Com a globalização e necessidade de expansão de mercado, a internacionalização das empresas tem se mostrado uma opção otimista e rentável para os comerciantes brasileiros que buscam por conquista de clientes em outros países, principalmente, aqueles cuja economia é forte e consolidada, além de uma moeda mais cara. Diante desse cenário, o frete internacional se torna um ponto central a ser discutido. Mas como funciona? Como calcular? Segue com a gente!
Frete internacional, resumidamente, é o envio de uma mercadoria de um país para outro. É o valor de deslocamento pago para a transferência de um produto entre os países. Uma operação regida por um contrato internacionalmente aceito e que faz parte do processo no comex.
Sem o pagamento do frete internacional não é possível concluir o processo logístico. Afinal de contas, existem taxas que precisam ser pagas para que o deslocamento possa acontecer. Desde a saída do país-origem até a chegada no destino.
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Esses meios de transporte podem variar. Os mais comuns utilizados no frete internacional são: marítimo, aéreo, ferroviário e rodoviário.
O frete internacional funciona em uma espécie de “passo a passo”. São várias etapas para que a mercadoria saia do exportador e chegue até quem importou.
De maneira geral, a atividade começa na fábrica ou armazém de distribuição do exportador.
Após a venda da operação, vai para o transporte interno, que pode ser feito em diferentes modais.
Esse translado leva o produto até uma alfândega onde é feito o desembaraço aduaneiro.
Em seguida, o produto vai para uma zona primária, de onde embarca para o destino (seja por modal aéreo ou marítimo).
Dependendo do modal escolhido, é preciso ir para uma zona secundária (no caso de ferroviário, dutoviário ou rodoviário, que desembarcam o item direto no destino).
É nesse momento que acontece o transporte — frete internacional.
São avaliados os documentos apresentados à legislação referente ao produto que está sendo importado. O objetivo é que seja concluída a etapa a fim do desembaraço aduaneiro feito e a saída para o exterior permitida.
É um processo que passa pela Receita Federal — porém, quem realiza a atividade é o despachante aduaneiro.
Por isso, a declaração precisa ser preenchida corretamente, pois qualquer informação que não seja condizente com a mercadoria, pode acarretar multas, impostos e até mesmo o atraso na entrega.
Depois que sai da fábrica e passa pelo primeiro modal, é nesse local onde são realizadas as verificações exatas dos dados declarados pelo exportador em relação a mercadoria.
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Após o despacho aduaneiro, a carga é encaminhada para um recinto aduaneiro e, na sequência, será embarcada no último modal para o frete internacional.
A zona primária é a parte interna de portos, aeroportos, locais habilitados na fronteira terrestre e recintos da alfândega.
Já a zona secundária é, no Brasil, a parte do território não considerada primária, como águas territoriais e espaço aéreo. Além de alfândegas e inspetoria ou delegacias da Receita Federal.
Recintos alfandegários (primários ou secundários) são espaços declarados pela autoridade aduaneira, onde possa ocorrer controle aduaneiro, movimentação, armazenamento e despacho aduaneiro.
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Ao falarmos de modais, nos referimos aos meios de transporte envolvidos no processo do comex, com o objetivo de cruzar as fronteiras entre países.
Após o desembaraço aduaneiro e passagem pela zona primária ou secundária, o produto está apto para entrar no frete internacional e ir direto ao ponto de destino.
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Isso pode ser feito através dos seguintes modais:
É o deslocamento realizado por qualquer tipo de embarcação nas águas levando cargas. Possui o menor custo de frete entre todos os modais.
No comércio exterior, esse é o meio de transporte mais antigo utilizado durante o processo.
O meio de transporte que utiliza vagões interligados a uma locomotiva, que percorre sobre trilhos carregando produtos.
Utiliza de plataformas de embarque e desembarque. É o modal mais utilizado para percorrer longas distâncias e levar grandes cargas. Costuma transportar mais commodities.
Utilizado mais para transportar cargas com volume menor, perecíveis ou valiosas, que demandam rapidez e agilidade na entrega.
É o modal que executa o transporte através de aviões ao redor do mundo. É um dos mais caros.
Automóveis, caminhões e ônibus são utilizados para compor esse modal, que faz o transporte por estradas, rodovias e ruas pavimentadas ou não.
É mais utilizado no Brasil para curtas distâncias — ainda que possua o custo de frete mais alto.
Os principais produtos que usam esse tipo de modal são petróleos e derivados, etanol e gás natural. São transportados por meio de dutos por pressão ou arraste.
Os produtos são impulsionados por bombeamento ou até mesmo gravidade para chegar ao destino. Com esse modal há risco de acidente em grande escala.
Após a compra de um produto — que demanda tempo, escolha e investimento — é preciso se dedicar para outra contratação: a do frete internacional.
Essa escolha vai impactar diretamente no preço pago na operação e como ficará o preço final do produto.
Envolvido neste contexto podemos citar quatro principais tipos de frete internacional:
Leia mais: Conheça quatro tipos de frete internacional para importação
São os termos internacionais do comércio, acordados entre quem importa e exporta para garantir custo, risco no transporte internacional e responsabilidades de cada um referentes à entrega.
