Como a transformação digital está impactando o comércio exterior?

Os holofotes das empresas estão, finalmente, voltados para o Comércio Exterior. A transformação digital que o mundo vem passando chegou nos últimos anos aos negócios internacionais, com movimentos de governos e órgãos estatais de países de todo o planeta em direção à tecnologia.

Com isso, os processos de importação e exportação têm dado uma nova cara para o Comex. Essas mudanças facilitam os negócios para os mais experientes importadores, exportadores e aduaneiros, mas também vai auxiliar as negociações daqueles que estão entrando nesse mundo já com novas tecnologias implementadas.

Mesmo com todas as novidades, é preciso ter atenção e se adaptar a esses movimentos de transformação digital do Comércio Exterior. Já que governos e órgãos, como a Receita Federal, caminham nessa direção, empresas que atuam com as logísticas internacionais não podem ficar para trás.

Leia também: A importância da digitalização no Comércio Exterior

E foi justamente sobre esse tema que Leonardo Schmidt, sócio-diretor da Interfreight Logistics Brasil, conversou durante o Logcomex Summit 2021. Você pode assistir à palestra, onde Schmidt traz todo o panorama atual e mostra como as mudanças estão impactando quem atua com Comércio Exterior.

 


Neste texto, você ainda vai conferir:

O que é Comex?

No Logcomex Summit de 2021, Leonardo Schmidt resumiu o que é o Comércio Exterior. ““É o conjunto de compra e venda de bens ou serviços entre países”, afirmou, dizendo que o conceito é muito mais simples do que muitos imaginam.

Muito antes de entrar na época do ano digital, o Comércio Exterior já mexia com países que precisavam de bens e insumos vindos de outras nações, vizinhas ou não. É possível imaginar que essa troca comercial é muito mais simples hoje em dia do que no século passado.

Mesmo com toda a inovação que muitos setores apresentam, principalmente a partir do início do século XXI, o Comex caminhou mais lentamente nessa adaptação e adoção às novas tecnologias que foram surgindo. No Brasil, essa área pode ser considerada ainda muito jovem. “O mercado brasilerio se abriu de novo na década de 90”, conta Schmidt.

Até mesmo a formação acadêmica de profissionais na área ainda pode ser considerada algo novo no país. “Depois de 10 anos da reabertura do mercado que a gente voltou a ter cursos de graduação e especialização em comércio exterior”, afirma Schmidt.

Hoje, ele enxerga no mercado brasileiro uma mistura de perfis profissionais. Os mais experientes estão há muitos anos na área, e têm a vivência do Comex na carreira. Os mais novos trazem uma visão mais teórica dos negócios, justamente por terem estudado mais a fundo na faculdade.

Para o sócio-diretor da Interfreight Logistics Brasil, a tendência atual é que se combinem os dois perfis. “É cada vez mais o foco hoje em dia para evoluir no Comex”, ele conta.

Mesmo com o conceito simples sobre o que é o Comércio Exterior citado acima por Schmidt, o que está por trás de toda essa cadeia de negócios pode ser considerado, segundo ele, um “bicho de 7 cabeças”. Cada uma dessas cabeças é uma etapa das negociações internacionais:

  • Gestão aduaneira;
  • Negociação;
  • Finanças;
  • Logística internacional;
  • Contabilidade;
  • Performance;
  • Pessoas.

Segundo Schmidt, para que toda essa cadeia funcione e dê frutos para as empresas, é preciso dar prioridade ao setor e enxergar o Comércio Exterior como um negócio. A partir disso, é necessário entender cada uma das etapas citadas acima da operação de importação e adaptar a empresa para encaixar as engrenagens das negociações com empresas de outros países.

Evolução e crescimento exponencial do segmento

Como já citado acima, a evolução do Comércio Exterior brasileiro não teve muita pressa para acontecer. Depois da reabertura para o mundo comercial na década de 90, no período de duas décadas entre 1997 e 2017, pouca coisa mudou no Brasil.

Em 1997, o primeiro passo dado em direção à transformação digital foi o surgimento do software Siscomex Importação. Após isso, pouca coisa havia mudado até o ano de 2014. Foi naquele ano que surgiu o Portal Único Siscomex. A partir daí, começou o processo de aceleração de mudanças no setor.

“Em 3, 4 anos, a gente teve um crescimento muito maior que os 20 anos anteriores”, afirma Schmidt. Desde que o Portal Único foi implementado, mudanças significativas continuaram a acontecer ano após ano.

  • 2017: Implantação e conclusão do novo processo de exportação;
  • 2018: Início da implantação do novo processo de importação e da centralização do banco de dados de operações de Comex;
  • 2019: Liberação parcial dos sistemas CCT, Duimp, LPCO e PCCE
  • 2021: Avanço na liberação dos sistemas CCT, Duimp, LPCO, PCCE e CP.

Nem o caos passado pelo Comércio Exterior devido à pandemia parou os avanços na área. “De fato, mesmo no Comex, que é um setor burocrático, estamos vivendo um crescimento exponencial, e a transformação digital está impactando muito.”

Leia mais: Como a tecnologia está ajudando as negociações internacionais durante o coronavírus?

