ele, um dos segredos é ser proativo no processo. “Trabalhe antecipadamente para apresentar a informação à Receita Federal para que eles possam fazer a análise de risco e entender o quão arriscado é aquela operação ou se existe ou não a necessidade de vistoria daquela carga, para que posteriormente você tenha mais certeza de que a sua operação será fluída”, sugere o CEO do Grupo Nelson Heusi.

Reinvenção e aprimoramento

Sempre que a tecnologia começa a fazer parte da rotina de uma profissão, surge a dúvida se as ferramentas substituirão o trabalho humano. Para Heusi, não há essa possibilidade caso o despachante esteja atualizado e alinhado com o mercado. “O despachante está aí, ele vai continuar aí”, afirma.

“Ele tem que se aprimorar, com certeza absoluta, ele tem que chegar num nível de trazer formas diferentes de trabalho e melhorar a operação do cliente no ponto de vista de compliance, de custo, de aplicação de uma legislação. É uma reinvenção”, explica.

Como a Logcomex ajuda o despachante aduaneiro

Além das dicas citadas acima, outro ponto abordado por Marcos Heusi durante sua palestra foi o uso de dados e inteligência de mercado para otimizar as operações de sua empresa. ‘Informação é muito importante, cada vez mais, para tomada de decisão dos nossos negócios”, ele afirma.

Por isso, Heusi aproveita os dados para tomar decisões comerciais e também estratégicas de questões operacionais do Grupo Nelson Heusi. “Para que nós pudéssemos tomar essas decisões, nós usamos muito a informação, e nós usamos muito a Logcomex, para que a gente possa ter a informação dos tipos de cliente, quais as movimentações que eles fazem, as localidades onde esses clientes, o padrão de trabalho desses clientes, para que a gente possa sim tomar decisões com base em informação concreta”, completa.

Conheça tudo sobre o despacho aduaneiro brasileiro

A Logcomex, analisando todas as informações disponíveis do setor, preparou o Panorama do Despacho Aduaneiro, trazendo as principais informações do mercado. Quer ler o material na íntegra gratuitamente? Então preencha o formulário abaixo!