Ao todo, são 11 termos em quatro grupos, cada um para um tipo de situação específica (conforme veremos mais para a frente).
Esse é o transporte de cargas que utiliza duas ou mais modalidades de transportes. Por isso, no contrato é preciso estipular quais são os tipos necessários de contratação de modal.
Por exemplo: há um trajeto rodoviário até o aeroporto, onde o produto é despachado e segue via aéreo. Isso é multimodal.
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Nesse tipo existem os fretes que variam de acordo com o transporte escolhido.
Cada tipo de deslocamento poderá ter um preço, já que envolve diferentes modais, como o transporte rodoviário, marítimo, ferroviário, aeroviário, etc.
É preciso avaliar qual o melhor para a carga a ser destinada.
É o mais utilizado pelas grandes empresas, se trata de uma modalidade de entrega expressa.
Ou seja, transporte de produtos com mais rapidez, ultrapassando os prazos da entrega padrão. Possibilita a entrega em um momento específico.
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O melhor tipo de frete internacional é aquele que vai atender a sua demanda.
Para essa escolha ser feita é preciso ponderar algumas características da carga, como valor agregado e região de onde vem e para onde vai.
Assim poderão ser definidos os modais e o tipo de frete que melhor compreende essa operação, a fim de evitar problemas com a carga, atraso na entrega ou prejuízo financeiro.
Incoterms são normas criadas com objetivo de melhorar a comunicação entre os países e assim evitar problemas no decorrer das negociações no comércio exterior.
São os Incoterms que regulamentam e definem direitos e obrigações dos exportadores e importadores.
Incoterms é a sigla para o inglês International Commercial Terms, que significa Termos Internacionais de Comércio.
Resumidamente: é um conjunto de instruções e regras estabelecidas pela Câmara Internacional do Comércio (ICC), que determinam as responsabilidades sobre frete e seguro de cargas negociadas no Comércio Exterior.
Eles são alterados a cada 10 anos. Atualmente, os termos em vigor são os Incoterms 2022.
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Ao todo, são 11 Incoterms divididos em quatro grupos diferentes:
Após solicitação de cotação de modais para o frete internacional, são encaminhadas as informações com os seguintes encargos relacionados:
No Brasil há uma série de tarifas alfandegárias que devem ser recolhidas. Elas variam de acordo com o país que receberá os produtos.
Entre as mais comuns estão:
O frete internacional pode ser marítimo, aéreo ou terrestre. Após essa definição é que o cálculo deve ser feito, levando em consideração itens e particularidades de cada um deles.
Itens que impactam na taxação do frete internacional marítimo são os preços cobrados pelas transportadoras e os custos processuais de desembaraço nos portos.
É necessário fazer uma cotação de frete para cada cliente. No cálculo é preciso considerar volume de carga ou peso da mercadoria.
Ainda é preciso analisar volume, preço e especificidade do produto, já que são itens que podem gerar taxas ou sobretaxas.
Ainda é preciso atenção com as taxas de serviços adicionais que podem ser incluídos no processo.
Ao todo, o cálculo é composto pelo valor do frete por si só + combustível + taxas de alta temporada.
Nesse modal, o cálculo é feito pelo peso ou volume da carga.
Geralmente seguindo a relação estipulada pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que exige corresponder ao máximo de 6.000 cm³ de espaço ocupado da aeronave, dadas as exceções.
Quanto maior/mais pesado, mais caro é o frete. O cálculo da cubagem pode ser feito primeiramente, como base, multiplicando as medidas e dividindo pelo máximo permitido.
Seria então: comprimento x largura x altura / 6000. Com o resultado, as transportadoras exercem o próprio valor de tabela de acordo com a mercadoria.
Já para o transporte nas estradas, rodovias e ruas, o cálculo se baseia no tipo de mercadoria que será levada e o espaço que ela ocupará no veículo. Além da distância necessária a ser percorrida para que a entrega seja feita.
Na conta é preciso multiplicar comprimento, largura, altura e fator de cubagem, sendo que a referência é de 300kg para 1m³.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), estipula uma tabela de frete, porém há transportadoras que exercem a tabela particular.
Listamos abaixo os mais comuns:
Esse tipo significa que o valor será pago imediatamente após o embarque, para retirada do conhecimento de embarque.
É comumente pago no país de embarque, mas não é uma obrigatoriedade, podendo ser quitado também no destino.
Pode ser associado ao Incoterms, na condição de frete por conta do vendedor, mas é preciso ressaltar que são distintos.
Aqui é o frete a pagar, por isso pode ser quitado em qualquer lugar do mundo. O transportador é avisado pelo agente de carga sobre o recebimento do frete.
Assim, após confirmação, pode continuar com a liberação das operações de exportação. No Conhecimento de Embarque não é obrigatório constar o valor do frete que será pago.
Como o próprio nome indica, esse frete internacional é pago pelo importador com a chegada ou no momento de retirada do produto.
Em específico nesse frete, o pagamento pode ocorrer em locais diferentes do que embarque ou destino.
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