Inovações no Comércio Exterior e como a transformação digital está impactando

A previsão é que esses impactos citados por Schmidt acelerem o crescimento do setor de Comércio Exterior no Brasil. Como o país tem importantes negócios estratégicos com algumas das principais nações do mundo, caso da China, já é possível dizer que essas inovações podem gerar impacto em toda a cadeia global.

Leia mais: Importação da China: como o gigante asiático vai continuar a dominar o comércio exterior

Assim, as empresas brasileiras que atuam com Comércio Exterior podem se beneficiar desse crescimento. A agilidade que a transformação digital nos sistemas de Comex nacionais apontam também para a possibilidade de redução de tempo para concluir as negociações. Menos tempo gasto em processos burocráticos, logo, mais negócios finalizados.

Empresas que estiverem adaptadas aos sistemas digitais terão muitos benefícios em suas negociações:

  • Redução de erros;
  • Implementação de processos de automatização mais ágeis; 
  • Menores gastos; 
  • Segurança de dados; 
  • Melhor organização e controle de documentos; 
  • Aumento da produtividade;
  • Mais negócios.

Tendo essa visão ampla do negócio, é possível perceber como a digitalização do processo torna todas as etapas da cadeia mais eficientes e até lucrativas.

A importância de indicadores para o Comércio Exterior

Caso uma empresa ainda não esteja adaptada à digitalização do Comércio Exterior ou até mesmo não tenha uma equipe focada nessas negociações internacionais, alguns problemas podem surgir durante o processo. A melhor forma de convencer de convencer que o tema é uma prioridade é, segundo Schmidt, apresentar resultados. “Cabe a você entender se existe potencial de melhora, de gerar melhores resultados naquela empresa”, ele afirma.

Leia mais: Portal Único Siscomex: o que é? Quais são as mudanças?

Planejamento aduaneiro

A transformação digital do Comércio Exterior impacta em todo o processo de comercialização, do começo ao fim. Todas as áreas são impactadas, e processos como a logística e a contabilidade não ficam de fora das mudanças. No entanto, uma das principais etapas que passa por evoluções com a digitalização é o planejamento aduaneiro.

“E aí, quando a gente fala de planejamento aduaneiro, o passo zero, a primeira pergunta que você tem que responder é “o que vou importar?”. Se você não tem a descrição completa, a classificação fiscal do que você está comprando, você não sabe o que está comprando”, explica o sócio-diretor da Interfreight Logistics Brasil, Leonardo Schmidt.

Classificação fiscal

Seguindo algumas das principais novidades da transformação digital no Comércio Exterior, a classificação fiscal, apesar de ser facilitada, precisa de muita atenção. Segundo Schmidt, “se preocupar com essa classificação fiscal depois que essa carga está pronta ou embarcada te gera um prejuízo gigantesco. O risco é enorme.”

“Com a classificação você vai saber a tributação estadual, descobre quais documentos precisa para liberar a carga, se o exportador, o produto ou o importador vão precisar de algum registro”, completou.

A estruturação do processo de classificação de uma empresa que trabalha de acordo das regularidades geralmente tem quatro etapas:

  • Requisição do material (1-2 dias para requisitar)
  • Pedido de Compra (1-2 dias para aprovar a compra)
  • Fatura Comercial (30 dias para fabricação)
  • Análise de documentos e NCM (algumas horas para análise)

“Qualquer tempo que você adicionar na sua operação, você está adicionando prejuízo de alguma forma”, explica Schmidt, sobre a uma possível perda de tempo devido a irregularidades fiscais. “E aí a classificação fiscal é algo que deveria iniciar o processo”, completa.

Catálogo de produtos

Com o novo catálogo de produtos que está em fase de finalização de implantação pela Receita Federal, a atenção dos importadores também deve estar redobrada e adequada às transformações digitais do Comércio Exterior. “É aí que podem haver as mudanças que, se uma empresa não estiver adaptada, podem doer no bolso.”

Hoje, mesmo ainda no início desse sistema, a auditoria é feita de forma muito mais eficiente, o que pode facilitar que auditores fiscais encontrem irregularidades e autuem as empresas que não estão adequadas às novas normas e padrões.

“Antigamente, a receita federal focava muito a inspeção no porto, no aeroporto”, conta Schmidt, “Hoje, está caminhando cada vez mais para o canal verde, porque ela está focando no pós. Ela quer fiscalizar a sua empresa depois, é uma revisão aduaneira.”

Leia mais: DUIMP: O que é? Quais as mudanças? Como se adequar?

Como a transformação digital traz holofotes para o setor?

fazer um fechamento trazendo pontos importantes sobre o benefício e impacto da transformação em operações de importação e exportação)

Com toda a tecnologia que vem aparecendo nos processos, as empresas precisam estar atentas e se adequar às mudanças na forma de regularizar negociações com outros países. Você viu nesse texto que as previsões são otimistas, para um cenário mais dinâmico, eficiente e até lucrativo para o importador e o exportador.

Agora, as empresas vão voltar os holofotes para o departamento de Comércio Exterior. A gestão da cadeia de suprimentos será muito beneficiada, desde que as empresas que atuem dentro dessa logística internacional estejam adaptadas às tecnologias e a enxerguem como aliada dos negócios.

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